As histórias de pessoas que se tornam empreendedoras em meio à tranquilidade de um passeio turístico

Viajar desperta criatividade para abertura de negócios


As histórias de pessoas que se tornam empreendedoras em meio à tranquilidade de um passeio turístico

A engenheira de Porto Alegre Larissa de Sordi, 32 anos, que por muito tempo fez cálculos de custos de asfaltos, hoje resolve contas para abastecer a cozinha de seu restaurante, que foi todo inspirado em suas viagens à Itália. Na primeira vez que visitou o país europeu, ela se apaixonou pelos seus recantos. Por isso, em 2015, embarcou ao destino novamente, mas, dessa vez, focada em trazer os conceitos que usaria no recém-inaugurado Zola Enococina, no bairro Assunção, na Zona Sul da capital gaúcha.
A engenheira de Porto Alegre Larissa de Sordi, 32 anos, que por muito tempo fez cálculos de custos de asfaltos, hoje resolve contas para abastecer a cozinha de seu restaurante, que foi todo inspirado em suas viagens à Itália. Na primeira vez que visitou o país europeu, ela se apaixonou pelos seus recantos. Por isso, em 2015, embarcou ao destino novamente, mas, dessa vez, focada em trazer os conceitos que usaria no recém-inaugurado Zola Enococina, no bairro Assunção, na Zona Sul da capital gaúcha.
Até os quadros do local, que acomoda 52 pessoas (22 na área interna e 30 na externa), foram feitos a partir de fotos tiradas por Larissa. "As plantas do deck são encontradas por tudo na Itália. A cor terracota também é característica de lá", detalha, fazendo referência às suas lembranças como turista. A família da engenheira é de origem italiana e para os Sordi a refeição é sempre um evento.
Isso contou muito na hora de pensar o negócio e pedir demissão de seu emprego. Ao buscar auxílio de um coach, ele questionou Larissa o que mais gostava de fazer. A resposta foi: beber vinho. Começou, então, a mirabolar como poderia viver com algo que envolvesse a bebida. E a solução, concluiu, era misturar com comida.
Quando Larissa decidiu o que seria o Zola Enococina, procurou se qualificar no assunto, uma vez que o empreendedorismo é algo novo em sua vida. Fez um curso básico de cozinha e participou do projeto Polo Gastronômico, do Sebrae. "Durante um ano, frequentei eventos e ali peguei contatos muito bons", avalia. Através do Polo, lembra, engatilhou consultorias para a montagem dos equipamentos da linha de produção - algo que, para quem não é do ramo, carrega complexidade.
O Zola, que funciona na avenida Copacabana, nº 721, oferece duas opções de pratos do dia sugeridos pelo chef do local, além de um cardápio à la carte. De terça a sexta-feira, o almoço sugerido custa R$ 35,00. Aos sábados, R$ 45,00. A refeição inclui entrada e sobremesa.
Larissa, que sofria de insônia por causa das preocupações do trabalho e por se sentir perdida quanto ao seu destino profissional, conta que, nesta nova fase, consegue dormir sossegada. E é algo que ela relaciona também aos seus passeios pelo mundo. "A viagem faz tu cuidares de ti mesma", entende ela, que adora fazer roteiros sozinha para se descobrir.

A empresa de energia inspirada na realidade europeia

Foi durante o tempo em que morou na Espanha que o engenheiro mecânico Marcus Purper, 47 anos, projetou sua empresa de eficiência energética, a Studioeffi. O negócio ganhou visibilidade recentemente, devido a um projeto de árvores solares instalado como compensação ambiental da obra do ParkShoppingCanoas, da Multiplan.
Marcus morou fora por dois anos, até 2013, para fazer mestrado. "Tive a oportunidade de conhecer obras, museus e cidades que inspiram o meu dia a dia", diz ele. Quando um engenheiro da Multiplan o procurou para desenvolver uma solução sustentável - após conversa durante um evento -, Marcus lembrou justamente do Museu Guggenheim Bilbao. Ele ainda guarda na memória a imagem de um urso constituído de plantas, instalado em frente ao local.
A fim de causar uma mudança de paradigma na cabeça das pessoas de seu Estado, desenvolveu a ideia das árvores fotovoltaicas, de nove metros de altura. Há três delas no Parque Getúlio Vargas, em frente ao local onde está sendo construído o complexo comercial. Cada uma produz em torno de 180 KWh por mês. Para efeito de comparação, a energia é suficiente para manter acesas 37 lâmpadas de 20 w durante oito horas diárias. "As pessoas não acreditam que o sol dá energia de graça. Estamos tentando derrubar esses pensamentos", conta, sobre sua empresa.
A viagem à Europa abriu a cabeça de Marcus, como ele mesmo descreve. "Me mostrou que é possível trabalhar igual a eles (os europeus), ter a mesma qualidade de vida. Falta, é claro, o apoio que eles têm em termos de carga de impostos", avalia.
Antes de empreender, aos 39 anos, o engenheiro trabalhou na indústria automotiva. E considera que sua entrada na vida de próprio chefe foi tardia - e se arrepende por isso. "Eu podia ter aprendido muito mais", reflete.

Dos roteiros de vinhos à food bike temática

Taila e Paulo Finn, de 31 e 33 anos, respectivamente, tiveram o insight de seu negócio durante uma viagem à Nova Iorque, no ano passado. A dupla percebeu que no exterior é comum a venda itinerante de vinho em taças e resolveu trazer a tradição a Porto Alegre. A forma mais economicamente viável foi a compra de uma food bike e um reboque para transportá-la. Juntos, os equipamentos para a concretização da D'Vino somaram cerca de R$ 15 mil.
Apesar de os Estados Unidos significarem a decisão de embarcar no empreendedorismo, já que a ideia surgiu em território norte-americano, as várias viagens do casal é que deram cara à empresa. "Sempre encaixamos nossos passeios com tours de vinhos", conta Paulo, que já teve o sonho de ter uma vinícola. Entre os destinos carimbados nos passaportes do casal estão Uruguai, Chile, Estados Unidos (Califórnia, Nova Iorque e Flórida), África do Sul, Alemanha e Portugal. As próximas paradas dos "enoturistas" serão França e Espanha - ainda sem data definida.
Tanto Taila quanto Paulo têm carreiras estáveis. Ela como advogada, ele como contador. A bike de vinhos serve como um hobby para os fins de semana. A dupla já conseguiu faturar cerca de R$ 10 mil em um único mês com bastante eventos, através de sua carta de 42 rótulos.
Prova de que a D'Vino abriu os horizontes de Paulo é o fato de ele também ter apostado em seu próprio escritório de Contabilidade após a experiência. "É nossa válvula de escape", define Taila.