Para quem não quer ficar só em casa, também há opções de locais públicos e coletivos "workfriendly"

Home office conquista profissionais pela flexibilidade e redução de custos


Para quem não quer ficar só em casa, também há opções de locais públicos e coletivos "workfriendly"

A liberdade de escolha sobre o que fazer, o cliente a atender e as atividades do dia foram as principais razões para duas jornalistas de Porto Alegre largarem seus empregos em uma agência de conteúdo e montarem as suas próprias. A Pirata Conteúdo e a B.Cause Connected Content, de Juliana Franzon, 35 anos, e Marcia Breda, 32, respectivamente, funcionam onde as profissionais estiverem: em casa, no café, no coworking. E essa flexibilidade atrai gente com o mesmo perfil delas.
A liberdade de escolha sobre o que fazer, o cliente a atender e as atividades do dia foram as principais razões para duas jornalistas de Porto Alegre largarem seus empregos em uma agência de conteúdo e montarem as suas próprias. A Pirata Conteúdo e a B.Cause Connected Content, de Juliana Franzon, 35 anos, e Marcia Breda, 32, respectivamente, funcionam onde as profissionais estiverem: em casa, no café, no coworking. E essa flexibilidade atrai gente com o mesmo perfil delas.
Juliana, que começou a fase "itinerante" em 2013, diz que trabalhar de casa tem seus desafios. "O mais difícil é saber a hora de parar. Quanto mais se trabalha, mais gera renda. Além disso, é preciso saber que há épocas que tu vais ter muito trabalho e outras não. E em todas as crises, tu vais pensar em voltar para o emprego formal", constata.
Para Marcia, que é home officer há menos tempo, desde 2015, essa apreensão pode ser minimizada com foco no que é bom neste estilo de trabalho. "Não tenho mais a síndrome do domingo. A minha segunda-feira não é um drama", diverte-se.
As experiências estão sendo tão inspiradoras para as jornalistas que elas resolveram criar um canal de comunicação para outras pessoas que seguem ou querem seguir o mesmo estilo de vida, o Adoro Home Office. No portal, a dupla compartilha vivências e acaba motivando quem não se enquadra mais no mercado tradicional.
O adorohomeoffice.com.br nasceu como um blog despretensioso. Hoje, como site, soma cerca de 50 mil acessos por mês e representa 30% da renda de cada uma. Com tamanha procura, as sócias decidiram transformar a ideia do projeto paralelo em algo mais sério.  A plataforma, garantem Juliana e Marcia, é sustentável economicamente - e vem se expandindo. Foi criada até uma linha de produtos para amantes das tarefas remotas, com adesivos e canecas.
O site tem se tornado uma referência no tema, disseminando oportunidades e esclarecimentos sobre as atividades desempenhadas fora de um escritório padrão. Entre os conteúdos, são divulgadas vagas formais (sim, pois há empresas que contratam pessoas para trabalhar a distância), locais "workfriendly" (como cafés e bares com Wi-Fi, por exemplo) e localiza hoffices, que são as casas abertas de pessoas que trabalham no estilo home office e estão dispostas a receber companhia.
>> Saiba mais sobre os termos: Coffice; Hoffice; Workation; Casas colaborativas; 

'No lar consigo a concentração que preciso'

Consultorias de imagem são compostas de duas fases básicas: estudo do cliente (desde seu biotipo, estilo de vida e personalidade) e composição (triagem de peças do guarda roupa para a montagem de looks). Sílvia Scola, 40 anos, de Porto Alegre, trabalha com isso em estilo home office desde 2009 por uma questão estratégica. "É um trabalho que exige muita concentração, então, ajuda estar em casa", detalha.
A tradicional troca de ambientes e o contato com colegas comum para quem tem uma ocupação fora do lar é substituída pelo convívio com o filho Rafael, de seis anos. O que poderia ser desgastante, conciliar a atenção ao pequeno com as tarefas profissionais acaba sendo um benefício, assegura Sílvia. "Ele me inspira", derrete-se.
Apesar de se declarar uma apaixonada pelo que faz, a consultora admite que transformar o apartamento em escritório limita parte de seu espaço de repouso. "Só consigo descansar quando viajo", afirma.  
Os resultados de seu projeto com a Sílvia Scola Personal Stylist estão dando tão certo que vem novidade por aí. A empreendedora lançará, em breve, uma plataforma digital de consultoria de imagem, a Estilo, Sim!
A proposta é ser diferente da consultoria presencial, que pode levar meses e exige contato direto com o cliente.
"Vão ser pequenas ferramentas para ajudar as pessoas a definirem o próprio estilo, necessidades pontuais e imediatas. Tem o S.O.S Fashion, voltado a eventos especiais, por exemplo", descreve.
A fragmentação dos serviços reflete nos preços cobrados, popularizando a consultoria. A plataforma ainda está em desenvolvimento junto ao programa Sebrae Startup RS, mas Sílvia adianta que os valores devem partir de R$ 100,00.
O objetivo é finalizar os planos para a empreitada ainda este ano com o auxílio de investidores. 
Sílvia deixa o escritório-casa, hoje, para auxiliar seus assessorados na hora das compras. No futuro, até pensa em ter uma sala comercial para receber parceiros ou para fazer reuniões. Isso, talvez, eliminaria um dos únicos aspectos que ela não gosta sobre ser uma home officer: o almoço feito em casa. "Não gosto de fazer comida", confessa.

Opção evita perda de tempo e gera produtividade

Conseguir equilibrar o horário de produção com o de descanso pode ser um desafio para quem trabalha em casa. E é um esforço necessário para não se tornar um viciado em trabalho, como aconteceu com o programador Wallace Morais, 30 anos, ao fundar sua empresa de desenvolvimento de jogos, Hermit Crab, em julho de 2014.
"O mais complicado é a questão do planejamento. Tu não 'bate cartão', não tem ninguém para te cobrar, precisa ter uma organização muito boa. Eu fui aprendendo, não foi fácil", declara. Atualmente, o empreendedor segue horários fixos estabelecidos por ele próprio: de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 19h.
Paulista, Wallace veio para Porto Alegre em 2010 para fazer pós-graduação. Sua maior motivação quanto ao home office é "ganhar" tempo de locomoção entre a casa e o escritório. "Eu morava no bairro de Pirituba, em São Paulo. Gastava mais ou menos uma hora e meia para chegar na empresa, se não chovesse. Trabalhando em casa, a gente consegue uma qualidade de vida melhor, mesmo sendo um workaholic", afirma.
A Hemit Crab tem outros dois sócios gaúchos, o jogador de futebol Matheus Vivian, 38, que mora na França, e o artista 3D Guilherme Gonçalves, 33.
Wallace e Guilherme foram colegas em um antigo emprego, de onde surgiu o contato para a parceria. A dupla conheceu Matheus quando ganharam o 4º lugar do Concurso de Desenvolvimento de Jogos Empreendedores do Sebrae, em janeiro deste ano. Um dos games mais populares que fizeram foi o The Blur Barbosa vs. Alien, baseado no jogador brasileiro de basquete Leandrinho Barbosa.
Para o futuro, com a desejada expansão da empresa, os sócios pensam em migrar o home office para um escritório, ou conquistar uma incubação.