Rio Grande do Sul vê adesão ao plano fiscal 'mais perto'

Secretaria do Planejamento informa que grande parte das exigências já está sendo cumprida pelo governo gaúcho

Por Guilherme Daroit

Búrigo calcula um alívio financeiro de R$ 1,2 bilhão neste ano
Concluída a votação na Câmara do projeto de socorro aos estados em calamidade financeira, a avaliação do governo gaúcho é de que a adesão do Rio Grande do Sul ao programa está mais perto. Na opinião do secretário de Planejamento, Governança e Gestão, Carlos Búrigo, grande parte das contrapartidas exigidas pelo governo federal já está sendo cumprida, o que agilizaria a participação do Estado. A imposição da retirada de ações na Justiça, porém, não deverá ser seguida pelo Rio Grande do Sul.
"Como foi aprovado o projeto, o que vemos é que está mais fácil a nossa adesão, já que muitas das contrapartidas nós já cumprimos", declarou Búrigo nesta quinta-feira, referindo-se ao fim da votação dos destaques ao projeto na Câmara no dia anterior. O secretário foi o convidado de almoço do grupo de empresários Lide, na Capital. Pelas contas do Executivo, o alívio ao Rio Grande do Sul com a adesão seria de R$ 1,2 bilhão em 2017, R$ 3,3 bilhões em 2018, R$ 3,6 bilhões em 2019 e R$ 1,25 bilhão em 2020.
Entre as contrapartidas, uma das mais polêmicas é a entrega de ativos via federalização ou privatização - que, pela Constituição Estadual, depende de aprovação em plebiscito para poder ser realizada. Desde dezembro, quando teve êxito na primeira parte das votações do pacote de redução do setor público, a base governista vem adiando a votação do fim da exigência da consulta popular para três estatais, CEEE, CRM e Sulgás.
Segundo Búrigo, o governo já tomou a decisão de colocar o projeto em votação na Assembleia, mas ainda conversa com os deputados sobre a importância para o Executivo da retirada dos plebiscitos. "Estamos construindo o ambiente político, mas, nas próximas semanas, irá para votação", garantiu. Apesar da falta de apoio dos deputados, o tempo é um fator crucial para a apreciação do projeto. Isso porque, caso resolva chamar o plebiscito ainda para 2017, a decisão deve ser tomada até o mês que vem.
A principal discordância do Rio Grande do Sul quanto ao projeto federal recai sobre a imposição de que, para aderir, os estados tenham de desistir das ações que movem na Justiça contra a União. "Temos a ideia de que isso é inconstitucional, então vamos tentar conversar e chegar a um acordo", argumenta Búrigo.
Uma das ações é referente à compensação pelas perdas da Lei Kandir, criada em 1996 e que teria tirado dos cofres gaúchos, segundo a Fazenda, R$ 42,4 bilhões até o fim do ano passado. Por decisão do Supremo Tribunal Federal, o Congresso deve regulamentar as compensações até o fim do ano, mas Búrigo não vê potencial de recuperação dos valores por essa via. "A decisão do STF se refere, principalmente, ao futuro das compensações a partir de agora. O passado seguirá na Justiça", comenta. Aos empresários, o secretário defendeu que a gestão de José Ivo Sartori iniciou uma "travessia", de mudança de um "Estado engessado e gigante para um moderno e enxuto". Para concluir o processo, Búrigo projeta que seriam necessárias mais duas ou três gestões.

Mercado financeiro projeta estouro da meta fiscal, chegando a R$ 148 bilhões em 2017

Instituições financeiras consultadas pelo Ministério da Fazenda projetam que o déficit primário do Governo Central, formado por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, deve chegar a R$ 148,036 bilhões neste ano. A estimativa está acima da meta de déficit perseguida pelo governo, de R$ 139 bilhões. Em abril, a projeção era R$ 147,049 bilhões.
A estimativa consta na pesquisa Prisma Fiscal, elaborada pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, com base em projeções do mercado financeiro. Para 2018, a estimativa das instituições financeiras é de déficit de R$ 125,124 bilhões, contra R$ 123,606 bilhões previstos em abril. A projeção da arrecadação das receitas federais neste ano caiu de R$ 1,344 trilhão para R$ 1,341 trilhão. Para 2018, a estimativa é de R$ 1,442 trilhão, ante R$ 1,448 trilhão previstos anteriormente. Para a receita líquida do Governo Central, a estimativa para este ano é R$ 1,144 trilhão, ante R$ 1,146 trilhão previstos no mês passado.
No caso da despesa total do Governo Central, a projeção passou de R$ 1,295 trilhão para R$ 1,294 trilhão. A pesquisa apresenta também a projeção para a dívida bruta do Governo Central, que, na avaliação das instituições financeiras, deve ficar em 75,44% do PIB - a soma de todas as riquezas produzidas pelo País.