Certel inaugura Pequena Central Hidrelétrica

Após concluir usina localizada em São Francisco de Paula, cooperativa possui planos para mais oito empreendimentos

Por Jefferson Klein

Hidrelétrica tem capacidade instalada de 9,1 MW, o que permite atender mais de 30 mil pessoas
Nesta sexta-feira, dia em que comemora 60 anos de atividades, a cooperativa Certel inaugura a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Cazuza Ferreira. A usina está localizada na vila de Cazuza Ferreira, no rio Lajeado Grande, dentro do município de São Francisco de Paula. O empreendimento terá uma capacidade instalada de 9,1 MW, o que possibilita o atendimento de mais de 30 mil pessoas.
Entre outras autoridades, está prevista a presença do governador José Ivo Sartori na solenidade de inauguração. A Cazuza Ferreira é a quarta e maior hidrelétrica da qual a Certel participa da execução. A cooperativa é a líder nesse projeto e tem como sócias a Coprel e a Geopar. A iniciativa absorveu um investimento de aproximadamente R$ 34 milhões, sendo cerca de 60% desse montante financiado pelo Badesul.
As obras do complexo, que terá a operação comercial iniciada em março deste ano, começaram em julho de 2014 e durante a construção foram criados em torno de 100 postos de trabalho.
O presidente da Certel, Erineo Joé Hennemann, detalha que a energia da PCH, em 2016, será comercializada no mercado livre (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a energia). No entanto, Hennemann adianta que a ideia é que, dependendo dos preços praticados no setor elétrico, a PCH participe de leilões de energia promovidos pelo governo federal para vender a eletricidade ao sistema interligado nacional. Há a possibilidade de uma solução mista, com parte da energia destinada ao mercado livre e outra ao sistema interligado. A Cazuza Ferreira também é certificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo por compensar créditos de carbono. Anualmente, serão compensadas 12.504,72 toneladas de CO2.
Hennemann revela ainda que a Certel avalia participar da implantação de mais cinco hidrelétricas no rio Forqueta e mais três no rio Taquari, todas as estruturas seriam instaladas na região do Vale do Taquari. Esses complexos somarão mais de 240 MW, o que implicará um investimento elevado, superior a R$ 500 milhões. A cooperativa tentará buscar parceiros para materializar esses planos futuramente. A proposta é fazer essas hidrelétricas, algumas PCHs e outras de maior porte, de maneira escalonada.
O secretário estadual de Minas e Energia, Lucas Redecker, espera que a Cazuza Ferreira sirva de prova que há condições de expandir a geração de energia de PCHs no Rio Grande do Sul. Uma forma de incentivar esse cenário, de acordo com o secretário, é agilizar o licenciamento ambiental desses empreendimentos. Para Redecker, entre as causas que explicam o fato das concessões das licenças não serem mais rápidas é limitação histórica da estrutura da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a necessidade de uma padronização de regramento para os pedidos de licenciamento. Outro ponto que merece ser debatido, ressalta o secretário, é a redução do custo do processo para obtenção das licenças.

Cresce número de projetos liberados pela Aneel

No ano passado, percebeu-se uma grande evolução do segmento de PCHs dentro da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), aponta o presidente da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidroelétricas (Abrapch) e do Grupo Enercons, Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni. Em 2015, foram aprovados pela agência em torno de 1,6 mil MW em projetos dessa natureza, que agora poderão tentar viabilizar a comercialização das suas produções de energia.
Pugnaloni recorda que, em 2014, foram apenas 318 MW liberados. O dirigente informa que, entre outras atitudes, mudanças nos procedimentos de análises e no marco regulatório possibilitaram essa melhora. Em entrevista dada ao site da Abrapch, o Superintendente de Concessões e Autorizações de Geração (SCG) da Aneel, Hélvio Guerra, cita que um dos avanços feitos foi concentrar todas as atividades relacionadas às outorgas de geração em uma mesma área na agência. O dirigente acrescentou que a concretização de novas PCHs contribui para a diversificação da matriz elétrica nacional.
Apesar de comemorar essa posição, Pugnaloni lamenta que o preço oferecido para a geração das PCHs nos leilões de energia continua abaixo do esperado. O dirigente destaca que o custo de geração de uma PCH varia de acordo com o local de instalação da estrutura, podendo ir de
R$ 200,00 a R$ 250,00 o MWh. O máximo que se chegou nos leilões foi R$ 216,00 o MWh.
O presidente da Abrapch acrescenta que o governo federal sinalizou para maio a realização de um leilão de energia abrangendo PCHs, usinas de biomassa e eólicas. Como até agora não saiu o edital, há receio que a disputa acabe não ocorrendo no período previsto.