Juros do cheque especial chegam a 321% ao ano e batem recorde

Por

Os juros do cheque especial bateram novo recorde. As famílias que ficam no vermelho têm de arcar com uma taxa de 321,1% ao ano: é a maior taxa desde que o Banco Central passou a registrar os dados em 1994. De acordo com os dados do Banco Central, o custo dessa modalidade de crédito subiu 2,7 ponto percentual no mês de agosto. A alta ocorreu apesar da queda geral das taxas de juros para as famílias. Em média, os bancos cobram 41,9% ao ano em financiamentos de todos os tipos para pessoas físicas, um patamar 0,2 ponto percentual menor que no mês anterior.
Outra taxa de juros alta é a do rotativo do cartão de crédito. Em agosto, na comparação com o mês anterior, houve alta de 3,5 pontos percentuais, para 475,2% ao ano. Neste ano, essa taxa já subiu 43,8 pontos percentuais. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão.
A taxa média das compras pagas com juros, do parcelamento da fatura do cartão de crédito e dos saques parcelados subiu 0,8 ponto percentual e ficou em 152,2% ao ano.
A taxa do crédito pessoal aumentou 0,1 ponto percentual para 132,3% ao ano. Já a do consignado (com desconto em folha de pagamento) também subiu 0,1 ponto percentual para 29,3% ao ano.
Já a taxa média de juros cobrada das famílias caiu 0,1 ponto percentual de julho para agosto, quando ficou em 71,9% ao ano. A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas ficou estável em 6,2%.

Queda do estoque de crédito é a primeira da série

A recessão, o aumento dos juros e a queda da confiança desidrataram o mercado de crédito brasileiro e, pela primeira vez desde 2007, o estoque de empréstimos e financiamentos caiu na comparação com um ano antes. Segundo o Banco Central, o estoque de crédito às famílias e empresas somou R$ 3,11 trilhões em agosto, valor 0,6% menor que o registrado um ano antes.
Desde o início da série histórica, em 2007, o estoque de crédito sempre cresceu em termos nominais. Em pleno estouro da crise internacional, em outubro de 2008, o estoque de financiamentos chegou a crescer com ritmo anual de 34,2% naquele mês. Em 2009, a média do crescimento anual da carteira ficou em 20,9%. Em 2010, o ritmo diminuiu um pouco para 18,7%.
Com a crise econômica, o mercado de crédito tem vivido desaceleração e, desde junho de 2015, o estoque não crescia mais com taxas de dois dígitos. Em junho e julho de 2016, a carteira cresceu com ritmo anual inferior a 1%.