Um penta para encerrar 15 anos de jejum

Grêmio controla o Atlético-MG e volta a comemorar título de expressão

Por Deivison Ávila

Gremio players celebrate with the Brazil Cup 2016 trophy after winning over Atletico Mineiro at Arena do Gremio in Porto Alegre, Brazil, on December 07, 2016
Exatos 15 anos de espera e angústia para comemorar um título de expressão nacional. E a conquista da Copa do Brasil, ontem - o primeiro título da Arena -, transformou o Tricolor no maior vencedor do torneio e trouxe consigo algumas simbologias. Depois de construir o placar elástico de 3 a 1 no Mineirão, no dia 23 de novembro, a partida foi praticamente uma contagem regressiva para soltar o grito de "é campeão". Ou melhor, desta vez, o grito foi de pentacampeão. A taça foi conduzida pelo técnico Renato Portaluppi. Antes ídolo e agora também responsável pelo maior título do clube, ele foi ovacionado como "professor Portaluppi". O jejum parecia que não ia ter fim, mas o 1 a 1 presenciado por 55.337 torcedores ainda bateu o recorde de maior público da casa gremista e devolveu o sorriso e o orgulho ao torcedor.
Antes de a bola rolar, não teve quem não se emocionasse com as homenagens preparadas para os jogadores e comissão técnica da Chapecoense, jornalistas e tripulação mortos na queda do avião que levava o time catarinense para Medellín, na Colômbia. Exatamente nesta quarta-feira seria disputado o jogo de volta da decisão da Copa Sul-Americana. Ao som de uma corneta, um policial militar tocou a marcha fúnebre, silenciando os torcedores presentes na Arena. No centro do gramado, jornalistas e jogadores dos dois times se intercalaram lado a lado. A torcida ainda entoou o grito que ficou conhecido mundialmente de "vamo, vamo, Chape".
O Atlético começou o confronto com mais posse de bola, procurando a jogada ofensiva. Em três oportunidades, Fábio Santos cruzou da esquerda, mas nem Júnior Urso, nem Lucas Pratto, muito menos Robinho marcaram. O Grêmio assustou com Douglas, em falta bem batida, e com Everton, que parou nas mãos de Victor.
Mesmo mantendo mais a bola nos pés, O Galo não conseguiu transpor o esquema defensivo montado por Portaluppi durante todo o decorrer do segundo tempo. Dos pés de dois equatorianos saíram dois gols nos minutos finais da partida. Aos 43, Bolaños, que acabara de entrar, pegou um rebote e abriu o marcador. Três minutos depois, Cazares acertou um chute de rara felicidade, do meio-campo, e encobriu o goleiro Grohe. Porém, nem o gol tirou o brilho da festa que já havia começado.
Grêmio 1 x 1 Atlético/MG
Marcelo Grohe; Edílson, Pedro Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira; Walace, Maicon, Ramiro (Jailson), Douglas (Bolaños) e Everton (Fred); Luan. Técnico: Renato Portaluppi.
Victor; Marcos Rocha, Erazo, Gabriel e Fábio Santos; Leandro Donizete (Cazares), Júnior Urso (Maicosuel), Rafael Carioca; Luan (Lucas Cândido), Robinho e Lucas Pratto. Técnico: Diogo Giacomini (interino).
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (Fifa/SP)

Portaluppi afirma que conquista com o Grêmio tem valor especial

Uma Arena inteira gritando o seu nome. Abraçado com a filha, o técnico Renato Portaluppi deu a volta olímpica agradecendo o apoio de toda a torcida. Prometendo que a conquista da Copa do Brasil é apenas a primeira de muitas que virão, o treinador falou do gostinho especial vivido na noite de ontem. "Com certeza é a melhor conquista. O título aqui tem um valor especial, sem desmerecer o Fluminense. Todo mundo sabe que eu sou gremista. Agora, o torcedor pode soltar o grito de campeão que estava preso na garganta há 15 anos e comemorar", desabafou.
Marcelo Grohe era um dos jogadores mais entusiasmados com o título. "Foram algumas eliminações, algumas frustrações, mas, agora, é agradecer e comemorar", se desmontou em choro o camisa 1, lembrando de muitos momentos difíceis. A festa da torcida entrou madrugada a dentro. Quem não conseguiu assistir a conquista na Arena, ocupou as principais ruas da Capital. A avenida Goethe, tradicional ponto de comemoração dos torcedores, recebeu cerca de 25 mil pessoas sedentas por festa.