Natasha Kuhn e Felipe Minella abriram brechó no bairro Sarandi após experiência bem sucedida entre vizinhos do Ecoville

Os negócios que começam no condomínio


Natasha Kuhn e Felipe Minella abriram brechó no bairro Sarandi após experiência bem sucedida entre vizinhos do Ecoville

Condomínios populosos - alguns com quantidade de pessoas similar à de localidades do Interior - são cada vez mais comuns nas grandes cidades. Em um com 400 casas, no bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre, moram Natasha Kuhn, psicóloga, de 37 anos, e Felipe Minella, engenheiro, de 36. Foi ao perceberem que seus vizinhos tinham potencial para virar clientes e parceiros que o casal criou o EcoBrechó Infantil - primeiro dentro do próprio Vivendas Ecoville, no sótão de 20 metros quadrados, agora em um ponto comercial fora dele, num espaço de 350 metros quadrados.
Condomínios populosos - alguns com quantidade de pessoas similar à de localidades do Interior - são cada vez mais comuns nas grandes cidades. Em um com 400 casas, no bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre, moram Natasha Kuhn, psicóloga, de 37 anos, e Felipe Minella, engenheiro, de 36. Foi ao perceberem que seus vizinhos tinham potencial para virar clientes e parceiros que o casal criou o EcoBrechó Infantil - primeiro dentro do próprio Vivendas Ecoville, no sótão de 20 metros quadrados, agora em um ponto comercial fora dele, num espaço de 350 metros quadrados.
O despertar para o negócio se deu quando o filho de Natasha e Felipe, Lucca, atualmente com três anos, nasceu. Entre conversas nas áreas comuns do residencial com outras mães, a psicóloga percebeu que muitas roupas dos pequenos nem chegavam a ser usadas. Ou eram vestidas tão poucas vezes que deveriam ser reaproveitadas.
Um grupo criado no Facebook pelo condomínio, o Vi "Vendas e Trocas", impulsionou o embrião do brechó desde o início. Tanto que a babá do menino, Lisiane Piquelet, fazia as vezes de vendedora em um dos turnos do trabalho. "Sempre conseguimos pagar a Lisiane só com o brechó", diz Felipe.
A perda do emprego de 12 anos na Gerdau fez Felipe olhar para o projeto, que funcionou por sete meses em casa, ainda com mais seriedade. Quando ele e Natasha postaram na página a intenção de transformar o negócio entre vizinhos em algo profissional, se formou um verdadeiro exército.
Como Natasha retrata, o Ecobrechó contou com a ajuda de cinco casais de vizinhos com perfis distintos: (1) o casal financeiro (que deu sugestões de como Felipe deveria usar seu dinheiro da rescisão para iniciar a operação), (2) o casal designer (responsável pela criação do perfil no Facebook e com dicas de como anunciar na rede social), (3) o casal da logomarca, (4) o casal comercial (com experiência em representações e com a função de dar sugestões de fornecedores de marcas) e (5) o casal estoque (que já tinha um brechó caseiro, mas que queria se desfazer das peças). "Se não fosse o condomínio, não teríamos colocado a loja. Nenhum de nós dois tinha experiência com isso", conta Natasha.
Após um investimento de R$ 200 mil para montar a estrutura na rua Zeferino Dias, nº 13, inaugurada em novembro de 2015, hoje o faturamento varia entre R$ 42 mil e R$ 62 mil por mês. Felipe já até recebeu convites para voltar ao mercado de trabalho, mas resolveu ficar na empresa própria, que emprega quatro pessoas - entre elas, Lisiane. E a estreia no empreendedorismo começou do jeito certo, pelo que aprenderam. "O reaproveitado vai a favor da crise", analisa Natasha, sobre o mercado em que atuam.

Com as malas prontas para abrir a loja para meninos

Através de um sistema que chama de "malas agendadas", a administradora de Porto Alegre Paola Cabistani, 33 anos, começou seu negócio de roupas infantis no condomínio onde mora, na Zona Sul da cidade, com 250 apartamentos. A logística é simples: ela deixa uma mala com cerca de 25 peças de roupa com o cliente e após dois dias retorna para receber o pagamento do que foi escolhido. A Basicolando funciona desde 2013 e já vendeu cerca de 700 itens em um único mês. E, agora, vai ganhar loja própria, na avenida Cavalhada, nº 2.155.
A escolha por começar no condomínio não foi planejada, mas natural. "Eu já frequentava a pracinha e conversava com outras mães. Aí fui oferecendo minhas coisas. Vi que tinha mercado", conta. Para ela, o conjunto habitacional é um facilitador nas vendas porque os vizinhos acabam divulgando através de um "boca a boca" poderoso. E isso se reflete para bem além da porta de casa.
"(A expansão) Começou com o condomínio na frente do meu. Depois, cresceu para diversos bairros", explica. Com os bons resultados, a inauguração da loja física, em novembro deste ano, terá como foco o público infantil masculino.
Mesmo na fase de empresária, Paola pretende continuar com o sistema de malas. A praticidade, segundo ela, é essencial para o seu público-alvo, as mães. "Elas têm muitas coisas para fazer. O tempo é cada vez mais relevante. O fato de eu levar e buscar os produtos e dar tempo para elas olharem com calma é muito importante", explica.
Pensando ainda na praticidade do público, Paola escolheu colocar a loja no seu bairro. Ela planeja, também, dividir o negócio em setores, conforme a idade das crianças. E em cada um deles deve colocar um espaço kids adequado à maturidade do pequeno, para que possa brincar enquanto a mãe faz as compras. É para manter a cara de casa no ambiente comercial.
 

Atenção às regras de convivência

Antes de iniciar um negócio no condomínio, é essencial saber qual a posição da convenção sobre isso. A síndica profissional Mauren Amaral Gonçalves, dona da VRM Síndicos Profissionais, esclarece que os proprietários dos imóveis têm o direito de realizarem o exercício de suas atividades em casa, desde que não causem prejuízos à coletividade. Veja, abaixo, alguns alertas de Mauren, que atua no ramo há 29 anos e administra oito conjuntos atualmente.
- Em vez de julgar os vizinhos, os moradores precisam lembrar que, com a violência urbana, trabalhar em casa pode significar qualidade de vida;
- Cada vez mais pessoas estão optando pelo home office, sobretudo profissionais liberais;
- O simples veto na convenção de condomínio não é instrumento suficiente para proibir o proprietário de realizar o exercício profissional. Tem de se analisar o prejuízo que causa à coletividade;
- É direito do proprietário fazer o uso do imóvel da forma que lhe convir, desde que não coloque em risco o sossego e a segurança dos demais;
- Existem casos de excessos e abusos que acabam por desviar a natureza residencial do condomínio. Trabalhar em casa não é sinônimo de possuir uma verdadeira empresa funcionando ali;
- Muito uso de energia ou água em demasia, como lavar roupa para fora, pode refletir na oneração do condomínio.
 

Tem açúcar?

Falando em negócios entre vizinhos, o Tem Açúcar? é um aplicativo que foi criado para empréstimos sem a necessidade de bater de porta em porta. A ideia é que o usuário busque o item que esteja precisando, desde furadeira à barraca de acampamento, e a plataforma localiza alguém próximo disposto a ceder.