Soja: motor que está movendo a economia

A expectativa era de colher 15,6 milhões de toneladas no Estado

Por JC

Para Teixeira, 2017 será ainda melhor devido a fatores climáticos mais regulares e adoção de novas sementes
No início do ano, estimativas apontavam para mais uma safra boa para a soja. A expectativa era de colher 15,6 milhões de toneladas no Estado. No entanto, esse número deve ser superado. Durante o encerramento oficial da colheita no Rio Grande do Sul, no final de abril, a Emater/RS trabalhava com a confirmação da segunda maior safra de grãos do Estado dos últimos 10 anos e a sua maior safra de soja da história. A produção estimada da leguminosa, segundo a entidade, é de 16,34 milhões de toneladas em 5,470 milhões de hectares plantados. O levantamento, realizado em 328 municípios, corresponde a 80% da área cultivada e indica que o aumento na área plantada foi de 3,92% e fez o Estado alcançar 5,470 milhões de hectares plantados.
"O plantio da soja avança no Rio Grande do Sul e isto é muito importante para o desenvolvimento econômico da região e do Estado. Somos parceiros e estamos sempre ao lado do produtor, inclusive estamos com o projeto Conservar para Produzir Melhor, programa estadual de conservação do solo e da água em pleno desenvolvimento, com ações que visam incentivar a cultura do manejo adequado do solo e da água, com vistas ao aumento da produtividade com sustentabilidade", diz o secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo.
O resultado até poderia ter sido melhor se o clima tivesse colaborado mais com os produtores. No início do ano as chuvas atrasaram a colheita da soja, que poderia ter sido finalizada antes. A umidade comprometeu a qualidade do grão na região Sul do Estado e, em algumas localidades, os prejuízos estão sendo monitorados e avaliados. "O excesso de chuva em cidades como Santa Vitória do Palmar, Jaguarão e Bagé prejudicaram a colheita", disse o coordenador das Comissões de Grãos da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Jorge Rodrigues. O produtor de Cruz Alta e presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja-RS), Décio Teixeira, afirma que sua produção foi regular em comparação com a do ano anterior. "Os produtores localizados na fronteira com o Uruguai tiveram perdas devido ao clima instável. Foram dias de muita chuva, depois muito seco e na colheita foram registrados 28 dias de chuva novamente", comenta.
Para 2017, Teixeira espera uma colheita melhor. Segundo ele, fatores climáticos mais regulares, adoção de novas sementes e irrigação devem favorecer o produtor gaúcho de soja e fazer com que o Estado supere o Paraná em área plantada e produção. "O Estado precisa melhorar sua média de colheita. Hoje, o Rio Grande do Sul divide com o Paraná o segundo lugar na produção do grão. O maior produtor é Mato Grosso", diz ele, que defende mais planejamento e boa vontade por parte dos governos. Entre as reivindicações dos produtores está menos burocracia e mais acesso a financiamentos, seguro e crédito rotativo. "As autoridades precisam se preocupar e olhar mais para o motor da economia, que é a soja", completa.

Investimento em avanço genético

O superintendente de Produção da Cotrijal, de Não-Me-Toque, Gelson Melo de Lima, afirma que desde a implantação da Lei de Proteção de Cultivares os produtores tiveram respaldo para investir em avanços genéticos, gerando muito mais competitividade. O resultado desse investimento pode ser visto em fevereiro deste ano quando a cooperativa inaugurou uma nova unidade de beneficiamento de sementes. A estrutura de 20,7 mil metros quadrados recebeu recursos de R$ 48 milhões e deve atender inicialmente 628 mil sacas de soja, trigo e cevada.
"Visitamos outras unidades e construímos uma de tratamento industrial muito moderna", diz Lima. A maioria dos 5,8 mil associados da cooperativa planta soja. A colheita da última safra, que se encerrou em abril, foi a melhor da história. A Cotrijal colheu 66 sacos por hectare, maior que a média do Estado que é de 49 sacos por hectare, segundo Lima. "Este ano a safra deve ser muito próxima da anterior", acredita o superintendente. E os trabalhos para essa nova colheita já começaram. "Vamos nos reunir e analisar o que ficou de lição da última safra e potencializar as ações que geraram mais rendimento", completa.
Cooperativado da Cotrijal, o produtor de Não-Me-Toque Markus Gustavo Schmiedt encerrou em março sua colheita de soja e teve uma produção boa, muito semelhante ao ano anterior. O segredo para os bons resultados no campo é utilizar a tecnologia e seguir à risca as orientações do seu engenheiro agrônomo. Além de soja, ele planta milho, trigo e cevada.
A assistência técnica oferecida pelas cooperativas aos produtores, como no caso de Schmiedt, é um dos fatores positivos que fazem com que elas recebam boa parte da produção. Se confirmada a safra de 16 milhões de toneladas de soja, mais de 7 milhões devem ficar com o sistema cooperativo. Segundo estimativa da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), as cooperativas agropecuárias gaúchas devem ser responsáveis pela originação de 45% da oleaginosa. O volume é maior que o período anterior, que foi de 6 milhões de toneladas, o que representou 40,5% da soja produzida no Rio Grande do Sul em 2015. Um dos principais motivos que devem levar a esta elevação é o investimento feito no último ano. Em armazenagem, por exemplo, o sistema investiu R$ 210 milhões em 2015 em ampliação e modernização.