Família e advogados de Campos criticam relatório do acidente

Investigação chegou à conclusão de que erros de procedimentos do piloto e do copiloto causaram queda do jato

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Queda sobre casario ocorreu após uma arremetida que provocou desorientação espacial nos tripulantes
Uma sucessão de erros que incluíram a tentativa de buscar um "atalho" para abreviar a aterrissagem levou ao acidente com o avião Cessna C560 XLS que matou o ex-governador Eduardo Campos e mais seis pessoas em 13 de agosto de 2014, em Santos (SP). O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou, na semana passada, seu relatório final, apontando diversos fatores humanos que levaram à tragédia, com destaque para a indisciplina de voo, a desorientação espacial e a falta de treinamento adequado para o tipo de aeronave.
Os investigadores ressaltaram que o objetivo não é buscar culpados, mas garantir a segurança de voos futuros. A investigação descartou falhas técnicas na aeronave, mas apontou problemas operacionais que podem ter contribuído para o acidente. O irmão de Campos e o advogado das famílias do piloto e do copiloto contestaram o relatório. Ambos apostam em falha na aeronave. O advogado vai apresentar, nos próximos meses, um relatório sobre o acidente feito nos Estados Unidos.
De acordo com a investigação, a trajetória de aproximação da pista de Santos, feita pelo comandante Marcos Martins e pelo copiloto Geraldo Magela, não foi a indicada na carta de procedimentos, mesmo com o aviso de que o aeródromo operava por instrumentos. A orientação era para que passassem duas vezes sobre a pista antes de fazer a curva para o pouso, mas eles fizeram um caminho mais curto, dando inclusive informações falsas sobre os pontos em que estavam.
"O perfil do voo reduziria o tempo em até cinco minutos e não era aprovado nas regras para operar com instrumentos", afirmou o tenente-coronel aviador Raul de Souza, que coordenou as investigações. Após tentarem chegar diretamente à pista, os pilotos não conseguiram pousar e decidiram arremeter. Este movimento também foi feito em desacordo com os procedimentos previstos. Eles deveriam arremeter antes de chegar à pista, mas há relato, tido como confiável, de que sobrevoaram o local em baixa altitude antes de desistir do pouso.
Os investigadores apontaram que diversos fatores levaram a uma desorientação espacial da tripulação durante o procedimento de arremetida. Eles observaram que as condições meteorológicas estavam degradadas para o tipo de trajetória feita pelos pilotos. Citaram ainda como condições que podem ter levado à desorientação as variações de velocidade, alternância entre voo visual e por instrumentos e até o fato de um candidato à presidente da República ser um dos passageiros.
A investigação mostrou que o piloto deveria ter feito um "treinamento de diferença" para operar a aeronave, enquanto o copiloto precisava de um "curso completo". Essa necessidade estava prevista em instrução normativa da Anac, de julho de 2014, mas o sistema da agência que permite a realização dos voos não estava atualizado para essa exigência.Foi analisado ainda que, de 1 a 5 de agosto de 2014, os pilotos extrapolaram a carga horária prevista nas leis de aviação. A análise dos parâmetros de voz identificou sinais de "fadiga e sonolência" do copiloto. Registrou-se ainda que o copiloto teve desempenho "abaixo do esperado" ao longo da carreira em alguns dos treinamentos, em itens como "atenção".
O irmão de Eduardo Campos, o advogado Antonio Campos, ressaltou em nota que os inquéritos civil e policial não foram concluídos, e levantou suspeitas sobre falhas no avião: "O parecer técnico mais plausível, pelo que acompanho do caso, é no sentido de explicitar o erro de projeto do estabilizador horizontal do avião sinistrado e de precedentes de problemas idênticos com outras aeronaves semelhantes".
O advogado Josmeyr Oliveira, que representa as famílias do piloto e do copiloto, contestou a investigação. "(O Cenipa) não considerou a hipótese de a aeronave ter se derrubado. Havíamos passado a eles vários elementos nesse sentido", disse o advogado.
Oliveira destacou que a investigação não usou um simulador para refazer o voo. "A simulação que nós fizemos nos Estados Unidos é muito mais esclarecedora." Ele participou da apresentação prévia do relatório que o Cenipa fez às famílias das vítimas antes da divulgação pública. "As famílias ficaram muito tristes, principalmente a mulher do Geraldo, o copiloto. Ela não esperava que o marido dela fosse classificado de uma maneira tão forte."
 

Aeromóvel transportou 1,5 mi de passageiros em 2015

Em 2015, a linha da tecnologia aeromóvel operada pela Trensurb, que conecta o metrô ao Terminal 1 do Aeroporto Internacional Salgado Filho, registrou o transporte de 1.140.802 passageiros, média de 95.067 por mês. A média de usuários por dia útil foi de 3.406. Em 2014, 891.269 usuários haviam realizado a conexão entre metrô e aeroporto via aeromóvel. No mesmo ano, a média havia sido de 2.801 passageiros transportados por dia útil. Vale lembrar que a linha opera comercialmente no horário integral de funcionamento do metrô (das 5h às 23h20min) desde maio de 2014.
No dia 15 de junho de 2015, 4.342 passageiros utilizaram o serviço, recorde diário para o serviço desde o início da operação. No mês seguinte, em julho, a linha chegou ao recorde de passageiros transportados em um único mês: 103.478, com média de mais de 3.611 passageiros por dia útil, também a maior marca atingida desde o início da operação do modal.
Outra marca alcançada no ano que passou, no dia 4 de novembro, foi a de 2 milhões de usuários transportados desde a abertura ao público, em agosto de 2013, ainda em regime experimental. Desde então, até o fim de 2015, 2.179.779 passageiros viajaram no aeromóvel.
O projeto foi desenvolvido no Brasil, usando tecnologia 100% nacional, e movimentou uma cadeia produtiva que envolveu mais de 50 empresas e mil profissionais. Os veículos suspensos, movidos a ar, permitem integração e acesso rápido e direto ao terminal aeroportuário sem custo adicional para os usuários do metrô. O trajeto de 814 metros, com duas estações de embarque, é percorrido em 2 minutos e 40 segundos.
Além de qualificar o acesso ao aeroporto, o empreendimento da Trensurb cumpre diretriz do governo federal para empresas estatais de investir em projetos de infraestrutura e inovação tecnológica e fomentar o desenvolvimento da indústria nacional.
Projetado pelo Grupo Coester, de São Leopoldo, o aeromóvel é um meio de transporte automatizado, em via elevada, que utiliza veículos leves, não motorizados, com estruturas de sustentação esbeltas. Sua propulsão é pneumática - o ar é soprado por ventiladores industriais de alta eficiência energética, por meio de um duto localizado dentro da via elevada. O vento empurra uma aleta (semelhante a uma vela de barco invertida) fixada por uma haste ao veículo, que se movimenta sobre rodas de aço em trilhos.
O projeto atende às legislações ambientais vigentes e, como a propulsão se dá com o acionamento de motores elétricos, não há emissão de poluentes gasosos, o que garante a sustentabilidade. Esses motores são dispostos em casas de máquinas acusticamente isoladas, o que também evita a poluição sonora. Já as estruturas elevadas e menos espessas, com design moderno, reduzem a poluição visual. A média mensal de custo de propulsão por passageiro foi inferior a R$ 0,10 em 2015, o que torna o veículo econômico.