França pede fim de pacto comercial entre UE e EUA

Em setembro, deve ser solicitada cessão da Parceria Transatlântico

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O ministro do Comércio da França, Matthias Fekl, pediu um fim às negociações comerciais entre a União Europeia (UE) e os EUA, um firme sinal de que a oposição na Europa não deseja o que seria um dos mais ambiciosos acordos comerciais em décadas. Fekl disse que usaria a ocasião de uma reunião de ministros do Comércio no final de setembro para pedir à Comissão Europeia, o braço executivo da UE, para acabar com as negociações sobre a Parceria de Comércio e Investimento Transatlântico, geralmente conhecida como TTIP.
"A França não apoia politicamente estas negociações", disse Fekl ontem a uma rádio francesa. "Os americanos não estão nos dando nada", acrescentou. "Não é assim que aliados devem negociar". Os comentários de Fekl ressaltam como o ceticismo com a liberalização do comércio está crescendo em ambos os lados do Atlântico, alimentado por críticos que dizem que as ofertas tendem a diminuir os salários domésticos, ameaçam a proteção regulamentar e minam a identidade nacional.
Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama enfrenta uma dura batalha no Congresso para passar um outro acordo comercial importante, a Parceria Trans-Pacífico. O candidato Donald Trump e o senador Bernie Sanders reforçaram suas posições durante a corrida presidencial, opondo-se fortemente aos acordos comerciais, colocando pressão sobre a candidata democrata Hillary Clinton ao adotar uma postura mais cética.
Na Europa, os políticos das maiores potências econômicas do bloco, França e Alemanha, encontram-se sob o fogo para apoiar as negociações com os EUA. Marine Le Pen, chefe do partido de direita Frente Nacional da França, tem repetidamente atacado o presidente francês, François Hollande, por concordar em lançar as negociações, colocando pressão sobre ele para reverter o curso.
Ontem, Hollande também lançou dúvidas sobre o futuro das negociações, chamando os resultados até agora de "desequilibrados". Não está claro como o resto da Europa iria reagir ao pedido da França para parar as negociações. A comissão tem um mandato dos 28 Estados-membros do bloco para prosseguir com as negociações. É necessário que todos os membros da UE aprovem o negócio para concluir as negociações.
O acordo visa eliminar quase todas as tarifas e reduzir a burocracia reguladora que atua para limitar o comércio, estabelecendo o que seria efetivamente uma vasta zona de livre comércio transatlântico. Mas as negociações se arrastam há mais tempo do que o esperado, enquanto os temores persistem na Europa de que o negócio exigiria a região para aceitar tecnologias apoiadas pelos EUA, tal como as culturas biotecnológicas, a que a maioria dos europeus se opõe.

Ministro da Economia francês renuncia ao cargo

O ministro da Economia da França, Emmanuel Macron, entregou sua renúncia ao presidente François Hollande. O movimento acontece em meio a especulações de que Macron, o ministro mais popular do governo do Partido Socialista, considera candidatar-se à presidência nas eleições francesas do ano que vem.
Segundo uma autoridade do gabinete da presidência, o cargo deve ser entregue a Michel Sapin, que o acumulará às suas funções de ministro das Finanças. Macron ainda não anunciou oficialmente sua candidatura, mas fundou um movimento político, o "En Marche!", que não se encontra "nem à esquerda, nem à direita", segundo suas próprias palavras.
Seus críticos no Partido Socialista afirmam que ele traiu ideais da esquerda ao empurrar a França em direção a um modelo de negócios mais próximo do norte-americano, com afrouxamento das regras trabalhistas. Para Emmanuel Macron, a França precisa mudar para se manter competitiva internacionalmente. Ele nunca foi eleito para um cargo, mas desta vez quer arriscar.
O ministro das Finanças, Michel Sapin, acumulará também a pasta da Economia com a saída do atual titular.