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porto verão Notícia da edição impressa de 08/01/2016. Alterada em 07/01 às 18h14min

Um é pouco, dois é bom

MARCO QUINTANA/JC
Cassiano Ranzolin, Kaya Rodrigues e Tom Peres formam triângulo amoroso em Dona Flor e seus dois maridos

Michele Rolim

A mais icônica personagem feminina do cinema brasileiro surgia no final de 1976: dona Flor interpretada por Sônia Braga. Filmada por Bruno Barreto aos 20 anos, a trama intitulada Dona Flor e seus dois maridos foi escrita por Jorge Amado, em Salvador, em 1966. O romance traz a personagem pré-feminista Florípedes, que vive com dois maridos: Vadinho, o homem do jogo, boêmio e pouco afeito à fidelidade; e Teodoro, farmacêutico, metódico e fiel.
A história, já legitimada, foi a escolhida para abrir a 17ª edição do Porto Verão Alegre. Pelo segundo ano, o festival financia um espetáculo de estreia de sua programação: em 2015, foi Romeu e Julieta, dirigido por Néstor Monasterio. "A primeira preocupação foi em como montar algo que já estava consagrado. Vimos novamente o filme e a série, para quê? Pra não fazer nada que fosse parecido. Utilizamos o livro, que esclareceu coisas que jamais imaginávamos. Eu sempre me perguntava o porquê de o Zé Wilker descolorir o cabelo. Essa indicação está no livro", comenta Zé Adão Barbosa, diretor do musical, ao lado de Larissa Sanguiné e Carlota Albuquerque.
Por conta da entrada na equipe da musicista Simone Rasslan e do ator e músico Álvaro RosaCosta, optou-se por se fazer um musical. Simone, que assina a direção musical da peça, traz para a trilha sonora canções muito antigas, sonoridades da Bahia e pérolas como a antológica Noite cheia de estrelas, de Cândido das Neves, e Suíte do Quelemeu, de Zezinho da Viola, além de canções originais como a canção tema de Flor, composta por RosaCosta. "Pensamos também que a linguagem do musical seria bem apropriada para o espetáculo, já que é diferente do realismo", explica Barbosa.
Na peça, Flor se sente dividida entre o atual esposo e o falecido, entre a obediência aos preceitos sociais e o desejo de realizar-se sexualmente como mulher. "O texto, na época, deveria ser um pouco chocante, mas o que aliviava é o fato de Vadinho estar morto. Ele existe apenas na memória dela", comenta Barbosa. Segundo o diretor, Flor representa as mulheres que têm a coragem de assumir o seu desejo de liberdade sexual, em um sociedade patriarcal. "Tudo aquilo que a mulher procura em um homem ela encontra nos dois, ela se sente culpada no início e depois resolve usar os dois", diz Barbosa.
Para a atriz que interpreta a baiana, Kaya Rodrigues, Dona Flor pode ser vista como uma personagem feminista. "Ela é uma mulher que trabalha em plenos anos 1940 para sustentar a casa, que gosta do que faz e que se recusa a parar mesmo que seu segundo marido queira sustentá-la. Ela casa por amor, mesmo que sua mãe queira casá-la por conveniência. Ela descobre o prazer sexual, mesmo que isso não fosse permitido para as chamadas 'mulheres direitas' da época", comenta a atriz, que também canta e é rainha do Bloco da Laje. E completa: "Nem todas as montagens já feitas imprimem esse caráter a personagem. Acredito que a romantização da figura do malandro brasileiro é a grande responsável por tantas montagens machistas desse clássico. No filme de Bruno Barreto, Flor era um acessório na história do bon vivant Vadinho. Jorge Amado, entretanto, não narra a história dessa forma. As figuras de Flor, Vadinho e Teodoro são muito mais complexas", conclui a jovem, de 29 anos.
Acompanham Kaya no triângulo amoroso, Cassiano Ranzolin (Vadinho) e Tom Peres (Teodoro). Barbosa explica que o elenco foi muito bem-escolhido. "Assim como em Gabriela (segunda personagem feminina marcante do autor), os protagonistas são muito característicos", opina.Parte da equipe técnica e do elenco dessa montagem (também formado por Álvaro RosaCosta, Giovana de Figueiredo, Maya Rodrigues, Leo Maciel, Angela Spiazzi, Bruno Pontes e Emílio Farias) já participaram de outros musicais. Esse é o terceiro musical dirigido pelo trio (Barbosa, Larissa e Carlota), o primeiro foi O apanhador, baseado no romance de J.D. Salinger; e o segundo, Godspell - A Esperança, com parábolas do Evangelho. "O apanhador foi uma pequena faculdade para fazermos, levamos uma surra no quesito som, já em Godspell fizemos sem errar tanto. Agora, vamos utilizar microfones no teto", admite Barbosa.
O espetáculo também apresenta a vida noturna de Salvador, seus cassinos e cabarés, a culinária baiana, os ritos do candomblé e o convívio entre políticos, doutores, poetas, prostitutas e malandros. O musical ocorre sábado, às 21h, e domingo, às 20h, no Theatro São Pedro (praça Marechal Deodoro, s/nº), com pré-estreia para convidados nesta sexta-feira. Os ingressos custam entre R$ 15,00 e R$ 30,00.
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