Países com restrição total à carne não somam 2% dos embarques em 2016

Hong Kong, terceiro maior comprador, retomou importação dos produtos brasileiros ontem

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Open-air butchers work their stall in Hong Kong on March 28 2017. Brazil, the world's top beef and poultry exporter, has been rocked by investigators' accusations that 21 meat processing companies used chemicals to hide the smell of rotting meat and bribed health inspectors to pass off their products as safe. / AFP PHOTO / Jayne Russell Caption
Após o anúncio de ontem de que Hong Kong, o terceiro maior comprador de carne brasileira, atrás apenas de União Europeia (UE) e China, retomará as compras de proteína animal brasileira, o setor exportador de carne bovina pode respirar aliviado. Embora a maior parte das unidades frigoríficas investigadas na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, trabalhe com carne de frango, o setor de bovinos foi um dos mais afetados com as restrições ao produto brasileiro.
Os países que ainda mantêm o veto total às carnes brasileiras - incluindo suína e de frango -, que são 13 (Argélia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Panamá, Catar, México, Bahamas, São Vicente e Granadinas, Granada, São Cristóvão e Nevis, Marrocos, Zimbábue e Santa Lúcia), não alcançam 2% do faturamento e 2% dos embarques de carne bovina brasileira. Ou seja, mesmo que mantenham o veto, devem influenciar pouco o volume e faturamento dos embarques.
Em 2016, o Brasil exportou o equivalente a US$ 5,51 bilhões em carne bovina, com o embarque de 1,4 milhão de toneladas. Só Hong Kong absorveu 330,5 mil toneladas (23,6% do total exportado pelo Brasil), pagando por elas US$ 1,14 bilhão (20,76% do total faturado em 2016), conforme a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Os 11 mercados de menor peso para os embarques brasileiros, acima citados, compraram em 2016 apenas 24,5 mil toneladas (1,74%) de carne bovina, com desembolso de US$ 95,3 milhões (1,72% do total). México e Zimbábue não adquirem carne bovina brasileira, nem processada ou enlatada.
Há, ainda, aqueles mercados que impuseram restrições apenas aos 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca. Embora os países que vetaram essas unidades estejam em importantes blocos importadores de carne bovina brasileira, o efeito também não deve ser tão prejudicial ao setor, já que boa parte das plantas não abate bovinos. Os países que mantêm o veto aos 21 frigoríficos são Japão, África do Sul, UE, Suíça, Arábia Saudita, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Vietnã, Peru e Bahrein.

Brasil pode receber auditoria externa para recuperar confiança do mercado europeu

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, admitiu que o Brasil pode receber auditoria externa para tentar recuperar a confiança dos europeus em relação à qualidade da carne brasileira. Ele recebeu, na manhã de ontem, o comissário para saúde e segurança alimentar da União Europeia, Vytenis Andriukaitis, e sugeriu que auditores europeus venham para o País.
O ministro disse que o mercado europeu é mais exigente. São cobrados critérios mais altos de qualidade e de beneficiamento da carne. Por isso, o preço é mais alto. Segundo ele, o enviado europeu quer os detalhes de quais as plantas que tiveram problemas e qual o desvio de cada uma delas. Blairo Maggi classificou a reunião como dura: um encontro "com seus percalços". "Estão cobrando posições mais claras do Brasil", constatou.