Chefe do Banco Central não comenta sobre meta de inflação

Goldfajn se limitou a dizer que haverá reunião do CMN em junho

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Presidente do BC afirma que política econômica mudou de direção
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, evitou falar sobre redução da meta de inflação após fazer palestra em evento do Itaú ontem, em São Paulo. Questionado pelo economista-chefe do banco, Mário Mesquita, sobre qual deveria ser a meta ideal para o Brasil e se este é o momento para alterar a meta, o dirigente se limitou a dizer que haverá uma reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho que vai avaliar o cenário e decidir sobre a meta de 2019.
"Vamos avaliar a expectativa de inflação, a situação, e o CMN vai tomar sua decisão no momento adequado", afirmou o presidente do BC.
Goldfajn disse que comentou sobre o tema em evento há cerca de dois meses e foi mal interpretado. Na ocasião, segundo ele, falou de uma meta de inflação menor no Brasil para o longo prazo, mas as manchetes dos jornais falaram que ele defendia a redução da meta para já.
Ainda na parte de perguntas e respostas do evento, Goldfajn defendeu a Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP), lançada recentemente pelo governo. O presidente do BC disse que o instrumento melhora a potência da política monetária e estimula o financiamento de longo prazo na economia.
Outra questão enviada pela plateia ao presidente do BC foi sobre a continuidade do cenário chamado por ele de "interregno benigno" na economia mundial, caracterizado por juros muitos baixos nas principais economias do planeta. O dirigente disse que este quadro prossegue, mas que o ambiente mudou um pouco, na medida em que as taxas de juros estão subindo nos Estados Unidos e devem ser elevadas em outros países desenvolvidos.
Goldfajn ressaltou o fato de a taxa de juro real estar atualmente entre 4,5% e 5,5%, o que é, na avaliação dele, um intervalo baixo para os patamares históricos. Segundo o banqueiro central, décadas atrás, a taxa de juro real brasileira era de 20%. "Melhoramos a economia, fizemos reformas, e o juro caiu de 20% para 10%", disse.
Conforme o presidente do BC, o juro real médio nos últimos anos foi de 5%, tirando o período de elevada euforia em que a taxa de juro descontada a inflação chegou a 2%. "Juro real de 4,6% é baixo considerando o nosso histórico. Só que podemos fazer mais", ressaltou. Na avaliação dele, o juro real da economia ainda está em processo de convergência e dependerá de avanços na redução da taxa estrutural. "Juros da economia dependem de eficiência, produtividade, reformas, eficiência da política fiscal e políticas econômicas", disse o presidente do BC.
 

Copom sinaliza que juros podem cair para 8,5% ao ano

A evolução da conjuntura econômica brasileira já permite uma maior intensificação do ritmo de flexibilização monetária - ou seja, um maior corte de juros. A afirmação consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, em Brasília, pelo Banco Central. Na semana passada, o juro foi cortado em 1 ponto percentual, caindo para 11,25% ao ano.
Segundo a ata, o cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus supõe, entre outras hipóteses, taxas de câmbio de R$ 3,23 e R$ 3,37 ao final de 2017 e 2018, respectivamente, e taxas de juros de 8,5% ao ano ao final dos dois anos.
Membros do comitê argumentaram, entretanto, que, dado o caráter prospectivo da condução da política monetária e a continuidade das incertezas e dos fatores de risco que ainda pairam sobre a economia, a decisão foi pela manutenção do ritmo observado na reunião - redução de 1 ponto percentual.
"O Copom ressalta que o ritmo de flexibilização monetária dependerá da extensão do ciclo pretendido e do grau de sua antecipação, que, por sua vez, dependerá da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco mencionados acima e das projeções e expectativas de inflação", diz a ata.
No parágrafo 24 do documento, os diretores do BC defendem que a aprovação e implementação de ajustes e reformas, especialmente a fiscal, "são fundamentais para a sustentabilidade da desinflação, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia". Esse cenário traria "amplos benefícios para a sociedade", cita o documento.
Com essa percepção, os membros do Copom destacaram, mais uma vez, a importância de outras reformas e investimentos em infraestrutura. Esse quadro aumentaria a produtividade da economia, traria ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios. "Esses esforços são fundamentais para a estabilização e a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira."