Gustavo Paim, da militância à disputa pela prefeitura de Porto Alegre

Candidato a vice de Nelson Marchezan Júnior concorre a cargo majoritário pela primeira vez

Por Bruna Suptitz

Gustavo Paim defendeu aliança do PP com o PSDB no pleito municipal
Ainda criança, Gustavo Paim acompanhava o horário gratuito na televisão e repetia os jingles cantados pelos candidatos. Sua referência na política era o vereador e ex-prefeito de Porto Alegre João Antônio Dib (PP), com quem mantinha contato por meio de relações familiares. "Quando criança, eu pegava autógrafo dele em santinho, gostava dessa relação", conta.
Candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Nelson Marchezan Junior (PSDB), Paim nasceu em Porto Alegre em 16 de julho de 1977. Filiou-se ao PP com 18 anos e desde então compõe a sigla, hoje como membro da executiva municipal e estadual. Neste período, já ocupou os cargos de presidente da juventude e secretário-geral do partido em Porto Alegre e coordenador jurídico do diretório estadual.
O gosto pelos discursos, a atuação partidária e os relacionamentos pessoais contribuíram na escolha pelo Direito. Paim acredita que "quem gosta de Direito e política acaba tendo no Direito Eleitoral um caminho absolutamente natural".
Formado em 2000 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Paim tem no currículo o trabalho para as campanhas ao governo do Estado de Antonio Britto (à época pelo PPS) em 2002, Yeda Crusius (PSDB) em 2010 e Ana Amélia Lemos (PP) em 2014; e para a campanha de Jair Soares (PP) à prefeitura da Capital em 2004.
Na área acadêmica, concluiu mestrado na Pucrs, especialização e doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), formações voltadas para o Direito Eleitoral. Desde 2008, é professor universitário, atualmente atuando graduação da Unisinos e na pós-graduação de três instituições.
Este é o segundo pleito de que Paim participa como candidato. Ele concorreu a uma cadeira no Legislativo de Porto Alegre em 2000, quando o PP também estava coligado ao PSDB. O convite para compor uma chapa majoritária já havia sido considerado em 2012, mas o PP acabou compondo a coligação de José Fortunati (PDT).
Neste ano, quando a chance de ocupar o cargo de vice-prefeito em uma candidatura se tornou real, Paim aceitou a proposta.
Ao declarar que se sente "realizado" na advocacia e como professor, a resposta afirmativa ao convite se deve à confiança que tem no companheiro de chapa.
Paim conta que defendeu a coligação do seu partido com o PSDB e diz que vê em Marchezan "o contrário da política tradicional". "Ele fala o que pensa, é autêntico, é verdadeiro, muito respeitado, mesmo pelos adversários, que podem ideologicamente não concordar, mas que o respeitam como alguém coerente", fala, em referência ao companheiro de chapa.

O que fará como vice-prefeito

Gustavo Paim (PP), candidato a vice-prefeito na chapa de Nelson Marchezan Júnior (PSDB), vê um protagonismo no cargo para o qual concorre, pois acredita que não é possível administrar um município como Porto Alegre de forma isolada. "O vice-prefeito é o primeiro nome que sai das urnas junto com o prefeito para ser seu primeiro auxiliar, primeiro ajudante nessa tarefa", destaca.
Advogado com 16 anos de atuação em campanhas eleitorais, Paim crê que o conhecimento acumulado na área será importante para o mandato no Executivo municipal. Como exemplo, ele cita alguém que queira fazer um empreendimento de construção civil, que conta com muitas normas diferentes, em alguns casos sobrepostas, deixando o projeto "à mercê da burocracia". Para o candidato, no que tange à "organização e segurança jurídica, posso somar muito".
Outros assuntos surgem nas propostas de Paim para sua atuação como vice. Um deles é a segurança pública, tema que tem predominado na campanha deste ano. Fazendo referência à Constituição Federal, a qual determina que compete aos municípios "legislar sobre assuntos de interesse local", Paim questiona: "segurança do cidadão não é interesse local?". Ele defende que o município realize convênios com Polícia Civil e Brigada Militar, seja para retomar a atuação que já acontecia junto a fiscais da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic) na identificação de comércios irregulares, seja para realizar guarda em frente às escolas. "Dá para construir alternativas jurídicas para prestar melhores serviços para a sociedade", identifica.
Acompanhando Marchezan em quase todas as agendas da campanha, Paim identifica que há aceitação à abordagem mesmo de quem demonstra resistência à política. Para ele, esse é o principal ganho da mobilização social iniciada em 2013. "A ideia de que 'ninguém me representa' movimentou a sociedade. As pessoas estão muito críticas à política, mas estão prestando atenção, conversando sobre política. De tudo que aconteceu, se houve algo de positivo, é que se politizou a sociedade", conclui.