Mães e profissionais de TI contam como a tecnologia afeta a vida com os filhos

Três histórias de executivas que apontam como o mundo digital afetou a relação na família.

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Letícia costuma ser acionada pelo filho Matheus e a namorada dele, Martha Chaves Barcellos
Elas são mulheres, mães e vivem no dia a dia profissional toda a transformação provocada pelas novas tecnologias. Letícia Batistela, Maria Fernanda Bermúdez e Maria Luiza Falsarella Malvezzi escolheram construir suas carreiras, ou pelo menos parte dela, em uma área ainda dominada pelos homens, mas que vem conquistando cada vez mais adeptas.
Temas como a implementação de um projeto de Tecnologia da Informação (TI), novos aplicativos, cidades inteligentes e direito digital estão sempre na pauta das discussões e definições. Elas também transitam nas redes sociais e estão por dentro das últimas novidades do mundo da internet. 
Mas, e como a realidade profissional dessas mães tecnológicas se reflete na relação com os filhos? Esse conhecimento como profissionais da área ameniza o tradicional choque de gerações nas discussões desses temas? Elas costumam usar os dispositivos móveis para as interações entre família e, assim, se manterem mais próximas dos filhos? Em um bate-papo bem descontraído, mães e filhos revelam situações inusitadas e mostram que a tecnologia aproxima e gera lá suas diferençazinhas. Confira no vídeo!

"Mãe, libera o WhatsApp"

A advogada especializada em direito digital e presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro-RS), Letícia Batistela, é muito conhecida entre os colegas do filho Matheus, 19 anos. Principalmente se for para resolver entraves inoportunos contra o uso de tecnologias.
Em fim de 2015, o aplicativo WhatsApp foi bloqueado por ordem judicial. "A mãe disse que ia entrar na Justiça para liberar, e logo depois ele foi reativado. Meus amigos acharam que tinha sido ela", recorda Matheus. No recente bloqueio, a demanda veio rapidinho. "Mandei mensagem: 'mãe, dá um jeito, libera o WhatsApp!'"
Letícia conta que o nascimento do filho marcou sua estreia nas entranhas da TI, sempre ligada nos riscos que baixar jogos e aplicativos podia gerar para o filho e colegas. Matheus admite que sua adolescência não teve jogo pirata e que hoje ele adota a regra, por envolver prejuízos aos autores. No dia a dia, é a namorada de Matheus, Martha Chaves Barcellos, que também recorre a Letícia, e uma das queixas é o tempo que as pessoas ficam no mundo virtual. "Prefiro mais a conversa ao vivo."

Compartilhando gerações

Quando o filho é colega de trabalho, a tecnologia ajuda? No caso de Maria Luiza Falsarella Malvezzi e do filho Renato, 28 anos, tudo indica que sim. Ele tem a mesma formação da mãe, o diploma de bacharel em Ciências da Computação. "Em outras empresas em que ele trabalhou antes daqui (Hospital de Clínicas de Porto Alegre onde é analista de TI), os chefes diziam que o Renato tinha o DNA da Luiza", conta a mãe prá lá de coruja, sem esconder o rigor na lida do trabalho.
Algumas diferenças emergem, como a validade ou eficácia de reuniões que duram horas. "Dava para resolver em 10 minutos e de pé mesmo", diz Renato. "Ele é da geração que primeiro faz e depois vê como ficou, aí modifica", devolve a assessora de Planejamento e Avaliação no HCPA. Na vida em casa, o WhatsApp virou o canal de conexão, e o grupo levou o nome de Coração de Mãe, para orgulho de Maria Luiza. Mas, ao mesmo tempo, ela mesma é a primeira a reivindicar mais conversas ao vivo para passar mais sentimento. "Aquelas carinhas bonitinhas não substituem isso", diz. "Os bonequinhos? Ela quer dizer os emoticons", traduz Renato.

Os filhos e Maria Fernanda digitando...

Os filhos João Paulo, Pedro Henrique e Frederico são unânimes. A mãe Maria Fernanda Bermúdez, advogada, secretária de Inovação e Tecnologia de Porto Alegre e coordenadora do Gabinete de Inovação e Tecnologia (Inovapoa), é hoje a portadora das novidades que estão pelo mundo e que ela costuma apresentar durante ou depois das viagens de trabalho. "Estou numa feira e de lá já mando mensagem de WhatsApp", conta a advogada.
Também é ela que bate na tecla de quanto a chamada internet das coisas pode melhorar muito a vida nas cidades, no ambiente de trabalho (dos filhos) e na vida dentro de casa. Já as aplicações mais rápidas vêm por meio do trio. O uso do WhatsApp para estabelecer conexões fez o publicitário João Paulo e o advogado Pedro Henrique se unirem para fazer a mãe acelerar a comunicação. Mensagens quebradas, textos mais cifradas. Maria Fernanda pegou o jeito e avisa que "agora que se virem em entender o que ela diz".