TAM já começou a pintar os aviões com o novo nome da companhia

Primeira aeronave com a nova logomarca Latam estreou em voo do Rio de Janeiro a Genebrapara buscar a tocha olímpica

Por

Empresa chega com nova identificação ao aeroporto de Brasília em voo relacionado aos jogos olímpicos
A Latam Airlines apresentou, na semana passada, a nova pintura de suas aeronaves. A partir de maio, os passageiros da TAM e da LAN já começarão a embarcar em aviões com o nome Latam. A troca das marcas será gradativa e deve demorar até três anos para ser concluída, segundo informou Claudia Sender, presidente da TAM.
O primeiro avião pintado, um Boeing 767, voou do Rio de Janeiro para Genebra, para buscar a tocha olímpica que chegou a Brasília na terça-feira da semana passada. No dia cinco do mês que vem, três voos comerciais decolarão com a nova pintura.
As rotas com o nome Latam estampado nos aviões serão de São Paulo para Santigo; de Santiago para Lima; e de São Paulo para Brasília. Internamente, os aviões serão padronizados. Na nova marca, as poltronas são de couro cinza e vermelho. Os uniformes da tripulação e dos funcionários em terra também serão renovados e levarão o nome Latam. Os consumidores passarão a ser redirecionados para o site da Latam quando acessarem TAM ou LAN.
"Sem dúvida, lançar uma marca neste momento é um desafio. Mas não dá para ficar escondido esperando a crise passar", afirmou Claudia Sender, a presidente da TAM, em um encontro com jornalistas, em São Paulo.
Falando sobre a crise econômica e política que o País passa, Claudia citou que a demanda por passagens aéreas para os Jogos Olímpicos Rio 2016 está "bem mais baixa que o planejado" e estimou que a companhia vendeu entre 30% e 40% menos do que projetava. Segundo ela, o aumento do desemprego e a baixa confiança no futuro são os fatores que estão impactando diretamente o consumo de passagens. A executiva acrescentou ainda que acidentes como o ocorrido na ciclovia Tim Maia também afetam a demanda destinada às Olimpíadas.
"Eu fico bastante triste de ver que a gente está perdendo mais uma oportunidade de mostrar o Brasil", lamentou a executiva. Perguntada sobre se a saída da presidente da República, Dilma Rousseff, resolveria ao menos a questão da falta de confiança, Claudia afirmou considerar "difícil saber como a população pode reagir ao impeachment". Ela defendeu que haja um "desfecho" à crise política que retire o País "da paralisia". Independentemente do que ocorra politicamente, a direção da TAM estima que a retomada da economia brasileira deva ocorrer somente daqui a dois anos.
A redução mais forte na demanda por passagens aéreas é notada na TAM desde julho do ano passado. Com menos passageiros, a companhia anunciou no segundo semestre de 2015 um rearranjo na malha aérea externa para este ano. As mudanças reduziram as frequências de voos para Miami e Orlando, por exemplo.
Sem perspectiva de melhoria do consumo e número ainda baixos nos voos corporativos, Claudia não descartou a possibilidade de haver nova mudança na malha aérea. Ela contou que até as promoções feitas pela empresa "perderam dramaticamente o efeito".
"Temos visto que ainda há excesso de capacidade. Tivemos um aumento de custos que não conseguimos repassar no preço das passagens e as taxas de ocupação no Brasil estão abaixo da indústria mundial. Então podemos, sim, ter que cortar mais a capacidade."

País precisa sair da situação de paralisia, diz Claudia Sender

O impasse político trava os investimentos e impede o País de retomar o crescimento. Para a presidente da TAM, Claudia Sender, qualquer governo precisa de maioria no Congresso para aprovar medidas necessárias, porém impopulares, que levarão ao ajuste das contas públicas.
À frente da empresa líder na aviação comercial brasileira, Claudia trabalha com um cenário de retração do PIB neste ano de quase 4% e, assim como seus concorrentes, promove um dos maiores cortes de capacidade já feitos pela aviação brasileira. A expectativa é voltar a crescer apenas em 2018.
O impeachment da presidente Dilma foi aprovado na Câmara e aguarda agora o Senado. Como a senhora vê esse cenário?
Claudia Sender - Estamos no meio do caminho e o mais importante é tomar um rumo. Não vemos nenhum investimento sendo destravado e todos os processos de concessão estão praticamente parados. As grandes reformas, importantes para a nossa economia e para o futuro do País, não conseguem tramitar no Congresso. Temos de sair dessa paralisia, para qualquer lado que seja.
Quais as consequências do impeachment para a economia?
Claudia - Haverá uma mudança de expectativas em um primeiro momento. Mas, se não tivermos medidas sérias, profundas, que enderecem o problema da Previdência, do déficit primário, do baixíssimo nível de investimento no Brasil, não teremos uma retomada do PIB. Então, qualquer que seja o cenário, precisamos mudar a forma como Brasília enxerga o Brasil. E precisamos tomar as decisões difíceis. A não decisão é muito pior do que uma decisão ruim.
Um eventual governo Temer tem condições de fazer o Brasil voltar ao crescimento?
Claudia - Isso vai depender muito de como as coalizões vão funcionar. É importante que, qualquer que seja o governante, ele tenha maioria no Congresso para conseguir aprovar reformas duras. Não tem nenhuma reforma popular de fácil aprovação. As contas do Brasil estão em uma situação muito crítica e as medidas que têm de ser tomadas não são simples ou populares. Qualquer um que esteja no poder precisa angariar apoio para implementar essas reformas.
Quais as medidas urgentes?
Claudia - Precisamos entender como reduzir as contas públicas, como aprovar a desvinculação das receitas da União e qual vai ser a equação para voltar a aumentar a arrecadação. O governo precisa gerar superávit primário. O segundo passo é entender como estimular o investimento, que está muito baixo. O Brasil tem uma estrutura deficitária de portos, aeroportos e estradas que precisa de projetos atrativos para os investidores. Existe muito caixa no mundo para investir em infraestrutura, mas não temos projetos atrativos o suficiente. Se o País conseguir resolver isso, seria um casamento no paraíso.
Como a turbulência política afeta as empresas?
Claudia - Muitas empresas seguram investimentos para ver o que vai acontecer no País. Isso gera um círculo vicioso. Se você não investe, não cresce, não inova, não gera emprego e renda e o PIB continua contraído.
Como a TAM, especificamente, foi afetada?
Claudia - A expectativa ruim das empresas e da população afetou negativamente a aviação. Um empresário não vai pegar um voo para Brasília se não acreditar que vai fechar negócio. E o passageiro de lazer tem medo de perder o emprego ou está endividado e não pode parcelar a passagem. Por isso, reduzimos significativamente a nossa malha doméstica e internacional.
As empresas aéreas precisam de um pacote de socorro?
Claudia - Não. Elas precisam de regras alinhadas às práticas mundiais para conseguir competir com as empresas estrangeiras que voam para o Brasil. As regras de assistência ao passageiro e legislação trabalhista são mais duras no Brasil, o custo do combustível é mais alto e tivemos um modelo de concessão de aeroportos pela maior outorga, que resultou em tarifas aeroportuárias mais caras. Isso tudo onera a aviação brasileira.