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LITERATURA Notícia da edição impressa de 15/02/2016. Alterada em 14/02 às 19h16min

Loucuras da MPB são tema de livro

LEYA/DIVULGAÇÃO/JC

Estão lá o deslumbre de Carmen Miranda pela benzedrina, os porres de uísque de Maysa, as viagens interplanetárias de Raul Seixas, as brigas performáticas de Itamar Assumpção com seus fãs, as muitas aventuras afetivas de Cássia Eller, as confusões amorosas de Vinicius de Moraes, os sumiços de razões hilariantes de Tim Maia, as festas memoráveis de Cazuza. Acaba de chegar às lojas o livro A vida louca da MPB (LeYa, 272 págs., R$ 49,90), do escritor gaúcho Ismael Caneppele (autor do romance Os famosos e os duendes da morte, que deu origem ao longa-metragem homônimo, de Esmir Filho), uma coleção de perfis breves de "loucos" memoráveis da história da música popular brasileira - e seus episódios de bebedeiras, paixões, sumiços e confusões.
"Loucos" talvez seja a caracterização mais branda que o autor tenha encontrado para descrever nomes como Wilson Simonal, Renato Russo ou Orlando Silva. Em uma linguagem pop para cativar leitores não afeitos a biografias aprofundadas, em que salpica tiradas irônicas ao relato resumido da vida de cada um dos personagens, Caneppele deixa claras suas opiniões sobre cada um dos músicos. Classifica Noel Rosa como um "protopunk", por exemplo, ou Mário Reis como "um burguês meio parasita". Ao falar de Wilson Simonal, não economiza julgamentos: "pisou feio na bola", "tinha personalidade fraca".
"Não acredito que seja possível escrever sem julgar. No caso do Wilson, especificamente, o meu julgamento é quase uma busca de absolvição. Briguei muito com ele no processo de escrita, principalmente pelo seu envolvimento com os militares torturadores. Nesse sentido, 'pisar feio na bola' e 'personalidade fraca' denotam muito mais um olhar benevolente do que um julgamento", comenta o autor, que continua: "O caso Wilson Simonal segue polêmico até hoje. Por mais que ele tenha se dedicado a passar o resto da vida tentando provar o não envolvimento com os torturadores, os fatos parecem mostrar o contrário".
Sobre o estilo sarcástico do texto, uma mistura de gêneros que oscila entre o relato biográfico e a crônica, ele explica que seu trabalho é destinado a "todo mundo". "Escrevo para aquele teenager que está no aeroporto ou na rodoviária, meio sem ter o que fazer, e que nada sabe sobre a louca de bananas na cabeça ou o gordão de camisa de cetim. Escrevo para a mãe de família que descobriu maconha na gaveta do filho que toca violão e não quer saber de estudar", afirma ele, que segue adiante. "E escrevo, principalmente, para os mortos aos quais me refiro. Meu livro é uma necessidade de mostrar não apenas o lado trágico do vício, mas também a potência criativa que ele pode gerar."
Mais do que mostrar a potência criativa dos seus loucos, Ismael Caneppele diz que a obra é, de fato, uma "ode ao vício": "Vivemos tempos caretas demais. Na política, na imprensa, na sociedade e na música tem imperado um bom-mocismo chato. Há uma busca em parecer normal", expõe o escritor, revelando suas intenções. "Quis contar essas histórias para lembrar que o diferente é o que fica. O que será lembrado é o ponto fora da curva, o instante de ousadia, o salto sem rede de proteção", comenta ele, que fez a pesquisa para a obra em biografias, depoimentos de amigos e vídeos postados no YouTube.
De todos os personagens, o escritor confessa ter se apaixonado pela história da cantora Maysa. "O fato é que muito, muito nova, ela se tornou um produto cultural para uma gravadora incipiente e um troféu social para um aristocrata paulista-italiano. Maysa bateu de frente com Nara Leão e embarcou no barquinho da bossa nova, deixando a musa a ver navios", destaca Caneppele, que segue falando sobre a artista: "Adoro a intensidade de Maysa e o fato de ter sido uma de nossas primeiras compositoras pop, talvez a primeira".
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