Novo presidente do BC afirma que perseguirá centro da meta

Por

Goldfajn descarta crescimento sustentável sem uma inflação estável
O novo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, defendeu, durante cerimônia de sua posse, o regime de metas para a inflação e afirmou que irá perseguir o centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com ele, os limites de tolerância a esse alvo central devem ser utilizados apenas para acomodar choques inesperados na dinâmica de preços.
"Terei como objetivo cumprir plenamente a meta de inflação determinada pelo CMN, mirando o seu ponto central. Os limites de tolerância servem para acomodar choques imprevistos que não permitam retorno ao centro da meta em tempo hábil", discursou. "O único alvo a ser perseguido é o centro do intervalo", enfatizou.
Goldfajn avaliou ainda que é importante realizar um trabalho de gerenciamento de expectativas que indique no presente a convergência para o centro da meta em um futuro não muito distante. "É relevante que a trajetória de convergência seja ao mesmo tempo desafiadora e crível. A comunicação do BC com a sociedade precisa ser simples, direta e concisa. A comunicação precisa também deixar claras as condições necessárias para as perspectivas apresentadas", completou.
O País adota o regime de metas de inflação desde 1999 e o novo presidente do BC lembrou de sua passagem pela instituição entre 2000 e 2003, período em que ocupou a diretoria de Política Econômica. "Participei da implementação do regime no País e conheço não só seu princípio, como o seu funcionamento. O regime de metas de inflação é um robusto arcabouço de política monetária que já provou sua eficácia mesmo em cenários de estresse no Brasil e no mundo", acrescentou.
Goldfajn avaliou que assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, mantendo a inflação baixa e estável, cria condições para a recuperação do crescimento sustentável necessário para o progresso social do País. "Inflação baixa é um bem público da maior relevância que foi conquistado pelo País há 20 anos. Ninguém quer de volta ou admite retorno a um período de inflação alta", afirmou.
Para o novo presidente do BC, não há crescimento sustentável e bem-estar social duradouro sem uma inflação baixa e estável. "A literatura econômica já refutou o falacioso dilema entre inflação baixa e crescimento econômico. Uma inflação alta desorganiza a economia e inibe o investimento e o consumo. A sociedade é mais justa com um menor imposto inflacionário", concluiu.
Goldfajn disse que trabalhará para aprimorar a atuação de supervisão do BC de forma a garantir que o sistema financeiro continue sólido e bem capitalizado. Também disse que se esforçará para corrigir distorções e melhorar a eficiência do sistema bancário, com a simplificação de regras.
"Vamos aprimorar continuamente a regulação e fiscalização para bancos públicos e privados", disse. O novo presidente do BC repetiu a análise que fez do cenário internacional na sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. "O período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos EUA", disse.
Sobre a economia nacional, disse que a situação econômica exige grande atenção. "Atravessamos a pior recessão da história brasileira, com desemprego em alta e relevante desafio fiscal", discursou. "A incerteza econômica paralisou o investimento e sequestrou a esperança de muitos", completou. Ele afirmou ter "absoluta confiança" na reversão do atual quadro interno.
 

Instituição contará com quatro novos diretores

O novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, pretende trocar quatro diretores da instituição e ampliar o número de integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão responsável pelas decisões sobre a taxa básica de juros, de oito para nove pessoas.
Os novos indicados são Carlos Viana de Carvalho, para a diretoria de Política Econômica; Reinaldo Le Grazie, para Política Monetária; Tiago Couto Berriel, para Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos; e Isaac Sidney Menezes Ferreira, atual procurador do BC, para a diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania. Deixam o BC os atuais diretores Altamir Lopes, Tony Volpon e Aldo Mendes. O servidor de carreira Luiz Edson Feltrim aceitou continuar como diretor de Administração, mas não irá mais acumular a área de Relacionamento Institucional e Cidadania. Também continuam no BC os servidores Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização; e Sidnei Corrêa Marques, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural.