HPS tem 181 servidores aguardando aposentadoria

Funcionários já não trabalham mais, mas seguem recebendo salários

Por Isabella Sander

Reformado recentemente, hospital está com déficit de profissionais
No Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, 181 servidores que recebem seus salários e benefícios regularmente já não trabalham no estabelecimento - há, por exemplo, uma enfermeira nesta situação há sete anos. O motivo é que os trabalhadores já cumpriram seu tempo de serviço, mas ainda não receberam liberação de aposentadoria por parte da prefeitura e, por isso, se mantêm em licença-aposentadoria. Porém, como os funcionários não se aposentaram de fato, as vagas são consideradas preenchidas. O quadro funcional do HPS é composto por 1.210 servidores. O déficit representa 15% do quadro.
Em visita da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara de Vereadores ao local, a diretora técnica da instituição, Roberta Dalcin, revelou que a maior carência de profissionais é de anestesistas, radiologistas e neurocirurgiões, bem como técnicos de enfermagem e auxiliares administrativos. O déficit tem sido coberto com horas extras dos outros servidores. Durante a vistoria ao HPS, reformado recentemente, aprovados em concurso realizado no ano passado defenderam suas nomeações.
"O problema é que as horas extras têm que ser excepcionais, e não permanentes, pois o funcionário, depois de dois, três meses, fica exausto de tanto trabalhar. Um serviço não pode funcionar à base de hora extra", defende Roberta. Cerca de 65% dos técnicos de enfermagem, por exemplo, têm mais de 50 anos. "Como é que tu vais ficar exigindo hora extra de uma pessoa com essa idade? Ela vai ficar doente."
Um dos impasses envolvendo a aposentadoria dos trabalhadores é o acréscimo ou não de 40% de adicional por insalubridade. A princípio, somente servidores que ficam confinados em espaços com claro risco de contágio, como o leito de isolamento da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), ganham esse adicional. Os outros recebem 20%. "O problema é que o paciente passa por muitos funcionários até ter o diagnóstico e ser encaminhado para espaço isolado. Então, na verdade, seria justo que todos recebessem 40%", explica a diretora técnica do hospital.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esteve em reunião com a diretoria do HPS na semana passada e assegurou que analisará a questão. "Eles querem regularizar a situação, disseram que têm interesse nisso", afirma Roberta. A pasta solicitou um relatório com as carências do estabelecimento. O levantamento está sendo organizado pelos servidores. A diretora de enfermagem, Mirian Dani, aponta risco de fechamento de leitos, caso não haja reposição no quadro.

Concluída em 2016, reforma ainda tem pendências

Realizada entre 2012 e 2016, a reforma do HPS ainda tem pendências. Conforme o diretor administrativo Danilo Braun, o piso apresentou irregularidades em pouco tempo, e há problemas envolvendo os corrimãos, equipamentos de ar-condicionado que não funcionam direito e portas que já precisam de conserto. Os ajustes estão sendo feitos pela empresa licitada, sem custos extras.
A instalação das áreas administrativas na avenida José Bonifácio acabou não sendo incluída na ampliação. A proposta foi inviabilizada devido à necessidade de desocupação de seis imóveis. Somente dois foram liberados, e, dos quatro restantes, dois estão movendo ação judicial para não sair. "Neste momento, a mudança não vai acontecer, até porque não temos mais nem dinheiro para isso", admite Braun.
Em maio, será iniciada a obra de criação de uma nova UTI no hospital, com 10 leitos. A licitação já foi concluída. A empresa vitoriosa foi a Novatec Construções, e o valor dispendido será de aproximadamente R$ 5 milhões.