Santa Clara deve voltar a operar com contêineres no mês de agosto

Terminal, localizado no Polo Petroquímico de Triunfo, deixou de realizar embarques em 2009

Por Jefferson Klein

Deslocamento será feito por navio da Navegação Guarita, diz Bertinetti
Depois de muitas negociações, tudo indica que o Terminal Santa Clara, que parou de movimentar contêineres em 2009, voltará a trabalhar com essa modalidade de transporte de carga. Está prevista para agosto a retomada desse tipo de serviço no complexo que fica localizado no Polo Petroquímico de Triunfo.
"Tem contratos assinados, barco na água, tudo certinho", afirma o diretor-presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti. A iniciativa foi possibilitada através da parceria do grupo Wilson Sons (controlador do Terminal de Contêineres - Tecon Rio Grande), Braskem e Navegação Guarita. O empreendimento será chamado de Contesc (Contêineres Terminal Santa Clara). A estrutura interrompeu o trabalho com contêineres por causa de uma adaptação que fez para receber etanol e produzir o chamado "plástico verde" da Braskem. Como a companhia não está utilizando o terminal para essa atividade no momento, apenas para a movimentação de petroquímicos, será possível recuperar o aproveitamento para contêineres.
Inicialmente, a expectativa era que a ação fosse retomada ainda no ano passado. No entanto, Bertinetti recorda que entre os obstáculos a serem superados estavam o acerto de um preço de operação que pudesse concorrer com o transporte rodoviário, legislação e o tipo de embarcação a ser usada. O diretor do Tecon adianta que, nesta primeira etapa, o deslocamento pela hidrovia será feito somente com um navio da Navegação Guarita, com capacidade para trabalhar com 85 contêineres. Posteriormente, o número de embarcações aumentará. Entre as cargas que deverão passar pelo terminal estão resinas termoplásticas, fumo, frango etc.
Se Bertinetti está comemorando a volta do transporte de contêineres pelo Santa Clara, o dirigente admite que a crise da economia tem refletido no desempenho do terminal da empresa em Rio Grande. O executivo estima que deverá haver uma queda no volume total de contêineres movimentados neste primeiro semestre, pelo Tecon Rio Grande, de 3% a 4%, em relação ao mesmo período do ano passado quando foram operados cerca de 349 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).
De acordo com Bertinetti, a exportação melhorou devido às condições cambiais e às boas performances de produtos como celulose, resinas e fumo. Porém, em contrapartida, com as dificuldades da economia nacional, as importações pioraram. Outro impacto sentido foi que a Argentina, durante o governo de Cristina Kirchner, havia tido problemas de relação com o Uruguai e, com isso, deslocado algumas cargas para o porto do Rio Grande. No entanto, Bertinetti explica que a situação não persistiu com o atual presidente Mauricio Macri, fazendo com que a Argentina voltasse a aproveitar o porto de Montevidéu.

Tecon migrará para o mercado livre de energia

Para atenuar custos, o Tecon Rio Grande decidiu migrar para o mercado livre de energia (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a eletricidade). A mudança deve ser consolidada em outubro. Outra alteração acontecerá no quadro da diretoria. O diretor comercial do Tecon Rio Grande, Thierry Rios, deixará a companhia ao final deste mês e será substituído por Renê Wlach, gerente regional da Hamburg Süd.
A empresa também lida com uma recente recomendação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de condenar o Tecon pela prática de condutas infrativas à ordem econômica, do período de julho de 2010 a fevereiro de 2012. Bertinetti diz que espera que o Tribunal do Cade reverta a posição. "Estamos apenas cobrando a nossa tabela." A possível irregularidade diz respeito à prática de cobrança indevida a título de "fiel depósito", que consiste em taxa ad valorem (conforme o valor) sobre as cargas que chegam via importação ou em retorno do estrangeiro ao porto e ficam sob responsabilidade do operador portuário até a entrega ao cliente ou a outro recinto alfandegado.