Grupo Thyssenkrupp e Microsoft investem em nova tecnologia para manutenção de elevadores

HoloLens possibilitará orientação holográfica e apoio técnico na manutenção de elevadores

Por Jefferson Klein

Sistema inspeciona mais de 100 andares em 60 segundos, como ocorreu no prédio OWTC, em Nova Iorque
A indústria de elevadores levou muito a sério o ditado "tempo é dinheiro". A prova disso é que, depois de o grupo Thyssenkrupp ter desenvolvido modelos que fazem mais de 100 andares em menos de 60 segundos, como pode ser observado no One World Trade Center (OWTC), em Nova Iorque, a empresa busca agora agilizar os processos de manutenção e consertos. Para isso, a companhia, em parceria com a Microsoft, lançou a solução HoloLens.
A divulgação da tecnologia foi realizada justamente no icônico prédio dos Estados Unidos, chamado popularmente de Freedom Tower, na quinta-feira passada. O equipamento consiste em uma espécie de óculos que possibilita ao usuário ver uma projeção holográfica da peça que será submetida ao processo de manutenção, conjuntamente com a apresentação de janelas de comandos, similares às que aparecem em uma tela de computador. Um cenário semelhante ao que pode ser visto no filme de ficção científica Minority Report. Porém, o dispositivo do mundo real permite ainda que o operador que estiver usando o HoloLens transmita as imagens do elevador que passará pelo serviço para um outro técnico que, à distância, poderá auxiliar o seu colega repassando conselhos.
De acordo com o CEO da Thyssenkrupp Elevator, Andreas Schierenbeck, a expectativa é de que a ferramenta diminua, em média, pela metade o tempo necessário para atender a uma demanda, assim como servirá de instrumento de treinamento de pessoal. Os benefícios são enormes, já que, segundo o executivo, existem atualmente cerca de 12 milhões de elevadores no mundo, que transportam cerca de 1 bilhão de pessoas por dia. A estimativa da Thyssenkrupp é que as receitas globais dos trabalhos relacionados a elevadores devem aumentar 4,9% por ano até 2019, atingindo o total de US$ 56,3 bilhões.
O diretor da Microsoft Azure IoT, Sam George, destaca que, com o novo produto, o diálogo entre o técnico que está em contato direto com o elevador e o outro profissional que pode lhe ajudar com alguma informação mais específica é feito em tempo real, o que viabiliza uma resposta mais rápida aos problemas. O gerente-geral para o Microsoft HoloLens, Scott Erickson, acrescenta que é um aparelho que não requer fio, totalmente móvel, o que permite a quem o utiliza ficar com as mãos livres, contribuindo para a operacionalidade do sistema. Cada equipamento teve um custo inicial de cerca de US$ 3 mil e, nesse primeiro momento, a Thyssenkrupp fará uso de aproximadamente 50 HoloLens. Entre os edifícios que contarão com o aproveitamento do aparelho está o One World Trade Center, edifício que se destaca na paisagem da Ilha de Manhattan. Com 1.776 pés (referência ao ano de independência dos Estados Unidos e que equivale a 541,3 metros), a construção tem 15 metros a mais do que as antigas torres gêmeas, sendo a mais alta nos Estados Unidos atualmente.
No One World Trade Center, a Thyssenkrupp Elevator instalou 71 elevadores e 12 escadas rolantes, que atendem aos 104 andares do edifício. A presença de tecnologia proveniente do Rio Grande do Sul também pode ser percebida nos elevadores do prédio, que possuem o sistema de corrediças ativas, projetado na planta que a Thyssenkrupp possui em Guaíba. Esses dispositivos são instalados embaixo dos elevadores. A ação reduz as vibrações da cabina em até 50%, deixando-a mais estável e com maior conforto para os passageiros.

Modernização de produto na planta gaúcha avança

O sistema de corrediças ativas elaborado em Guaíba, onde estão instalados o parque fabril e a matriz da Thyssenkrupp Elevator no Brasil, já conseguiu alcançar o nível de performance esperado pela empresa quanto à diminuição das vibrações sentidas nos elevadores. O próximo passo será reduzir o custo do produto em cerca de 30% e deixá-lo mais compacto. O gaúcho e vice-presidente mundial de desenvolvimento de produto da companhia, Fábio Speggiorin, adianta que o aprimoramento será finalizado pela planta do Rio Grande do Sul antes que 2016 acabe.
O executivo detalha que as oscilações percebidas na cabina acontecem quando o trilho pelo qual o elevador faz o seu percurso fica desalinhado, algo que é mais frequente de acontecer em edifícios muito altos e quando há uma grande velocidade envolvida no deslocamento. Speggiorin frisa que a alternativa das corrediças ativas é adotada em prédios de diversos países, como Estados Unidos, Alemanha, China, entre outros. Já os primeiros testes com os novos modelos, menores e mais baratos, estão sendo feitos na Coreia do Sul.
Globalmente, a Thyssenkrupp Elevator verificou vendas de € 7,2 bilhões no ano fiscal de 2014/2015, tendo clientes em 150 países. O portfólio da companhia, que emprega mais de 50 mil funcionários, inclui elevadores de passageiros e de cargas, escadas e esteiras rolantes, pontes para embarques de passageiros em aeroportos, escadas e plataformas elevatórias, além de soluções feitas sob medida.
No Brasil, a empresa gera em torno de 4 mil postos de trabalho e registrou faturamento de R$ 1,2 bilhão no ano fiscal de 2014/2015. A unidade no Estado atende ao mercado brasileiro e também exporta para a América Latina. No País, são 63 filiais e postos de serviços localizados em diferentes cidades.