A cultura geek invadiu um bom pedaço do que é pop, mais livre dos estereótipos e fiel ao gosto pela ficção, jogos e personagens. Há quem aposte especificamente na devoção deste público para crescer e gerar lucro

Negócios apostam em mercado para nerds


A cultura geek invadiu um bom pedaço do que é pop, mais livre dos estereótipos e fiel ao gosto pela ficção, jogos e personagens. Há quem aposte especificamente na devoção deste público para crescer e gerar lucro

Em 2013 a Lends começou a tirar de dentro de casa a cultura dos jogos de tabuleiro em Porto Alegre, realizando eventos itinerantes. Há dois anos, virou um clube, e agora dá os primeiros passos na segunda e nova sede (na rua Lopo Gonçalves, nº 327, bairro Cidade Baixa), com mais espaço e estrutura para os jogadores e sócios. Uma porta que o mundo nerd abriu para o entretenimento analógico na cidade.
Em 2013 a Lends começou a tirar de dentro de casa a cultura dos jogos de tabuleiro em Porto Alegre, realizando eventos itinerantes. Há dois anos, virou um clube, e agora dá os primeiros passos na segunda e nova sede (na rua Lopo Gonçalves, nº 327, bairro Cidade Baixa), com mais espaço e estrutura para os jogadores e sócios. Uma porta que o mundo nerd abriu para o entretenimento analógico na cidade.
"Os jogos são muito caros, há colecionadores em Porto Alegre que têm tantos jogos quanto o Wyllian. Mas ele decidiu compartilhar com as pessoas e formar o clube", conta Lucas Hossein, 22 anos, irmão e sócio de Wyllian, 24, fundador da casa e, claro, fanático pelo ramo.
"Quando eu descobri os jogos modernos eu fiquei muito impressionado e não parei mais, quis trazer isso para Porto Alegre", diz. Por jogos de tabuleiro modernos entende-se aqueles que têm uma metodologia mais elaborada, exigindo estratégia e raciocínio do participante. Diferentemente dos tradicionais em que se joga o dado e simplesmente avança casas.
"Cada jogo proporciona diferentes experiências. Interação entre pessoas, conversas, autoconhecimento", explica Lucas. A entrada custa R$ 15,00 por vez, e a assinatura mensal, que pode ser suspendida a qualquer momento, é de R$ 35,00.
Ambas modalidades têm acesso ao acervo de cerca de 300 jogos de tabuleiro. E o melhor: não é preciso saber jogar nenhum deles. E nem ficar com receio de ir sem companhia. "Temos a missão de agregar", pontua Wyllian.
O segredo do sucesso da casa, segundo ele, é a metodologia própria que criaram para ensinar aos pagantes como jogar cada exemplar. "Aqui, o cliente só se preocupa em se divertir", garante. Para isso, o treinamento de funcionários se completa em três meses, e todos os colaboradores da casa, inclusive os sócios, testam os volumes novos - que são um por semana.
O número de sócios varia de 100 a 150. Dos frequentadores, 75% são homens e 25% são mulheres. E o público que se atrai pela Lends é diverso, de famílias a adolescentes. "A média de idade aqui é de 27 anos, mas está cada vez baixando mais", especifica Wyllian. Vale lembrar, ainda, que uma das principais regras da casa é a proibição de apostas.
Associados também podem levar os jogos próprios para testar com outras pessoas. Os sócios entendem que o negócio age na criação de uma cultura do jogo de tabuleiro na Capital e arredores. A sede atual, que ainda está em fase de finalização, se pretende como uma loja modelo, para que no futuro a Lends Club vire franquia, com valor estimado de R$ 130 mil a R$ 140 mil. A instalação de um café foi um incremento na estrutura, uma vez que o público passa uma quantidade tempo considerável lá dentro - é comum que os jogos tenham duração mínima de três horas. Mas nada de colocar copos e pratos em cima das mesas de jogatina: uma mesinha auxiliar dá conta dos comes e bebes, para garantir que o tabuleiro e as cartas fiquem intactos.
A confiança dos sócios na expansão está também nos números. Desde o terceiro mês da primeira loja, a operação se paga. E eles querem expandir a usabilidade dos jogos para outros fins, como dinâmicas empresariais. Mas tem uma coisa que os jovens empreendedores já aprenderam: "um passo de cada vez", concordam.

Hamburgueria de Sapucaia do Sul faz lanches temáticos para o público

Sapucaia do Sul, a pouco mais de 25 quilômetros de Porto Alegre, tem uma hamburgueria toda pensada para o público nerd, a Bomba Burguer. O cardápio tem 12 hambúrgueres fixos, que levam nomes inspirados em jogos e séries, como Esquadrão Suicida, Atari, Star Wars e The Walking Dead. Este último vem com uma faca cravada no topo e ketchup escorrendo, como se fosse sangue. Na época da febre do Pokémon Go, eles saíam da cozinha em formato de Pikachu, com orelhinhas e tudo. 
"A gente realmente entende do tema. Tem pessoas que querem trabalhar com uma temática sem ter conhecimento", avalia a dona do local, Fabiane Carvalho, 35 anos, uma apaixonada pelo universo geek desde sempre. Ao lado do marido, Fábio Bombardelli, 41, surgem as ideias de decoração dos comestíveis e da loja, que tem 144 m². Até um fliperama ganhou forma pelas mãos do casal, com uma televisão, madeira e acessórios tecnológicos.
Parte das paredes foram forradas pela dupla com páginas de histórias em quadrinhos. Essa característica ajuda a baratear custos e deixar o ambiente com a cara planejada. "Se dependemos de mão de obra de terceiros, não entregam do jeito que queremos", comenta Fabiane.
A Bomba foi aberta em maio de 2016, com um investimento de cerca de R$ 100 mil. Fábio divide a rotina de empreendedor com a de funcionário em um hotel, na Capital. Os rendimentos da loja superam seu salário, uma vez que o empreendimento chega a servir, em um sábado movimentado, 300 burgers em três horas. Já Fabiane, formada em Design de Interiores, trabalha só ali.
De tempos em tempos, baseados em agendas de lançamentos de cinema ou televisão, são realizados festivais gastronômicos. Já teve a semana do Harry Potter, do Star Wars e outros. Os preços variam entre R$ 14,90 e R$ 31,90. São vendidos, inclusive, produtos para colecionadores e jogos de videogame - que restaram do negócio anterior do casal, uma videolocadora. Fábio acredita que o diferencial da Bomba não é apenas a aposta no mundo nerd.
"É o atendimento, que eu trouxe do setor hoteleiro; o hambúrguer, cujos pães são feitos por nós mesmos; e o ambiente, no qual o pessoal se identifica", lista ele. No segundo andar, há sofás e espaço para jogos. Entre eles, X Box One, Nintendo, Play Station 4 e Megadrive.
Matéria no Bomba Burger, em Sapucaia do Sul, que é focado no público nerd que consome séries e games.

Casa de festa tem espaço voltado só para o universo geek

Imagina ter em sua festa de aniversário convidados como o Darth Vader, Aquaman e o Super Mário? Sim, isso é possível se você estiver comemorando no Nerd Space. Localizado no bairro Tristeza, zona Sul de Porto Alegre, incorporado à casa de festas Espaço Pier, o negócio foi criado há oito meses e consiste em um andar inteiro voltado para o universo Geek. A sala de videogames tem Play 4, Play 3, X Box One, Atari, Wii, WiiU e X Box 360. Além disso, jogos de tabuleiro, HQs e uma decoração toda inspirada no mundo nerd.
Luciana Burnett, 42 anos, publicitária e mãe de três fãs de mangá, aliou-se a Alexandre Trevisol, 31, e Andreia Cavalheiro, 34, donos do Espaço Pier há 9 anos. A ideia de criar o local temático veio após Luciana ser demitida do antigo emprego, em maio de 2016. A publicitária trabalhava como gerente de marketing de uma franquia de restaurantes de Porto Alegre.
"Eu sentia falta de um espaço como este. Quando chegava na época dos aniversários, os filhos pediam para fazer uma maratona de games na comemoração, e não tinha lugar para isso", elucida Luciana. Os pretextos os sócios já tinham em casa: Andreia tem uma filha youtuber, de 10 anos. Alexandre, um filho da mesma idade que adora videogames. E o gosto dos filhos gêmeos de 10 anos de Luciana pelo mundo dos animes e mangás começou com o mais velho, de 23.
Usualmente, a casa recebia festas infantis para crianças de até 10 anos. O espaço nerd ampliou este público, atraindo adolescentes até os 15. "Já fomos procurados para ter festa de adultos", diz Alexandre. "Pegamos um público que está esquecido pelas casas de festas de Porto Alegre", completa Luciana.
No início, a ideia do Nerd Space era promover encontros semanais, para que crianças e adolescentes que se interessam por este universo pudessem trocar experiências e se divertir. O evento de inauguração ocorreu em junho, num sábado, e contou com cerca de 170 pessoas. No entanto, conforme os encontros iam acontecendo o número ia caindo, ao mesmo tempo em que a procura para realizar festas de aniversário e eventos privados, aumentando.
São realizadas mensalmente de seis a oito festas. O preço para alugar o Nerd Space arranca em R$ 3 mil, para 20 convidados e três horas e meia de duração. Os eventos podem acontecer no horário de almoço, final de tarde e até festa do pijama. Os sócios criam, ainda, eventos temáticos. A exemplo do brique que está marcado para o dia 4 de março, em que o convite é que crianças e adolescentes troquem seus jogos em desuso, brinquedos, livros, revistas e até camisetas e bonés que estejam em bom estado. Tudo, claro, que seja parte da cultura nerd.
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