Dívida bilionária força PDG a paralisar obras

Por

Como credor, Banco Votorantim não fechou acordo com a empresa
A combinação de uma dívida bilionária com um caixa limitado tem forçado a incorporadora PDG Realty a diminuir o ritmo e até mesmo paralisar o andamento de suas obras. A situação só deverá ser minimizada com o fim da reestruturação de seus débitos com bancos, processo essencial para a sobrevivência do negócio. No primeiro trimestre, sua dívida líquida era de R$ 5,4 bilhões, enquanto o total disponível em caixa era de apenas R$ 373 milhões.
A situação é delicada para a PDG, pois o atraso nas entregas também adia a entrada de recebíveis, agravando o endividamento da empresa. A alavancagem da PDG (relação entre a dívida e o patrimônio líquido) foi a 280%, a mais alta entre as grandes incorporadoras listadas na BM&FBovespa.
Em maio, a PDG firmou memorando com seus quatro maiores credores - Caixa, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco - para discutir uma reestruturação de dívidas que somam R$ 3,7 bilhões. No documento, os bancos concordaram em reavaliar cada um dos projetos da incorporadora e estudar a concessão de crédito adicional para conclusão das obras, bem como o alongamento das dívidas destinadas às obras em 12 a 24 meses.
O Banco Votorantim (BV), um dos credores da PDG, vinha negociando desde janeiro a possível alienação de um conjunto de ativos da incorporadora para não entrar no mesmo modelo de reestruturação. No entanto, as conversas foram encerradas na semana passada, sem sucesso. Na avaliação do banco, o aporte não compensava o risco de carregamento dos ativos com o mercado em crise.

Acordo com Banco Votorantim não avançou

Fontes de mercado avaliam que não restou aos bancos outra alternativa viável a não ser renegociar dívidas da PDG. Caso optassem por executar as garantias, teriam de retomar terrenos e imóveis, muitos deles em obras. Com o mercado imobiliário depreciado, as instituições teriam de realizar um esforço enorme para terminar as obras e fazer a comercialização dos apartamentos e salas comerciais, o que não é sua especialidade.
O Banco Votorantim (BV), um dos credores da PDG, vinha negociando desde janeiro a possível alienação de um conjunto de ativos da incorporadora para não entrar no mesmo modelo de reestruturação. No entanto, as conversas foram encerradas na semana passada, sem sucesso. Na avaliação do banco, o aporte não compensava o risco de carregamento dos ativos com o mercado em crise.
Caso o acordo tivesse sido concluído, o Votorantim pagaria R$ 461 milhões à PDG pelos imóveis, além de assumir um custo a incorrer com as obras de R$ 673 milhões, mais dívidas de R$ 444 milhões relacionadas aos projetos. Ao todo, a operação alcançaria R$ 1,578 bilhão. Sem acordo, a PDG afirmou que "voltará a procurar outras alternativas para maximizar o valor" dos ativos.
Para analistas, a falta de entendimento com o Votorantim tornou ainda mais desafiadora a missão da empresa de reduzir a alavancagem. No entanto, não trouxe grandes riscos adicionais para o curto prazo, uma vez que a maior parte dos vencimentos neste ano já estão muito próximos de serem alongados, conforme o acordo firmado com os demais bancos.