Acionistas da Vale propõem acordo que pulveriza controle

Iniciativa busca aumentar transparência e governança da companhia

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Mineradora brasileira afirma ser mais competitiva que as australianas
A mineradora Vale anunciou ontem que acionistas reunidos na Valepar apresentaram um novo acordo que vai pulverizar o controle acionário. A proposta quer tornar a empresa uma sociedade "sem controle definido", iniciativa que busca aumentar a transparência e a governança da companhia.
Com as mudanças, os acionistas da Vale pretendem listar a empresa no Novo Mercado, o mais alto nível de governança da BM&FBovespa, em até três anos. Antes disso, a Vale passará por uma transição, com o aumento da autonomia do Conselho de Administração e a perda de poder dos atuais acionistas do bloco de controle. Isso também ajudará a limitar a força que o governo terá para interferir na companhia. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que "as reuniões prévias dos acionistas da Valepar deixarão de ser obrigatórias. E os conselheiros não serão mais eleitos pela Valepar. O Conselho ganhará poder".
O atual acordo de 20 anos da Valepar, que expira em maio, será estendido até novembro para garantir a transição. Durante o processo, os detentores de ações preferenciais classe A da Vale poderão receber 0,9342 ações ordinárias - com direito a voto - por cada ação preferencial - sem direito a voto. A conversão será voluntária e feita com preços definidos a partir da média do valor de mercado dos dois tipos de ação nos 30 pregões anteriores a 17 de fevereiro.
A Valepar será então incorporada à Vale, o que significa que os acionistas da Valepar passarão a ter ações diretamente da mineradora, deixando de ter como intermediária a holding, que controla 54% das ações ordinárias e é formada por Litel Participações (que reúne os fundos de pensão Previ, Funcef e Petros), Litela Participações, Bradespar, Mitsui & Co. e Bndespar (Bndes Participações).
 

Ibovespa sobe 1,16% e atinge maior nível desde 2011; dólar tem queda de 0,23%

As ações da mineradora Vale tiveram um pregão de fortes altas ontem e conduziram o Índice Bovespa a uma alta de 1,16%, aos 68.532 pontos. Novo pico de 2017, esse patamar é o mais alto desde 8 de abril de 2011 (68.718 pontos). Em dia de feriado nos Estados Unidos, a principal notícia do dia foi o anúncio do esperado acordo de acionistas da mineradora.
Bradespar PN, que faz parte do bloco de controle da Vale, disparou e se manteve no topo das altas do Ibovespa durante todo o dia. Ao final do dia, a lista de maiores valorizações do índice ficou com Bradespar PN ( 16,62%), Vale ON ( 6,93%) e Vale PNA ( 6,17%). Além da notícia do acordo, os papéis da Vale e do setor siderúrgico contaram com a influência do minério de ferro, que subiu 2,7% no mercado à vista chinês. Influenciadas pela Vale e pelo preço do minério, CSN ON ( 1,52%) e Gerdau PN ( 0,98%) também se destacaram. As ações da Petrobras avançaram 2,15% (ON) e 1,99% (PN), em linha com a alta dos preços do petróleo.
A segunda-feira também foi de exercício de opções sobre ações, que movimentou R$ 5,21 bilhões e inflou o volume de negócios na Bovespa para R$ 11,341 bilhões. Com o resultado de ontem, o Ibovespa tem alta de 5,97% no mês e de 13,79% no acumulado do ano.
A alta das commodities impulsionou a maioria das moedas emergentes e ajudou o real a fechar com ganhos ante o dólar mais uma vez. Ainda assim, o feriado do Dia do Presidente nos EUA manteve os volumes baixos em todos os mercados. O dólar à vista fechou em queda de 0,23%, a R$ 3,0887. O giro registrado na clearing da BM&FBovespa foi de US$ 602,89 milhões. No mercado futuro, o dólar para março fechou em queda de 0,45%, a R$ 3,0930. O volume financeiro somou US$ 5,57 bilhões.