Centrais protestam na Capital contra reformas

Atos fecharam garagens de ônibus, impedindo a saída de veículos

Por Bruna Oliveira

Participantes percorreram os principais acessos ao Centro Histórico
A manhã desta quinta-feira foi marcada por diversos protestos no País contra as reformas dos direitos trabalhistas propostas pelo governo federal. Em Porto Alegre, centrais sindicais como CUT, CTB, UGT, Força Sindical, Nova Central, Intersindical e CSP-Conlutas se concentraram, no início da manhã, em frente às principais garagens de ônibus da Capital. Os atos aconteceram em diversas cidades, como Pelotas e Santa Maria, e fazem parte do Dia Nacional de Paralisação.
Os manifestantes pedem pela manutenção e melhoria dos direitos sociais e trabalhistas, como a aposentadoria e a CLT. "Este é um ato unitário das centrais sindicais e faremos tantos quantos forem necessários para garantir que não metam a mão no nosso bolso", afirmaram os manifestantes em caminhada pelas ruas da Capital. Ao passar em frente à sede do PMDB, na avenida João Pessoa, o grupo gritou palavras de ordem contra o presidente Michel Temer e o seu partido.
Em vários pontos da cidade, a manifestação teve reflexos no trânsito. Na avenida Farrapos, bairro São Geraldo, uma grande fila se formou no corredor de ônibus. Linhas da Capital e da Região Metropolitana se aglomeravam nas imediações. No cruzamento das avenidas João Pessoa e Borges de Medeiros, o bloqueio do trânsito também causou congestionamento entre carros e linhas de ônibus.  
No início da manhã, os bloqueios fecharam as garagens da Trevo, VTC, Nortran, Sopal, Sudeste e Gasômetro, afetando a saída de algumas linhas de ônibus. Com exceção da Carris, todos os consórcios foram afetados, informou a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Conforme a EPTC, os ônibus começaram a circular com mais de uma hora de atraso.
As garagens foram liberadas por volta das 7h. Os manifestantes seguiram em caminhada em direção ao Centro da Capital. Outro grupo de manifestantes bloqueou duas faixas da BR-290, próximo à ponte do Guaíba, sentido Interior-Capital, também em caminhada em direção ao Centro.
No fim da tarde, os sindicalistas se uniram ao ato contrário ao governo Temer, na Esquina Democrática, no Centro Histórico da Capital. Em nota, a Força Sindical afirmou que "as propostas anunciadas pelo governo, como as reformas da Previdência e da legislação trabalhista, mostram que, mais uma vez, querem jogar a conta da crise econômica nas costas dos trabalhadores, que não concordam em pagar mais uma dívida que não contraíram".
As reformas, principalmente a trabalhista, chegaram a ser prometidas para serem enviadas neste mês ao Congresso, mas o governo recuou. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou, na quarta-feira, que o projeto só será apresentado no segundo semestre de 2017 e que antes a prioridade é o ajuste fiscal do governo.  

Manifestações ocorreram também em 23 cidades do País

Nos protestos pelo País, os dirigentes sindicais afirmaram que as propostas de reforma da Previdência e da CLT colocam sobre as costas dos trabalhadores os custos de superação da recessão econômica. As manifestações ocorreram também em Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Em Salvador, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) compareceu. 
Os sindicalistas se dividem sobre o tema - a CUT é contra qualquer mudança, já a Força negocia com o governo -, mas há consenso de que essas mudanças não devem valer para quem está ativo hoje no mercado. Foi a segunda vez que as centrais se uniram contra os alvos comuns. A primeira foi em ato no dia 16 de agosto. 
Os organizadores estimaram em mais de 82 mil participantes em 23 cidades. O maior ato contra Temer foi em Salvador, na Bahia, que teria reunido cerca de 50 mil participantes, segundo as centrais. A Polícia Militar não deu estimativa. 
Apesar do adiamento da reforma trabalhista para o segundo semestre de 2017, o tema ainda foi um dos principais alvos dos discursos dos sindicalistas, que se opõem a mudanças na lei. Além da oposição às reformas, os líderes sindicais também criticaram a ampliação da terceirização para atividades-fim e mudanças na regra de exploração do pré-sal.