Bunge e M. Dias Branco arrematam terminal de trigo no porto do Rio

Único consórcio a participar do leilão conquistou o direito de operar a área por 25 anos e fazer investimento de R$ 93 mi

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Bunge tinha interesse nas instalações desde que obras desalojaram seu moinho do porto
Com um lance de R$ 1,18 milhão, o consórcio Maravilha, formado pela Bunge e pela M. Dias Branco, arrematou, na semana passada, o contrato de arrendamento, por 25 anos, do terminal de trigo no porto do Rio de Janeiro, leiloado pelo governo federal na sede da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O preço mínimo fixado no edital era R$ 1,00.
Os investimentos estimados no empreendimento, entre obras e equipamentos, são de R$ 93,1 milhões. A trading foi a única participante do leilão. De acordo com informações da Antaq, a área leiloada é de 13.453 metros quadrados. A movimentação mínima exigida no terceiro ano de contrato é de 682 mil toneladas. Esse volume deverá alcançar 918 mil toneladas no 20º ano.
O valor total do contrato é de R$ 515,8 milhões. A concessionária pagará R$ 35.699,64 por mês a título de arrendamento fixo e R$ 1,32 por tonelada de carga movimentada. Segundo fontes, a Bunge era a principal interessada em obter a área, depois que seu moinho, o Fluminense, foi desalojado das proximidades do porto para a construção do Porto Maravilha. A empresa aguardava o leilão havia pelo menos dois anos.
Em sua antiga instalação, bem próxima ao mar, o Moinho Fluminense triturava o trigo que chegava ao porto e que era transportado por meio de uma esteira rolante que passava sob o solo. Mas, por causa do projeto de revitalização da área portuária, a Bunge precisou sair do local e construiu um novo moinho em Duque de Caxias (RJ), inaugurado durante o ano passado.
Após a mudança, ficou faltando um local para armazenar o trigo e organizar seu transporte para a fábrica. Hoje, é preciso desembarcar o trigo direto nos caminhões. Isso pode causar transtorno, dependendo do horário de chegada dos navios.
Segundo fontes, o objetivo da Bunge, ao participar do leilão, era obter a área no porto para a instalação do armazém. Com isso, o transporte do trigo até o moinho poderá ser feito à noite, em horários com menos trânsito. Ele atenderá não só a seu negócio, mas também a outros moinhos instalados na região.

Processo de descentralização começará por Suape (PE), afirma o ministro

O governo federal vai começar por Suape (PE) um processo de descentralização dos portos brasileiros. A administração será entregue à Companhia Docas, segundo informou o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa, após participar do leilão do terminal de trigo no porto do Rio de Janeiro.
A descentralização desmonta um processo de concentração ocorrido no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Nos próximos dias, o governo deverá também editar um decreto revendo um regulamento antigo, de número 8.033, informou o ministro.
A revisão da norma, iniciada por pressão do setor privado, vai desburocratizar procedimentos e também abrir a possibilidade de prorrogar contratos de arrendamento em portos. Essa mudança, porém, não vai se aplicar aos contratos anteriores a 1993.
O secretário da Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Tarcísio Gomes de Freitas, disse também, na semana passada, que o governo estuda a privatização das Companhias Docas, atualmente sob a administração do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil.
"A primeira é a do Espírito Santo, essa é uma companhia interessante", afirmou Freitas, durante evento promovido pela Câmara Espanhola de Comércio, em São Paulo. Além da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), o ministério também é responsável por empresas semelhantes em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pará, entre outros Estados.
Quanto à modelagem dessa privatização, o representante do PPI avaliou que o governo ainda estuda a melhor maneira de conduzir esse processo. "Talvez seja algo semelhante à do setor elétrico", comentou Freitas.