Obama se reunirá com dissidentes em Havana

Visita histórica é um passo decisivo para o processo de aproximação

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Ruas em torno do Capitólio passam por reparos para receber Obama
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que chega a Cuba neste domingo, fará um discurso "ao povo cubano" no último dia de sua histórica visita. Segundo a Casa Branca, o governo local não mostrou resistência a que o discurso seja transmitido ao vivo pela TV no país.
Será a primeira visita de um presidente dos EUA à ilha em quase 90 anos. Com a viagem, Obama espera consolidar o processo de reaproximação com a ilha comunista para que ele se torne irreversível, apesar das resistências do opositor Partido Republicano em suspender o embargo econômico a Cuba. Os dois países retomaram as relações no fim de 2014, depois de cinco décadas de rompimento.
Obama espera ter seu maior público no discurso "ao povo cubano" na terça-feira, último dia da visita. Ele será realizado no Gran Teatro de La Habana, com capacidade para cerca de mil pessoas. Parte delas foi escolhida pelos Estados Unidos, principalmente jovens, contou o vice-assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes.
Nesta quinta-feira, era possível ver a preparação nas ruas da cidade para sua chegada. Em torno do prédio do Capitólio, operários trabalhavam no reparo de calçadas. Muitos cidadãos vestiam roupas com a estampa da bandeira dos Estados Unidos.
"Será um momento muito importante da visita do presidente e uma oportunidade para ele descrever o curso em que estamos, revisar a complicada história entre nossos países e falar da razão por trás dos passos que tomamos", disse Rhodes. "E também olhar para o futuro, projetar sua visão de como Estados Unidos e Cuba podem trabalhar juntos."
Ele espera que os cubanos possam ver o discurso na TV e afirmou que Obama não tem intenção de dizer aos cidadãos da ilha o que é melhor para eles.
"No fim das contas, ele deixará claro que cabe ao povo cubano decidir", ressaltou Rhodes. "Temos confiança na capacidade do povo cubano de fazer coisas extraordinárias."
O avião presidencial chega a Havana na tarde de domingo e, no dia seguinte, Obama se reúne com o presidente Raúl Castro, com quem discutirá formas de ampliar as relações. Também tocará em pontos sensíveis, como direitos humanos, afirmou a Casa Branca. A agenda do presidente inclui ainda encontros com "a sociedade civil", incluindo ativistas de direitos humanos e dissidentes.
Como parte da visita, Obama também irá a um jogo de beisebol entre o time norte-americano Tampa Bay Rays e a seleção cubana. Beisebol é uma paixão em comum entre os países. Não está previsto um encontro com Fidel Castro, informou a Casa Branca.
 

Na Argentina, presidente irá a homenagem a vítimas da ditadura

De Cuba, Obama ruma para a Argentina, onde está programada, em Buenos Aires, uma homenagem às vítimas da última ditadura no país (1976-1983). Ainda não há informações sobre o local onde ocorrerá o evento. Possivelmente, será na manhã do dia 24 data em que o golpe de Estado argentino completará 40 anos , antes de o presidente seguir para Bariloche.
Inicialmente, considerou-se uma visita à Escola Superior da Marinha (Esma) principal centro de tortura na ditadura. Após manifestação de entidades que procuram parentes desaparecidos durante o período, porém, a ideia teria sido descartada. A agenda já foi alterada pelo menos duas vezes após críticas em relação à data da viagem.
Manifestações de associações de direitos humanos e de partidos políticos de esquerda costumam ocorrer no dia 24 de março para relembrar o golpe. Essas organizações são contra a presença de Obama nas celebrações devido à colaboração norte-americana com a ditadura. Para evitar incidentes, a Casa Branca decidiu realizar a viagem para Bariloche.
Obama chegará acompanhado da mulher, das filhas e da sogra na noite de 22 de março. Na manhã seguinte, se reunirá com seu par argentino, Mauricio Macri. Os dois deverão discutir questões de economia, segurança, mudanças climáticas, democracia e direitos humanos. Em seguida, visitará a catedral da cidade.