'É inevitável que o zika vírus chegue ao Rio Grande do Sul'

Secretário João Gabbardo dos Reis demonstrou preocupação com casos de microcefalia

Por Jessica Gustafson

Registros de dengue no Sudeste são motivo de alerta, diz Gabbardo
O Estado registrou até o momento apenas um caso de bebê com microcefalia decorrente do zika vírus, contraído no Nordeste do País durante a gestação da mãe. Em todo o Brasil, já são 3.530 ocorrências. De acordo com o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, a região Sul ainda não apresenta circulação do vírus, mas isso é uma questão de tempo.
"É inevitável que o zika chegue no Rio Grande do Sul e, com isso, os casos de microcefalia. Queremos que seja a menor taxa possível. Com a velocidade que o vírus está se espalhando pelo Brasil, é uma questão de tempo, mas não sabemos quando irá acontecer. Esperamos que não seja nesse verão", alertou Gabbardo nesta quinta-feira, durante a apresentação da Operação Verão/2016 do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).
O secretário ressaltou que as consequências do zika em adultos são banais, sendo que apenas 17% das pessoas apresentam sintomas. A maioria nem sabe que esteve doente e que pode ter transmitido a doença. "A preocupação é com as gestantes, que precisam tomar muitas precauções, como o acompanhando rigoroso do pré-natal, o uso de roupas compridas e repelente e evitar locais com a circulação do vírus. No momento, ainda não temos a recomendação sobre o adiamento da gravidez, mas outros estados já oficializaram a orientação. Esperamos que não aconteça aqui", destaca. Segundo ele, entre nove e 12 bebês nascem com microcefalia todos os anos no Estado, mas decorrentes de outras infecções.
Gabbardo afirmou que a preocupação tem aumentado com o avanço do zika pela região Sudeste, principalmente no estado de São Paulo, que tem um índice de dengue de 2 mil casos por 100 mil habitantes, o que demonstra grande infestação do mosquito Aedes aegypti. "Quando o zika começar a se espalhar por São Paulo, será uma catástrofe. No Rio Grande do Sul, a taxa é de dez casos de dengue por 100 mil habitantes. Mesmo menor, já tivemos índices muito mais baixos", explica.
Diante desta situação delicada, o secretário inaugura nesta sexta-feira, às 10h, a Sala de Monitoramento de Ações Estratégicas de Combate ao Aedes aegypti, instalada no 6º andar do Centro Administrativo Fernando Ferrari, e divulga os dados epidemiológicos de 2015 sobre dengue, zika e chikungunya.

Cremers lança campanha sobre cuidados durante o veraneio

Com foco na prevenção de problemas de saúde, o Cremers lançou nesta quinta-feira a Operação Verão/2016. A campanha Sem Cuidado, a Diversão Perde a Graça orienta a população sobre as precauções que devem ser tomadas para reduzir o risco de doenças, acidentes e problemas que possam prejudicar o veraneio. A operação, que será desenvolvida até março no Litoral gaúcho, foca em seis tópicos: mosquito Aedes aegypti, álcool e direção, HIV, câncer de pele, afogamento e desidratação.
Segundo o presidente do conselho, Rogério Wolf de Aguiar, a iniciativa busca alertar para cuidados individuais, mas de impacto social. "Precisamos ter responsabilidade pela nossa própria saúde e com situações que envolvem a coletividade", explica.
Por meio de mensagens na imprensa, outdoors nas principais rodovias que levam às praias e entrega de panfletos, o Cremers orienta sobre medidas imprescindíveis para o bem-estar e a saúde da população. Entre elas está o uso de protetor solar, o consumo de água e o uso de preservativos. "O álcool e a direção são um grave problema, mas destacamos que o consumo de bebidas alcoólicas influencia em todos os tipos de violência. Infelizmente, muitas pessoas não observam essa relação. Essa época festiva, com a proximidade do Carnaval, é propícia também para outras situações, como o contágio do HIV. Estimulamos o sexo seguro e o cuidado com o uso de seringas", ressalta Aguiar.