Nacional encerra as atividades no Iguatemi

Loja do Walmart no mais antigo shopping de Porto Alegre fechou as portas definitivamente às 18h de ontem

Por Thiago Copetti

Associação supermercadista acredita que crise gaúcha e custos da operação podem ter motivado decisão
Com um cartaz simples, escrito à mão, o Walmart avisou ontem que estava encerrando suas atividades no shopping Iguatemi. O aviso afixado na porta de entrada do shopping foi o fim nostálgico de uma loja de autosserviço que já foi conceito no Rio Grande do Sul (como na tentativa de implantar um supermercado 24 horas na Capital) e marca com mais força o desmonte das operações de médio porte da multinacional no Brasil.
Em pouco mais de um ano, cerca de 15 lojas com a bandeira Nacional já deixaram de ser operadas no Rio Grande do Sul. Cinco desses pontos foram assumidos pela rede Asun e um deles pelo Center Shop. O mesmo, porém, não deve ocorrer com a unidade do Iguatemi.
Apesar de confirmar interesse no espaço deixado pela concorrente no mais antigo shopping da Capital, a rede Asun não deverá desembarcar no local. Em comunicado divulgado ontem, a administração do centro de compras informou que o espaço deverá ser readequado para abrigar novas atividades.
Para o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Logo, o fechamento da loja tem outros componentes além da estratégia da multinacional de focar em grandes hipermercados e lojas. "Manter um supermercado aberto em um shopping center, hoje, é praticamente inviável. Os custos de manutenção de um espaço em um shopping são muito elevados e os centros de compras precisam se adaptar a uma nova realidade. Na minha opinião, não existe viabilidade econômica para nenhuma rede manter uma loja no local", opina Longo. 
O outro ponto que pode ter pesado na decisão do Walmart, avalia Longo, é a crise no Rio Grande do Sul. Apesar de o número de operações ter se mantido estável nos últimos anos no Estado (cerca de 4 mil pontos de autosserviço) o faturamento e o tíquete médio de gastos por consumidor não tem sequer acompanhado a inflação. "As vendas do setor deve ter encerrado em torno de R$ 30 bilhões. Um crescimento nominal de cerca de 4% em relação a 2016. Ou seja, abaixo da inflação", explica o supermercadista.
Em comunicado à imprensa, o Walmart referenda a questão econômica como um dos fatores para o fim da unidade no Iguatemi, afirmando que a companhia "revisa constantemente seu portfólio de lojas, podendo fechar unidades que não apresentem desempenho satisfatório". A crise gaúcha também é colocada por Ortiz, da rede Asun, como o atual empecilho para prever novos investimentos no Estado e mesmo para consolidar os antigos. "Compramos cinco pontos da rede Nacional no último ano. São lugares, em geral, maravilhosamente bem localizados, mas ainda não é possível dizer que o há uma consolidação do investimento devido as dificuldades econômicas pelas quais passa o Estado. Dentro do que planejamos há um ano, 60% do trajeto foi percorrido, mas neste ano vamos segurar os investimentos."
Em janeiro de 2016 a norte-americana Walmart confirmou o fechamento de 60 lojas no Brasil. Atualmente, a multinacional conta com 102 lojas no Rio Grande do Sul, com as marcas Big, Nacional, TodoDia, Maxxi e Sam's Club.
Na nota oficial encaminhada à imprensa, o Walmart informou que foi oferecido aos funcionários transferência para outras lojas e que quem não aceitou receberá treinamento para recolocação profissional. A multinacional também ressalta que está investindo cerca de R$ 1 bilhão na transformação dos hipermercados da rede no País ao longo dos próximos três anos e que irá abrirá no Estado duas novas lojas do Hiper TodoDia ainda em 2017. A empresa ainda não divulga as cidades que devem receber os investimentos.

Inadimplência do consumidor registra alta de 3,9% em janeiro

A inadimplência do consumidor subiu 3,9% em janeiro contra dezembro, com ajuste sazonal, segundo os dados da Boa Vista SCPC. Na comparação com o mesmo mês de 2016, contudo, houve retração (4,7%), assim como no acumulado em 12 meses (1,9%).
Por regiões, a maior elevação na margem ocorreu no Centro-Oeste, com alta de 16,4%. Em sequência, apareceu o Norte (13%) e o Nordeste (9,1%). Sul e Sudeste apresentaram a mesma variação positiva, de 0,4%. A Boa Vista cita, em relatório, que espera um cenário de estabilidade na inadimplência neste ano. "Com a perspectiva de pouco crescimento da economia e da renda, juros menores e inflação controlada, espera-se uma retomada sustentável da demanda de crédito, expandindo a renda disponível das famílias", explica em relatório.
O indicador de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. Em São Paulo, passou-se a usar como referência o número de cartas de notificação enviadas aos consumidores em vez dos números de débitos ativos na base do SCPC em virtude da Lei Estadual nº 15.659/2015.

Percentual de pessoas com dívidas em atraso cai a 46%

Caiu para 46% o percentual de brasileiros que atrasaram ou deixaram de pagar alguma conta em 2016, contra 53% registrados o ano anterior, aponta pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Os compromissos que apresentaram maior quantidade de atrasos foram as contas de cartão de crédito (19%), luz (17%) e internet (13%) - que avançou quatro ponto percentual ante 2015.
Do grupo que atrasou ou deixou de honrar pagamentos nos últimos 12 meses, 65% teve incluído ou ainda está listado em algum serviço de proteção ao crédito. Em 2015, o número chegou a 68%. Entre as classes C, D e E, o percentual sobe para 69%. Do total negativado em 2016, apenas 15% conseguiu regularizar a situação, enquanto 50% segue com nome sujo. No último relatório de inadimplência do SPC Brasil e CNDL, divulgado no fim de 2016, 58,3 milhões (39%) de brasileiros adultos estavam em listas de inadimplência.
A pesquisa verificou mudança de hábitos entre 89% dos brasileiros que tiveram o nome sujo ao menos uma vez nos últimos 12 meses: 34% passaram a refletir mais antes de comprar; 30% implementaram controle de gastos; 27% passaram a comprar apenas à vista; 24% deixaram de emprestar o nome a terceiros; 23% evitaram utilizar o cartão de crédito e 11% chegaram a cancelar cartões.
A maioria dos entrevistados (77%) ouvidos pela pesquisa apresentou uma compreensão equivocada sobre o que significa estar endividado. Para 45%, estar endividado corresponde a ter dívidas em atraso. Já para 31%, a pessoa está endividada quando tem o nome em entidades de proteção ao crédito. Apenas um grupo e 21% compreende que parcelas a vencer ou empréstimos realizados torna a pessoa endividada.
A portabilidade ou possibilidade de transferir a dívida para uma instituição que ofereça melhores condições de pagamento, só foi utilizada por 10% dos entrevistados. "Apesar de pouco utilizada e conhecida, a portabilidade de crédito é uma opção válida e de grande ajuda para amenizar o pagamento da dívida de quem já se complicou com as finanças", afirmou o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.