A partir desta quinta-feira, a Fundação Iberê Camargo (FIC) dá início à sua programação deste ano, com a primeira grande mostra do calendário. Em parceria com o Itaú Cultural, abre na FIC a mostra Sergio Camargo: Luz e matéria, com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. A inauguração ocorre das 19h às 21h, e a visitação permanece até 12 de junho.
Estarão no museu 90 obras, parte de colecionadores privados e parte do espólio do artista. A curadoria é de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves. A exposição ocupa dois andares da FIC com trabalhos de grande formato e em menor dimensão de Camargo, como torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore carrara branco ou negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo (1930-1990).
A exposição resulta de um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural, em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016. Ocorrerá, ainda, o lançamento de um catálogo inédito publicado pela instituição gaúcha em parceria com o Itaú, contendo um registro fotográfico das montagens em Porto Alegre e em São Paulo. O conteúdo conta a trajetória do artista e apresenta imagens das obras expostas em ambas instituições, incluindo uma reprodução do último ateliê que pertenceu a Camargo em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Ele nasceu em 1930 no Rio de Janeiro. Aos 16 anos, estudou na Academia Altamira, em Buenos Aires, na Argentina. A escola, fundada em 1946, propunha uma arte de vanguarda, síntese do que se pode apreender pelos sentidos e marcada pelas descobertas científicas da época. Lá, estudou com Emilio Pettoruti (1892-1957) e Lucio Fontana (1899-1968).
Em 1948, viajou à Europa. Estudou com Gaston Bachelard (1884-1962), que, entre outros temas, se dedicou à filosofia da ciência e à análise das bases subjetivas da criação poética. Estudou também com Merleau-Ponty (1908-1961), que acabara de publicar Fenomenologia da percepção. Visitou frequentemente o ateliê do escultor Constantin Brancusi (1876-1957), descrito como "pioneiro da extrema simplificação das formas" pela Galeria Tate.
A década de 1950 foi pontuada pela experimentação nesse estilo, com um retorno ao figurativismo, sob a influência de Henri Laurens (1885-1954), precursor do cubismo na escultura. Testou novos métodos de criação na década de 1960, nos quais o acaso ganhou papel relevante e em que estão presentes o gesso, a areia e o tecido. Iniciou a série de relevos, investigando os modos de perceber e dispor a matéria, além de suas relações com a luz.
Nos anos 1980, fez a série Ovos - objetos ovais com incisões e perfurações. Morreu em 1990. Mais de 40 acervos e coleções públicas conservam obras de Sergio Camargo, entre eles, o Centro Pompidou, em Paris; e a Galeria Tate Modern, em Londres.