Repasse não deve aliviar situação dos filantrópicos

Pagamentos são vistos com bons olhos pela Federação das Santas Casas

Por Suzy Scarton

Principais hospitais filantrópicos do País entraram com uma ação conjunta contra a União
O anúncio do pagamento de R$ 182 milhões por parte da Secretaria Estadual da Saúde (SES) aos hospitais gaúchos foi visto com bons olhos pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul. Embora não resolva a situação das instituições, que já devem R$ 1,4 bilhão aos bancos, a garantia de um repasse mensal alivia a pressão. No total, a dívida do Estado com os filantrópicos chega a R$ 144 milhões.
Segundo o presidente da federação, Francisco Ferrer, o fato de o governo ter anunciado um cronograma é positivo. "Até agora, não tínhamos isso, havia incerteza quanto à data de recebimento", comenta. A pasta anunciou o pagamento da competência de julho, referente aos programas criados para atender a necessidades específicas, como saúde mental e maternidade, e equivalente a R$ 36 milhões, e o pagamento de 50% do valor de fevereiro, também relativo aos programas, no valor de R$ 18 milhões. Ainda seguem em atraso o restante do mês de fevereiro e a integralidade de março, abril e maio, cuja quitação será feita em oito parcelas.
No entanto, Ferrer considera que esse repasse não é a solução. "Os hospitais enfrentam problemas seríssimos de disponibilidade de recursos, e isso resulta no atraso de pagamentos, tanto de funcionários como dos fornecedores", pondera. Para ele, ainda é necessário discutir a suspensão do cofinanciamento.
Desde 2014, o Estado parou de repassar um valor que era aplicado em incentivos, equivalente a R$ 300 milhões em 2015 e R$ 298 milhões em 2016. "Mensalmente, o Estado é obrigado a repassar 12% da receita líquida à saúde. Porém, dentro desse valor, estão recursos destinados ao IPE, por exemplo, que não são exclusivos à saúde, visto que o IPE também engloba a Previdência. Isso poderia ser revisto, se não para esse ano, para 2017", sugere.
O presidente também responsabiliza a União no que diz respeito ao atraso nos investimentos. Por isso, no último dia 15, os principais hospitais filantrópicos do País entraram com uma ação conjunta contra a União. No Estado, oito instituições participaram: o Hospital Pompeia, de Caxias do Sul; o Hospital de Caridade, de Ijuí; o Hospital Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul; os hospitais São Lucas e Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre; a Santa Casa de Pelotas; e o Hospital Bruno Born, de Lajeado.
O pedido envolve o bloqueio das contas da União no valor equivalente ao déficit mensal de cada uma das instituições. No Hospital Pompeia, do qual Ferrer é gestor, o custeio é de R$ 1,3 milhão. Além disso, os hospitais também pedem uma indenização, referente aos últimos cinco anos, do valor que é devido pelo governo federal a cada uma das instituições.
Dos R$ 182 milhões que serão pagos pela pasta, R$ 122 milhões são oriundos de recursos estaduais e R$ 60 milhões, de recursos federais. Os pagamentos compreendem R$ 76 milhões de julho, R$ 86 milhões de incentivos estaduais e R$ 20 milhões da dívida com as instituições. Esses repasses englobam todos os hospitais gaúchos, e não apenas os 245 filantrópicos.
No entanto, a dívida do Estado para com os hospitais não é a única. Segundo a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), o Estado deve R$ 84 milhões aos municípios, uma vez que se tratam de recursos diferentes. Essa verba que será paga em oito parcelas não passa pelas prefeituras. Em 2016, os municípios só receberam o valor referente a janeiro, fevereiro e março. As cidades que estão recebendo em dia foram aquelas que judicializaram a questão, como Porto Alegre.

Secretaria desmente caso autóctone de chikungunya em Porto Alegre

Com a recente liberação de resultados de exames laboratoriais, a Secretaria Municipal da Saúde revisou os números da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya em Porto Alegre. A pasta confirmou 354 casos de dengue (301 autóctones e 53 importados), 27 de zika (15 autóctones e 12 importados) e 30 casos importados de chikungunya na Capital.
Com a revisão dos dados, o primeiro caso autóctone de chikungunya, em um morador do bairro Itú-Sabará, registrado em maio, foi descartado. O exame que identifica o vírus encontrado no corpo do paciente deu negativo para a doença. O resultado divulgado foi uma reação cruzada com outra virose. Assim, Porto Alegre não registrou nenhum caso autóctone de chikungunya em 2016. A revisão também acrescentou um caso autóctone de dengue. Outros três casos suspeitos de chikungunya, de um mesmo núcleo familiar, também foram descartados.
Segundo a pasta, a situação remete ao que já vem sendo discutido no meio científico a respeito das possibilidades de reação cruzada desses exames sorológicos, tanto de chikungunya quanto de dengue, para outras viroses.