Companhia francesa elege o Brasil para lançar novo jato

Presidente da empresa destaca importância do País para o mercado de aviões de uso corporativo

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Dassault Falcon 8X, apresentado na feira Labace, realizada em São Paulo, é uma evolução do modelo 7X
A fabricante francesa Dassault Falcon ignorou a crise brasileira e escolheu a Labace para exibir ao público pela primeira vez o seu novo modelo de luxo, o jato Falcon 8X. A maioria das concorrentes, como Gulfstream e Bombardier, trouxe, neste ano, jatos que já foram apresentados em edições anteriores.
A fila para conhecer o interior do Falcon 8X era a maior da Labace. Com preço de tabela de US$ 60 milhões, o jato é capaz de voar sem escalas entre São Paulo e Moscou. O modelo é uma evolução do jato Falcon 7X, considerado um dos "queridinhos" de empresários brasileiros como Abilio Diniz e Alexandre Grendene.
O presidente mundial da Dassault Falcon, Jean Rosanvallon, justificou a escolha do Brasil para apresentar o modelo pelo sucesso do modelo anterior, o 7X, que tem entre 15 e 20 unidades operando no no Brasil. "O 7X foi o modelo que fez o maior sucesso no segmento de aeronaves de cabines grandes no Brasil. Queremos que os empresários, que são donos hoje de um 7X, considerem o 8X quando forem renovar sua frota", afirmou Rosanvallon.
Até o momento, o modelo 8X tem cerca de 20 encomendas, quatro delas feitas por clientes brasileiros. O Brasil é um dos cinco maiores mercados da Dassault Falcon, segundo Rosanvallon. O executivo francês diz que a empresa sentiu a crise que assola o mercado brasileiro, mas quer manter a marca forte no País para quando a retomada do mercado acontecer.
"Nós vendemos a primeira unidade no Brasil há 40 anos. Sabemos que a economia tem altos e baixos", disse Rosanvallon, ressaltando que seus clientes são empresários com negócios internacionais e que ainda precisarão viajar pelo mundo.
Ele espera uma retomada no crescimento do Brasil após a melhora no cenário político. "Agora, as pessoas conseguem ver uma luz no fim do túnel e há boas perspectivas para 2017", finalizou.

Frota executiva recua e a feira fica menor neste ano

Principal evento do setor de aviação executiva da América Latina, a feira Labace abriu as portas no dia 30 de agosto, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com menos pompa que o usual. Foram 43 aeronaves expostas, menos do que as 52 que estavam no evento do ano passado e bem abaixo das cerca de 70 de 2012, o melhor ano da feira. Os fabricantes também foram mais contidos no evento deste ano - trouxeram poucas novidades e até deixaram de fora dos estandes seus aviões "top de linha".
O cenário reflete um dos piores momentos da aviação executiva no Brasil. A frota cresceu apenas 1,2% em 2015, para 15.290 unidades. A expansão foi puxada pela venda de aeronaves turboélices, que são mais baratas do que os jatos, e tiveram alta de 3,6% na frota. Já o total de jatos caiu 2,7% em 2015, e sua idade média ficou maior.
"Tivemos saída de aviões do Brasil. Com o País em crise e o dólar mais forte, muitas empresas venderam sua frota para fazer caixa", explica Leonardo Fiuza, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) e da TAM Aviação Executiva. Com a frota reduzida, as empresas perdem duplamente - com a queda nas vendas de aviões novos e também com a retração de serviços de apoio. "O setor perdeu cerca de 30% do seu faturamento", resume.
Em meio à crise, a Embraer reduziu há um mês sua projeção de entregas de jatos executivos em 2016, que prevê entre 105 e 125 unidades, 10 a menos do que na previsão anterior. "Hoje, existe mais oferta do que demanda no mercado. Isso traz uma severa pressão nos preços, o que exige que as empresas façam ajustes", explicou o presidente da Embraer Aviação Executiva, Marco Tulio Pellegrini. Ele lembra que o mercado global nunca recuperou a demanda que tinha antes da crise americana de 2008, de cerca de 1.300 jatos executivos. Após 2009, a demanda do mercado se estabilizou em torno de metade disso.
"Não esperamos aceleração significativa na demanda em 2017 e 2018", afirmou Pellegrini, ressaltando que o caminho é investir no aprimoramento da oferta de serviços para os clientes. Neste ano, a Embraer não expôs o jato de luxo Lineage 1000E. Pellegrini contou que o modelo de exibição está nos Estados Unidos e que trazer o avião "é um custo que não se justificava nesse cenário".
A Líder Aviação Executiva, uma das maiores empresas do setor, expôs este ano apenas uma unidade: o Hondajet, lançado no Brasil no ano passado. Até então, a empresa também vendia modelos da Bombardier, mas o contrato de representação não foi renovado.
A superintendente da Líder, Junia Hermont, explica que nenhum avião novo foi comercializado neste ano, mas que a venda de usados aumentou. Ela ressalta que a empresa está conseguindo manter o faturamento, de R$ 1 bilhão em 2015, neste ano. "É um resultado excepcional nesse cenário", diz.
Segundo Junia, a empresa cortou custos, como bases deficitárias, e diversificou suas receitas. Os ganhos com vendas de aviões usados, de cotas de aeronaves compartilhadas e de serviços aeroportuários compensaram as perdas com a venda de aviões novos.