ACPA: Nova fase para enfrentar os desafios do setor

Paulo Afonso Pereira é o primeiro presidente a ser eleito exclusivamente para o comando da ACPA desde 1928

Por JC

Pereira foi eleito para dirigir exclusivamente a entidade
A Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), primeira entidade empresarial fundada na capital gaúcha, em 1858, vive uma nova fase. Paulo Afonso Pereira foi o primeiro presidente a ser eleito exclusivamente para o cargo desde 1928, quando Alberto Bins concluiu seu mandato e o dirigente máximo passou a ser o mesmo da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). Desde abril deste ano, Pereira está à frente da entidade com a experiência de ser empresário, presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e diretor regional do Senai e do Senac.
Entre os desafios da atual diretoria está a expansão de seu quadro de associados e criação de benefícios e serviços. "Queremos ser uma voz ativa em favor dos comerciantes e prestadores de serviço, ajudando-os a enfrentar os desafios contemporâneos. Já nos reunimos com a prefeitura, buscando estabelecer parcerias em questões de infraestrutura, sustentabilidade, Cais Mauá, entre outros assuntos", afirma o dirigente.
A segurança pública, de responsabilidade do Estado, é uma das questões que mais preocupa a ACPA. "É preciso segurança para garantir o funcionamento das lojas, a integridade e tranquilidade dos clientes", diz Pereira. Ciente desse problema, a associação criou um comitê para tratar do assunto. O presidente conta ainda que conversou com o secretário da Segurança Pública do Estado, Wantuir Jacini, sobre as perspectivas de melhora para o setor durante o Tá na Mesa. "Nós, do comércio de Porto Alegre, assim como toda a população gaúcha, estamos na expectativa de ações que barrem o avanço da criminalidade. Nosso Comitê de Segurança tem acompanhado debates desenvolvidos em audiências públicas na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) e na Câmara Municipal para colaborar com as soluções para o problema", diz o empresário.
Além do Comitê de Segurança, a ACPA conta com os grupos de Varejo, Novos Negócios, Tecnologia e Informação, Educação, Relações Institucionais, Propriedade Intelectual, Jovens Lideranças, Marketing e Comunicação, Jurídico, Eventos Externos, Sustentabilidade e Planejamento Estratégico. Ainda são atuantes as comissões de Obras, Cais Mauá e Centro de Convenções.
Melhorar a segurança é apenas um dos temas no qual a associação trabalha. Outros problemas, aparentemente não ligados diretamente com o negócio, são importantes para o comércio e consumidores, como a recuperação de calçadas, correta colocação de lixeiras, pintura de prédios e revitalização de determinadas áreas. Segundo Pereira, a relação com a prefeitura de Porto de Alegre e o prefeito José Fortunati é boa. "Já estivemos reunidos, acompanhados do vice-presidente Raul Cohen e do advogado Newton Motta, com o vice-prefeito Sebastião Melo. Queremos proporcionar condições adequadas para o funcionamento do comércio e circulação das pessoas", garante o presidente. Mas para que isso ocorra, a associação entende que deve haver uma fiscalização mais rígida por parte dos órgãos competentes contra o comércio ilegal e os camelôs no Centro da Capital. "Manifestamos nosso repúdio ao descaso da prefeitura com esse abuso. Estão invadindo a via pública, especialmente nas imediações da Praça da Alfândega", reclama Pereira.

Varejo passa por transformação

Consumidores mais dinâmicos, conectados e informados estão fazendo com que o varejo passe por uma grande transformação. Agora, são as empresas da área de varejo e de serviços que precisam chegar até os clientes. Caso contrário, podem ser abandonadas em dois cliques. "A maioria dos varejistas do século passado fechou as portas. O varejo que não consegue inovar e atender aos novos desejos dos consumidores sofre pressão de alguém ao lado e também de outros estados do Brasil e da China. Se não inovar, morre", diz o presidente da ACPA.
Se não bastasse a exigência de inovação e constante busca pela qualidade no atendimento e preço atrativo, o comerciante ainda tem que enfrentar uma grave crise política e financeira. De acordo com Pereira, a retomada de crescimento no varejo e serviços não depende somente da gestão do empresário, mas principalmente de políticas governamentais. "A dívida pública federal cresceu 21,7% em 2015. Segundo os dados do Tesouro, nos últimos 10 anos mais que dobrou. O governo continua gastando mais do que arrecada. Por isso, precisa pagar mais pelo dinheiro oferecido pelos investidores, o que provoca uma elevação geral da taxa de juros", explica o empresário. Conforme a pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, houve uma elevação dos juros do cartão de crédito em maio passado para 15,12% ao mês, 441,76% ao ano. Essa foi a maior alta registrada desde outubro/1995. No mesmo período, a taxa do cheque especial passou para 11,54% ao mês, ou seja, 270,82% ao ano, se tornando a maior desde julho de 1999. "É difícil crescer com este contexto, além disso, temos o desemprego em alta", completa.

As 12 categorias de associados

A associação possui 12 categorias de associados e todas contam com os mais diversos tipos de benefícios. O que varia, entre a categoria um e a Diamante, em uma ordem crescente, é a quantidade de benefícios ofertados. Os associados têm a oportunidade de conceder descontos para seus pares por meio de uma rede de benefícios, fomentando ainda mais o seu negócio. Destacam-se descontos em áreas como assessoria empresarial e consultoria, cursos de graduação, pós e MBA, comércio exterior, eventos, hotéis, segurança patrimonial, serviços médicos, odontológicos e de advocacia, entre outros.