Seja no Instagram, Facebook, Twitter, Snapchat ou YouTube, muitas pessoas estão produzindo conteúdos próprios - e ganhando com isso. Seja prestígio, produtos ou trabalho mesmo. São os influenciadores digitais, que podem fazer marcas bombarem

Pessoas populares na internet ajudam a impulsionar negócios


Seja no Instagram, Facebook, Twitter, Snapchat ou YouTube, muitas pessoas estão produzindo conteúdos próprios - e ganhando com isso. Seja prestígio, produtos ou trabalho mesmo. São os influenciadores digitais, que podem fazer marcas bombarem

Em junho de 2016, o Instagram atingiu a marca de 500 milhões de usuários. São cerca de 300 milhões de pessoas ativas diariamente, o que produz um volume de 95 milhões de vídeos e fotos publicados por dia. Dentro destes números estão influenciadores digitais de vários estilos. Perfis que se valem da exposição da rede social de fotos para colecionar milhares de seguidores, levar conteúdo e até ganhar dinheiro. Para muitos, tornou-se um negócio. Para outros, uma maneira de obter visibilidade e estar perto de quem se interessa pelas mesmas coisas. E há gente se destacando neste ambiente no Rio Grande do Sul.
Em junho de 2016, o Instagram atingiu a marca de 500 milhões de usuários. São cerca de 300 milhões de pessoas ativas diariamente, o que produz um volume de 95 milhões de vídeos e fotos publicados por dia. Dentro destes números estão influenciadores digitais de vários estilos. Perfis que se valem da exposição da rede social de fotos para colecionar milhares de seguidores, levar conteúdo e até ganhar dinheiro. Para muitos, tornou-se um negócio. Para outros, uma maneira de obter visibilidade e estar perto de quem se interessa pelas mesmas coisas. E há gente se destacando neste ambiente no Rio Grande do Sul.
Caso da jornalista Bárbara Pustai, 26 anos, e da advogada Flávia Paz, 29, ambas de Porto Alegre. O assunto delas? Gastronomia. Bárbara sempre gostou de cozinhar, especialmente sobremesas. Em 2011, iniciou o blog de receitas O mundo na cozinha, junto ao curso de cozinha profissional que fazia no Senac. "Era muito trabalhoso para um retorno pequeno", conta. Segundo a experiência dela, havia ainda pouca interação com os leitores, o que é diferente no Instagram. "No Instagram, o público reage muito, e muito rápido", diz.
Assim, em janeiro de 2014, o mundonacozinha.com.br/o-blog tornou-se @omundonacozinha, com fotos ao estilo foodporn - quando a comida parece tão deliciosa que desperta desejo em quem vê. No caso de Bárbara, nas 26,6 mil pessoas que a seguem.
Isso rendeu a ela, inclusive, uma agenda cheia de convites gastronômicos (há semanas em que Bárbara tem eventos todos os dias). Ou seja, as marcas querem estar no Instagram da influenciadora.
Já Flávia é uma advogada compenetrada durante o horário de expediente. Depois disso, vira a @bebadadecomida. Com 21,2 mil seguidores, seus posts tornam populares e desejados os pratos dos restaurantes que recebem o foco das lentes de seu celular.
As duas lidam com uma rotina intensa de "comida grátis" para que provem, aprovem e, claro, postem em suas páginas. A atividade está ficando cada vez mais profissional, com estabelecimentos valorizando o trabalho e, em alguns casos, pagando pela produção desses conteúdos. Foi nestas baterias de eventos, aliás, que se conheceram. Flávia criou sua conta em maio de 2015, porque cansou de ir a restaurantes indicados por influenciadores sem saber quanto pagaria pelos pratos e acabar se dando mal. "Meu Instagram dá a real. Se estou divulgando algo, o seguidor precisa saber quanto vai ter que pagar, se vale a pena pra ele", reforça. E ela é sincera na avaliação.
Com o tempo, a Bêbada tornou-se quase um personagem. "Como na minha profissão é um ambiente mais sério e comedido, acho que usei o Instagram como forma de expressar esse meu outro lado, que é muito brincalhão", percebe. E sua página é justamente isso: uma curadoria de opções, conforme o seu paladar. "Pode notar que não tem postagem minha de sushi. Porque não gosto, não teria como. Mas de hambúrguer tem um monte", ri.
Com o tempo, as meninas foram percebendo o que mais dava audiência e criando suas estratégias. Bárbara, por exemplo, avisa que o melhor horário do Instagram é por volta das 21h, e costuma postar apenas uma foto por dia. Flávia, no entanto, aposta na zoeira sem limites no stories. "Todo dia de manhã, já tem postagem", afirma.

Quem quer ser um youtuber?

"Cada vez mais, nosso desafio é prender a atenção", e é justamente atrás disso que muita gente luta na web para ter seu lugar ao sol. A frase é do empreendedor Miguel Luz, 30, que, ao lado da sócia Greta Paz, 25, comanda a MPQuatro, uma agência de conteúdo especializada em YouTube.
Com a ideia de simplificar o serviço de vídeo para que pequenas e médias empresas pudessem contratar um conteúdo legal sem precisar recorrer a grandes produções, Greta e Miguel iniciaram a empreitada há três anos.
"Não existia o glamour do YouTube. Era onde pensávamos que pequenas e médias veiculariam seu conteúdo, sem orçamento para entrar na televisão", conta Greta. Hoje, as grandes empresas é que são maioria na carta de clientes da agência. O mercado acordou para a web. E, sem querer querendo, a MPQuatro surfou essa onda. "A gente não imaginava que o YouTube adquiriria esta dimensão", pontua. Por mês, eles recebem ao menos cinco propostas de pessoas em busca de entrar para o time de influenciadores, ou seja, ter um canal próprio para dar opinião sobre algum assunto e ser reconhecido por isso. E o volume é ainda maior atrás de orientações. "Antes, as pessoas precisavam ser descobertas. Hoje, elas só precisam se mostrar, porque o espaço do YouTube é igual para todos. A chance e a responsabilidade de tu te destacares está em ti mesmo", diz.
Junto a isso estão a autenticidade e a inteligência que o mercado pede para capturar os minutinhos de atenção que nós, meros mortais em busca de entretenimento e informação, iremos dispor. "A geração Z não aceita o conto de fadas. Os youtubers são cada vez mais reais. As marcas também precisam ser", afirma Greta, a partir do principal público-alvo da plataforma.
Neste panorama, a publicidade tradicional vai perdendo sentido, na visão deles. As pessoas querem ver como as coisas são, ditas por figuras tão reais quanto quem está do outro lado da tela, assistindo.
Para que um canal de YouTube sobreviva e dê frutos, é preciso encará-lo como um negócio, apontam. "Não abra um canal se já não tiver uns 15 vídeos prontos", sentencia Greta. "É muito visível quem quer entrar no YouTube para ser famoso ou para passar uma mensagem. Normalmente, quem quer só ser famoso não persiste", explica ela. Isso porque, segundo os sócios, a plataforma pode ser bem frustrante. Requer no mínimo um ano de trabalho intenso para adquirir fôlego, conhecimento e estudo para entender como posicionar e impulsionar o canal da melhor maneira.
Além da prestação de serviços, os dois aprenderam tudo isso tendo um canal próprio como laboratório, o Gastronomismo, comandado pela youtuber Isadora Becker. "Ali, a gente vai testando coisas, a resposta do público, formas de impulsionar e acompanhar as mudanças", expõe Miguel.
Praticamente sozinhos neste mercado especializado, eles fecharam 2015 com 375 vídeos produzidos, o equivalente a mais de um por dia. Em 2016, se aproximaram da faixa dos mil. A equipe, de cinco pessoas, passou para 14. "As marcas serão - aliás, já estão sendo - as próprias mídias", analisa Miguel.
 

Tudo em 140 caracteres

Edney Souza era desenvolvedor de software e começou a criar conteúdo sobre tecnologia no fim dos anos 1990. Isso porque os amigos recorriam a ele para saber como fazer backup, instalar programas, explicar como funcionam estas coisas. Para não ter de dar a mesma explicação várias vezes, começou a alimentar um blog. E em 2001 estava com um milhão de acessos. A partir daí, começou a pesquisar como monetizar e desenvolver sua plataforma. No twitter, a sua conta @InterNey soma 123 mil seguidores, aonde ele fala sobre o universo do mundo digital, cobre eventos e dá sua opinião sobre este universo. Além disso, há três anos atua como professor da ESPM São Paulo no MBA de mídias sociais.
GE - Como essa influência se opera no Twitter especificamente?
Edney - Eu acho que o Twitter tem um exercício importante que é a gente aprender a ser mais sintético. Porque todo mundo, hoje, produz conteúdo. Se você conseguir ser mais sintético nas suas ideias, é uma forma de permitir que mais pessoas te acompanhem. Você ocupando menos tempo, continua a se manter nas timelines das pessoas. Então, se você quer ser hoje um influenciador, um comunicador, tem de aprender isso. E em contrapartida, quando você for prolixo, você tem de procurar ser mais eficiente. Há essa cultura de que pessoas não leem textos longos. Aí eu digo: as pessoas não leem textos longos chatos.
GE – E como fazer quando o conteúdo não é tão interessante?
Edney – Você tem de entender se a cada peça de informação você está entregando algo realmente útil. Às vezes, 40 minutos de palestra podem ser resumidos em cinco, seis twittes.
GE - Como se "vira" um influenciador?
EdneyO digital influencer não acorda num dia de manhã e decide: vou fazer a faculdade de digital influencer, a pós-graduação de influencer em YouTube. Isso não existe. O cara acorda e grava um vídeo descompromissado sobre alguma coisa, faz sucesso, ele grava outro, grava outro e grava outro... E sei lá, começou a falar de música, porque gosta. De cinema, de quadrinhos, de videogames... E de repente ele está com uma audiência gigantesca. Então, essa pessoa por origem, às vezes é um homem de negócios, às vezes ele é um jornalista, às vezes ele é um garoto que começou a jogar videogame. A origem do influenciador é importante. Mas ele não tem a menor ideia de como remunerar os serviços dele, e às vezes, ele nem tem expectativa de remunerar.
GE -E como se dá a relação com as marcas?
Edney - O mercado de moda e beleza, que é um mercado super saturado de influenciadores hoje, há várias pessoas que não têm expectativa de serem grandes blogueiros de moda. Eles sabem que este mercado já está dominado, mas gostam do assunto, então produzem conteúdo. E quando ganham um pouco mais de audiência, a expectativa é passar a ganhar brindes das marcas. Quando eu ganho um brinde em primeira mão direto da marca, eu estou melhorando a minha reputação mediante minha audiência. Aliás, não é exatamente um brinde, porque a marca te envia por causa da sua visibilidade.
GeraçãoE - Não chega uma hora em que satura usar as redes sociais?
Edney - A gente tem que entender que as redes sociais são veículos de comunicação. Tem gente que gosta de se comunicar mais, tem gente que menos. Então, uma pessoa que gosta de se informar e produzir conteúdo, usa com mais frequência, se sente mais confortável neste ambiente. Mas é claro que tem que largar um pouco aquilo ali para vivenciar a experiência. Na verdade a gente está trocando os momentos, o momento em que a pessoa via televisão, ouvia rádio e lia jornais, está trocando pelas redes sociais, os veículos de comunicação e entretenimento estão lá. Mas é importante alguns períodos de desintoxicação, claro. Você precisa viajar, dançar, entrar no mar, e estas coisas não são muito mobile friendly ainda. Acho que as redes estressam quando você está fazendo um uso inadequado. Se você acha que as redes são só besteira, provavelmente você está seguindo só besteira.

BOM SABER

A procura dos teens é tanta que a MPQuatro tem planos de realizar, em janeiro, um curso para jovens de 13 a 17 anos que querem ser youtubers, explicando a linguagem da plataforma e dando atenção individual para os projetos de cada um dos inscritos. #teliga