Governo de São Paulo congela preço de metrô

Tarifa para este ano seguirá em R$ 3,80; gratuidade para idosos e estudantes de baixa renda segue valendo

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Tarifa base do trem subterrâneo de passageiros na capital paulista beneficia mais da metade dos usuários
O Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) congelaram em R$ 3,80 o valor da tarifa, comprada nas bilheterias, ou do vale-transporte válido para metrô e trem neste ano. A gratuidade para idosos com mais de 60 anos e a meia tarifa e gratuidade para estudantes de baixa renda também serão mantidas.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), entregou, na semana passada, um novo trem para a Linha 7 Rubi, que liga o Centro da capital paulista a Jundiaí e Francisco Morato. Foi o oitavo trem entregue do lote de 65 adquiridos pela CPTM. Até o final de 2018, a frota da linha será renovada com 19 composições.
O secretário estadual de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, informou que o congelamento beneficia metade dos usuários do Metrô e 62% dos passageiros que utilizam a CPTM. Em um dia útil, 7,5 milhões de pessoas usam os meios de transporte.
"Vamos manter a tarifa base de R$ 3,80. Ela beneficia mais da metade dos usuários do metrô. Nós temos o bilhete vendido nas bilheterias, o vale-transporte, a meia do estudante, que vai continuar custando R$ 1,90, e a integração com o bilhete BOM. Isso tudo vai continuar R$ 3,80. Na CPTM, são mais usuários ainda: 62% dos usuários estão sujeitos à tarifa de R$ 3.80", disse.
Pelissioni admitiu, porém, que está sendo estudada alteração na concessão de passagem de graça para idosos. O benefício poderá valer para pessoas com mais de 65 anos, em vez dos atuais 60 anos. "Com a melhoria da qualidade de vida, tem muitos 'jovens de 60 anos' que trabalham. Esses, talvez, não mereçam a gratuidade", disse. "Os estudantes de baixa renda merecem a gratuidade, porque é um incentivo para que mantenham os estudos", disse.

Para governador Alckmin, crise justifica congelamento

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), avalia que o desemprego e a queda da renda da população justificam a decisão de congelar em R$ 3,80 as tarifas de metrô e de trens da CPTM ao longo de 2017. "Isso (o congelamento em R$ 3,80) evita dar o reajuste num momento de dificuldade, de desemprego alto, de queda de salário. Ao mesmo tempo, mantém a saúde financeira das empresas", disse Alckmin, em evento na estação da Luz.
Alckmin tomou a decisão de manter o valor da tarifa base em conjunto com o novo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Prometido por Doria no dia seguinte a sua vitória nas eleições municipais, o congelamento da tarifa do ônibus inicialmente causou desconforto tanto a Alckmin quanto à direção do Metrô, empresa ligada ao governo.
Alckmin havia se mostrado incomodado em ter de arcar sozinho com o ônus político de um reajuste, e a companhia metroviária temia as consequências da medida. O diretor financeiro da empresa, José Carlos Nascimento, afirmou que o congelamento da tarifa dos ônibus proposto pelo prefeito poderia levar a uma fuga de passageiros do metrô caso só a tarifa do sistema de trilhos fosse reajustada.
Nascimento disse ainda que o Metrô, que passa por forte crise financeira, necessitava de um reajuste.
 

Subsídio do governo ao sistema de transporte vai aumentar em 2017

A manutenção das tarifas em R$ 3,80 de ônibus e metrô por mais um ano terá forte impacto nas contas da prefeitura e do estado de São Paulo. Para a gestão do prefeito João Doria (PSDB), o congelamento pode elevar em pelo menos R$ 1 bilhão os gastos com subsídios às empresas de ônibus, segundo cálculos da Secretaria de Finanças da gestão Fernando Haddad (PT).
Na prática, isso significaria elevar em mais de 50% os gastos municipais com o sistema, hoje já em patamar acima de R$ 2 bilhões ao ano. O subsídio é o dinheiro repassado pela prefeitura às viações de ônibus para cobrir a diferença entre o que os passageiros pagam e os custos reais dos serviços prestados.
A prefeitura arrecada hoje perto de R$ 5,3 bilhões por ano com a tarifa, mas a quantia repassada às empresas pelo serviço prestado ultrapassa R$ 7 bilhões. O valor adicional seria suficiente para construir 30 quilômetros de corredores exclusivos para coletivos.
Já os repasses do governo ao Metrô como reembolso pelas passagens gratuitas devem continuar a crescer: em 2016, ultrapassaram os R$ 600 milhões, salto de mais de 120% na comparação com os R$ 264 milhões desembolsados em 2015.
Até meados de novembro de 2016, dados de execução orçamentária mostram que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) já havia transferido R$ 529 milhões à empresa em razão das gratuidades - a única verba que a companhia recebe do governo estadual, já que, de resto, o Metrô é sustentável com suas próprias receitas.
Desse total, R$ 219 milhões se referem ao passe livre para estudantes de baixa renda e ao benefício da meia tarifa para todos os estudantes. Os demais R$ 310 milhões se referem a gratuidades para idosos, desempregados e pessoas com deficiência.
É um cenário bem diferente do que ocorreu em 2015, quando o governador tucano previu gastar R$ 330 milhões com todos os benefícios tarifários, mas deu calote de R$ 66 milhões (20% do total) e pagou só R$ 264 milhões.
Em relação à CPTM, o estado repassou quase R$ 1 bilhão à companhia em 2015, valor que deve ser ainda maior neste ano.
Diferentemente do que acontece com o Metrô, no caso da CPTM não se trata apenas de arcar com os gastos dos passageiros transportados gratuitamente.
A companhia é dependente desse repasse de verba do estado para manter suas atividades e requer maior aporte, porque os deslocamentos em sua malha têm distâncias muito maiores que as percorridas pelo metrô, o que significa que o preço pago pelos passageiros não cobre todos os custos da operação.
Somando os gastos da prefeitura e do governo, os gastos com subsídios para o ano que vem podem chegar à casa dos R$ 5 bilhões - valor suficiente para construir uma nova linha de metrô equivalente à linha 4-amarela, que hoje liga a Luz ao Butantã em 9,5 quilômetros de trilhos. A revisão da política de gratuidades, discutida tanto por Doria quanto por Alckmin, não será adotada em um primeiro momento.

Possibilidade de aumento chegou a ser estudada

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito João Doria (PSDB) chegaram a estudar a possibilidade de manter congelada a passagem unitária de
R$ 3,80 e elevar as tarifas de outros bilhetes, como mensal e semanal. Mas a revisão desses valores não será adotada por enquanto.
Nos últimos cinco anos, a tarifa de metrô, trens e ônibus municipais foi mantida no mesmo patamar, e as decisões sobre reajustes ou congelamento foram tomadas em conjunto por governo do estado e prefeitura.
Em 30 de dezembro de 2015, o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e Alckmin decidiram reajustar as tarifas de ônibus, trens e metrô em São Paulo no começo de 2016.
O bilhete subiu de R$ 3,50 para R$ 3,80 - aumento de 8,6%, pouco abaixo da inflação acumulada no período, perto dos 11%. Na ocasião, Haddad manteve os bilhetes únicos mensal e semanal congelados em R$ 140 e R$ 38, respectivamente, assim como ocorrera em janeiro de 2015.
Já o preço da tarifa de integração dos ônibus municipais com o sistema estadual de metrô e trens subiu de R$ 5,45 para R$ 5,92. Haddad e Alckmin já haviam reajustado as passagens no início de 2015, quando subiram de R$ 3,00 para
R$ 3,50.
Esse havia sido o primeiro reajuste após um hiato de aumentos desde os protestos de junho de 2013, quando as intensas manifestações fizeram com que a tarifa, que havia subido para R$ 3,20, voltasse aos
R$ 3,00 anteriores. Além de São Paulo, dezenas de cidades tiveram que recuar dos aumentos diante do crescimento de protestos pelo País.

Integração entre modais sobe acima da inflação

Após definirem em conjunto o congelamento da tarifa básica de ônibus, metrô e trens da CPTM em R$ 3,80 em 2017, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciaram reajustes acima da inflação na integração e nos bilhetes temporais. As novas tarifas passam a valer a partir deste domingo.
A integração entre os ônibus e trilhos (metrô e CPTM) será reajustada de R$ 5,92 para R$ 6,80, um aumento de 14,8% - acima dos 7,25% da inflação projetada para o ano, segundo IPCA.
O Bilhete Único Mensal, criado pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) em novembro de 2013 e sem reajuste desde então, aumentará de R$ 140,00 para R$ 190,00, variação de 35,7% - a inflação desde a implementação é de 26,6%. Essa modalidade vale apenas para uso exclusivo de ônibus ou trilhos e é sugerida para quem faz mais de 50 viagens - só no sistema de ônibus, há 455.303 usuários por dia que serão afetados com esse reajuste.
O tíquete mensal que integra ônibus e trilhos (metrô e trens da CPTM) passará de R$ 230,00 para R$ 300,00, aumento de 30,4% - a inflação é de 26,6%. Essa modalidade é sugerida para quem usa mais de 44 viagens ao mês.
O Bilhete 24 horas exclusivo para ônibus ou trilhos, que hoje custa R$ 10,00, passará a R$ 15,00, variação de 50%. Já a versão que integra os dois modais sairá de R$ 16,00 para R$ 20,00.
Acima da inflação, os aumentos nas duas modalidades deixam os bilhetes menos atraentes. Por exemplo, o Bilhete Mensal exclusivo para ônibus ou trilhos vale a pena para quem faz a partir de 37 viagens. Com o reajuste, o número mínimo ideal passa a ser de 50 viagens. O Bilhete 24 horas vale a pena para quem faz hoje a partir de três viagens - com o aumento, compensará para quem faz a partir de quatro.
Um passageiro que usa a integração ônibus metrô duas vezes ao dia, em 22 dias do mês, gasta hoje R$ 11,84 e passará a desembolsar R$ 13,60. O prefeito e o governador decidiram extinguir a modalidade semanal do bilhete, uma das bandeiras de Haddad. Segundo anúncio, menos de 0,05% dos usuários aderiram a esse sistema.
O Bilhete Fidelidade terá desconto de até 10,5%, de acordo com o número de viagens. Atualmente, no caso de 50 viagens, o desconto é de 17,6%. Os bilhetes Madrugador e Da Hora passarão de R$ 2,92 para R$ 3,40, aumento de 16,4%.
O secretário de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, argumentou que o reajuste da tarifa integrada de metrô e ônibus em São Paulo, de R$ 5,92 para R$ 6,80, vai afetar a minoria dos usuários do transporte público. "Mais de 52% dos usuários do metrô pagam somente a tarifa básica de R$ 3,80 (que foi congelada). Nos trens da CPTM, são 62%. E entre os usuários de ônibus, são dois terços", afirmou o secretário.