Superávit da balança em 2016 é o maior em 27 anos

Valor positivo de US$ 47,69 bi supera o recorde anterior, de 2006

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País também registrou o maior volume de mercadorias embarcadas
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 47,692 bilhões no ano passado, o melhor resultado da série história, iniciada em 1989. O recorde anterior era de 2006 e somava um superávit de US$ 46,45 bilhões. O montante é resultado de exportações de
US$ 185,244 bilhões e importações de US$ 137,552 bilhões no ano.
O saldo registrado no ano passado ficou dentro do intervalo das estimativas realizadas junto a 14 instituições, que variavam de US$ 43,4 bilhões a US$ 48 bilhões. Também ficou acima da mediana de US$ 46,65 bilhões.
No mês de dezembro, o saldo comercial ficou positivo em
US$ 4,415 bilhões. As exportações somaram US$ 15,941 bilhões, e as importações, US$ 11,525 bilhões. O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas coletadas junto a 18 instituições. Também ficou acima da mediana apontada pela pesquisa, de US$ 3,7 bilhões. Na quinta semana de dezembro (26 a 31), houve superávit de US$ 1,413 bilhão, com exportações de US$ 3,249 bilhões e importações de US$ 1,836 bilhão. Na quarta semana (19 a 25), o resultado foi positivo em US$ 1,274 bilhão, com vendas ao exterior de US$ 3,907 bilhões e importações de
US$ 2,633 bilhões.
O País também bateu recorde na quantidade de mercadorias exportadas no ano passado. Foram 645 milhões de toneladas, alta de 2,9% em relação a 2015. Foi o sétimo aumento anual consecutivo.
Houve recorde no volume exportado de minério de ferro, óleos brutos de petróleo, açúcar de cana em bruto, celulose, minérios de alumínio e seus concentrados, óxidos e hidróxidos de alumínio, carne de frango, suco de laranja não congelado, polímeros de etileno, propileno e estireno e madeira em estilhas ou partículas. Também foram destaque o crescimento nas exportações de produtos manufaturados como automóveis e aviões. Os automóveis tiveram alta de 44,3%, com 135 mil unidades a mais, e os aviões, aumento de 15,3%, com 34 unidades a mais. Esse desempenho contribuiu para reduzir o déficit comercial de produtos manufaturados, que caiu 40%, para US$ 43,7 bilhões, o menor resultado desde 2009. Em 2015, o saldo havia ficado negativo em
US$ 71,9 bilhões.
Houve queda na quantidade exportada de café em grão, de 9,4%; soja em grão, de 5,4%; semimanufaturados de ferro e aço, de 3,5%; e farelo de soja, de 3%. O destaque negativo nas exportações foram os preços, que caíram 6,2% em média ante 2015. Entre os principais produtos que compõem a pauta de exportações brasileiras, só houve aumento no preço do açúcar em bruto, de 12,3%.
Em 2016, a soja teve o menor preço médio desde 2007; o minério de ferro teve o menor preço desde 2005; e o petróleo em bruto, o menor preço desde 2004. Já as importações registraram recuo de 12,2% nas quantidades e de 9% nos preços ante o ano anterior. O maior destaque foi a queda de 43,1% nas importações de combustíveis e lubrificantes. Também caíram as compras de bens de capital (21,5%), bens de consumo (19,3%) e bens intermediários (14,9%).

Saldo em 2017 deve ficar próximo ao do ano passado, afirma secretário

A balança comercial deve registrar neste ano um superávit semelhante ao de 2016, de US$ 47,7 bilhões. De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Abrão Neto, tanto as exportações quanto as importações devem aumentar neste ano.
"Não vamos fechar uma base de comparação exata ainda. Pode ser acima de US$ 50 bilhões, mas prevemos um patamar semelhante, entre US$ 47 bilhões e US$ 48 bilhões", disse. A projeção leva em conta um câmbio médio de R$ 3,40. No ano passado, a taxa média do dólar foi de US$ 3,48, segundo ele.
O secretário mencionou que o agronegócio deve contribuir para elevar as exportações. A previsão da Conab é de uma safra recorde de 213 milhões de toneladas, alta de 14% em relação ao ano passado. Em relação às commodities agrícolas, Abrão Neto disse que o crescimento na produção mundial de soja e milho pode levar a uma redução nos preços, mas o açúcar deve manter a tendência de alta.
Abrão Neto citou ainda as projeções de organismos como FMI e OMC de aumento do crescimento econômico mundial e do comércio internacional. Principais parceiros comerciais do País, China, Estados Unidos e Argentina devem ter crescimento econômico neste ano.
Também deve ajudar na elevação das exportações o desempenho dos setores automotivo e de carnes. Além disso, deve contribuir para esse desempenho o aumento do número de exportadores brasileiros, que subiu 9,3% em 2016 e atingiu a marca de 22.205 empresas, maior número desde 2004.
Do lado das importações, o secretário disse que a retomada do crescimento da economia brasileira deve elevar a demanda por compras externas. Segundo ele, há uma expectativa de melhora no preço das commodities minerais, o que deve influenciar tanto as exportações, devido ao minério de ferro, quanto as importações, em razão de petróleo e derivados.

Setor de petróleo e derivados registra saldo inédito

As vendas de petróleo ao exterior superaram as importações pela primeira vez na história. De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), o setor registrou um superávit de US$ 410 milhões no ano passado.
As exportações de petróleo e gás somaram US$ 13,478 bilhões, e as importações, US$ 13,068 bilhões. Na média diária, as exportações do setor caíram 18,7% em relação ao ano passado, mas o recuo das importações foi bem maior, com queda de 41,5% ante 2015.
Em 2015, a conta-petróleo registrou déficit comercial de US$ 5,738 bilhões, com exportações de US$ 16,512 bilhões e importações de US$ 22,250 bilhões.
O primeiro superávit do País na conta-petróleo foi pontual e não deve se repetir, de acordo com o secretário de Comércio Exterior do Mdic, Abrão Neto. "A conclusão é que o superávit de 2016 é conjuntural, não estrutural. No curto e médio prazo o Brasil continuará sendo importador líquido de petróleo e derivados", afirmou Abrão Neto. "Se houver aumento de preços e de importações em razão da retomada da economia, a tendência é que as importações voltem a superar exportações."
O petróleo em bruto atingiu o menor preço desde 2004, com queda de 21,1%, devido ao aumento na produção mundial. Isso causou impacto nas exportações, mas teve peso ainda maior nas importações.
As importações de combustíveis e lubrificantes recuaram 43,1%, também motivadas pela recessão da economia brasileira, que levou à redução no consumo do produto. Já o valor das exportações de petróleo brasileiras teve queda de 14,8%, mesmo com o recorde nas quantidades exportadas, que aumentaram 7,9%.
De acordo com o secretário, a conta-petróleo brasileira é tradicionalmente deficitária desde 1997. Em 2015, o déficit na conta-petróleo atingiu US$ 5,7 bilhões, resultado muito próximo da média, que é negativa em US$ 5 bilhões.
As exceções foram registradas em 2013 e 2014, quando o déficit atingiu, respectivamente, US$ 20,4 bilhões e US$ 17 bilhões. Isso ocorreu devido aos preços elevados, aumento nas quantidades importadas para abastecer usinas termelétricas e frota de veículos recorde, além de redução na produção nacional em razão de manutenção programada em algumas plataformas.