Fiesp anuncia apoio ao impeachment de Dilma

Medida é inédita na história da Federação das Indústrias de São Paulo

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Aliado de Temer, Skaf justificou ato com pesquisa entre empresários
Uma das mais importantes entidades empresariais do Brasil, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) anunciou ontem o apoio formal ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) que tramita na Câmara dos Deputados.
A medida, que é inédita na história da entidade, foi aprovada por unanimidade depois de uma reunião conjunta entre o conselho de representantes, a diretoria da Fiesp e a cúpula do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.
"Essa posição oficial foi tomada devido ao momento em que chegamos. Se a situação continuar como está, o custo será muito alto para a nação", disse ontem o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), em entrevista coletiva.
Segundo ele, os motivos que levaram a entidade a ser favorável ao impedimento são o ajuste fiscal "que foi anunciado ao longo do ano, mas não foi feito"; a "perspectiva de estouro de orçamento no próximo ano"; e a "total falta de credibilidade do governo".
Skaf ironizou, ainda, que o governo "comemorou" o estouro das contas de 2015 e citou a redução dos empregos formais este ano. "O País está à deriva. Não observamos atitudes por parte da presidente no sentido de solucionar a crise e reduzir gastos."
Skaf é um dos principais dirigentes do PMDB paulista e o interlocutor do vice-presidente Michel Temer (PMDB) com o empresariado.
Para justificar a decisão, a Fiesp divulgou uma pesquisa com 1.113 empresas paulistas entre 9 e 15 de novembro. Segundo o levantamento, o impeachment é defendido por 91% dos empresários. Apenas 5,9% se disseram contra e 3,1% não responderam aos questionamentos. E 91,9% dos empresários defenderam que a Fiesp se posicionasse a respeito do processo de impedimento.

Presidente recebe carta de apoio de prefeitos de 16 capitais do Brasil

A presidente Dilma Rousseff (PT) recebeu, na tarde de ontem, apoio de prefeitos de 16 capitais, que assinaram uma carta em repúdio ao processo de impeachment. O documento foi entregue à presidente durante reunião no Palácio da Alvorada.
Seis prefeitos, entre eles Eduardo Paes (PMDB), do Rio de Janeiro, participaram do encontro. Embora tenham assinado o manifesto, os prefeitos de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), e de São Paulo, Fernando Haddad (PT), alegaram problemas de agenda e não compareceram.
A carta diz que Dilma tem demonstrado "retidão institucional e compromisso público no exercício de suas funções" e que a análise do pedido de afastamento da presidente pela Câmara dos Deputados se "inicia eivada de vícios".
Segundo o documento subscrito pelos prefeitos, "não há atos ou fatos que respaldem o início de um processo dessa natureza".
A peça que pede o afastamento de Dilma, segundo a carta, "se apoia em ilações e suposições que tentam sem consistência jurídica imputar responsabilidade à presidenta". Além de Paes, encontraram-se com Dilma os prefeitos de Palmas, Carlos Enrique Franco Amastha (PSB); de Macapá, Clécio Luís Vilhena Vieira (sem partido); de Campo Grande, Alcides Bernal (PP); de Fortaleza, Roberto Claudio Rodrigues Bezerra (PDT); e de Goiânia, Paulo Garcia (PT).
Dois ministros petistas acompanharam a reunião, Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria-Geral da Presidência).
Fortunati, um dos articuladores do encontro, perdeu o voo que saía de Porto Alegre e não pôde ir à reunião. A presidente chegou a ligar para Fortunati pedindo sua presença, mas a viagem não foi possível.
A carta entregue pelos prefeitos diz ainda que "as dificuldades pelas quais passa o Brasil não serão superadas a partir do desrespeito à ordem constitucional". Segundo eles, "um processo com essas características fere e desestabiliza o País". Por fim, os políticos dizem que o debate deve se apoiar no "resultado das urnas nas últimas eleições".