Ato anti-Dilma vai às ruas com menos força

Movimento contra a presidente aconteceu em, pelo menos, 100 cidades do País, após intervalo de quatro meses

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Manifesto pró-impeachment defronte ao Congresso Nacional em Brasília termina de forma pacífica
Os protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) retornaram neste domingo em, pelo menos, 100 cidades do País, em 19 estados e no Distrito Federal, após um intervalo de quatro meses. Eles reuniram menos pessoas do que os últimos, realizados em março, abril e agosto.
Com enterro simbólico e queima da bandeira do PT no gramado em frente ao Congresso Nacional, milhares de pessoas, vestidas de verde e amarelo, encerraram a manifestação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), ontem, em Brasília. O ato, que começou por volta das 11h, na Esplanada dos Ministérios, pediu ainda o fim da corrupção e a cassação do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O protesto terminou por volta das 13h.
O ato na capital federal fechou as vias da Esplanada dos Ministérios e reuniu 7 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar (PM), e 30 mil, segundo os organizadores. Os manifestantes seguiram do museu da República até o Congresso Nacional, com faixas contrárias à política fiscal e também a favor da cassação de Cunha. Havia ainda bonecos infláveis do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da presidente Dilma, representada com um nariz igual ao do personagem Pinóquio.
Uma das organizadoras Beatriz Kicis, integrante do movimento Revoltados Online e Resgata Brasil, disse que o ato foi a favor da democracia. "Marcamos dia 13, porque 13 é o número do PT, que é o partido que queremos derrubar", afirmou. A PM revistou os manifestantes na chegada à Esplanada, principalmente os que estavam com mochila. Embora os organizadores do ato em favor do impeachment da presidente estimassem a presença de 100 mil pessoas, em Vitória, contabilizaram a presença de 2 mil manifestantes.
Hoje, data de aniversário da presidente Dilma Rousseff, um grupo de militantes liderados pelo PT e por entidades que apoiam o governo organizam uma festa simbólica, em frente ao Palácio do Planalto, com direito a bolo e parabéns.

Em São Paulo, políticos sobem em carros de som com discurso pedindo saída do PT do poder

Em São Paulo, com discursos pedindo a saída do PT do poder, políticos de oposição compareceram à manifestação a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff neste domingo, na avenida Paulista.
Os senadores José Serra (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) foram recebidos por lideranças dos grupos pró-impeachment assim que chegaram ao local. "Não podia ficar longe nesse momento. É a voz das ruas", disse Caiado, ao tirar selfies com integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL).
Tido como próximo ao PMDB, Serra afirmou que a participação do partido em um eventual governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer dependerá do que o partido dele apresentar como projeto para o país. "Mas agora é hora de falar de impeachment, depois falamos de governo", disse.
Em cima do carro de som do movimento Acorda Brasil, um dos pré-candidatos à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, João Doria Jr., fez um discurso "pela limpeza pública". Após sua fala, Doria Jr. avaliou a mobilização como menor que o esperado, mas ressaltou que ela "representa a maioria do País".
No Rio de Janeiro, manifestantantes vestindo camisas verde e amarelas e levando faixas e cartazes contra o governo da presidente Dilma começaram a se reunir, na Avenida Atlântica, em Copacabana. O ato, a favor do impeachment da presidente, estava marcado para as 13h.
Por volta das 13h10min , movimentação na altura do Posto 5, na Praia de Copacabana já era grande para protesto pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O engenheiro Marcelo Medeiros, de 67 anos, defende o impeachment alegando que os brasileiros precisam de um governo transparente. "Dilma mentiu, mente e vai continuar mentindo para o povo. Qualquer um que assuma no lugar da Dilma é melhor que esse governo que está aí. Depois a gente cuida do Cunha, do Temer ou qualquer outro", disse.
Às 15h30min, os manifestantes começaram a dispersar quando chegaram em frente ao Copacabana Palace. O forte calor - a previsão para a tarde deste domingo era de máxima de 37°C - ajudou a dispersar o público. O ato terminou por volta das 16h.
Não houve consenso entre os organizadores da manifestação sobre a estimativa de público. De acordo com o movimento Vem Pra Rua, a manifestação reuniu 80 mil pessoas. Já o Movimento Brasil Livre estima que 100 mil pessoas compareceram ao ato. O Revoltados Online calculou um total de 60 mil manifestantes. A PM informou que não faz estimativas de público neste tipo de evento.
Em Curitiba, o ato pelo impeachment da presidente Dilma teve dois personagens como tema dos gritos de ordem: o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava Jato, aclamado como herói, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, como vilão. Segundo estimativas da Polícia Militar, cerca de 7 mil pessoas compareceram à manifestação.
Florianópolis reuniu 2 mil pessoas neste domingo, menos de 10% do registrado anteriormente. No Recife, 7 mil foram às ruas, e em Belo Horizonte, 3 mil. Belém e Salvador registraram menos de 1 mil manifestantes cada.
Em Belém do Pará, o deputado federal Eder Mauro (PSD-PA), que também é delegado de polícia licenciado, chamou a atenção dos cerca de 6 mil manifestantes - segundo a Polícia Militar, 1.200 - ao simular a prisão do ex-presidente Lula, algemando-o, durante o protesto pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Em Salvador, a manhã quente e ensolarada deste domingo, se mostrou bem mais atraente para o banho de mar do que para manifestações na cidade, onde a Polícia Militar estimou em 500 o número de pessoas que participaram do protesto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O público foi bem menor que o de eventos anteriores, e que o esperado pelos organizadores dos movimentos Vem Pra Rua e Na Rua.
Em Goiás, a Polícia Militar do Estado informou que 2 mil pessoas participaram de manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff, neste domingo, nas ruas de Goiânia. Os manifestantes se reuniram na Praça Tamandaré, uma das principais da cidade, e caminharam em direção à Praça do Ratinho, no setor Marista. A PM informou ter mobilizado cerca de 150 policiais para acompanhar a manifestação.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, afirmou neste domingo que as manifestações realizadas a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff estão "dentro da normalidade" democrática. Ele evitou comentar o sucesso ou fracasso dos atos desde domingo. Tudo dentro da normalidade em um país democrático, que respeita a legalidade, que respeita as instituições, um Brasil que estamos construindo com muita dedicação democrática", afirmou o ministro.

Evo Morales avalia que está havendo uma tentativa de 'golpe de estado parlamentar' no Brasil

O presidente boliviano Evo Morales disse, no fim de semana, que está em preparação um "golpe de estado parlamentar" contra a presidente Dilma Rousseff (PT) no Brasil. Em entrevista ao jornal argentino simpático ao kirchnerismo Página 12, ele comparou a situação atual do Brasil com a do Paraguai de Fernando Lugo, deposto em 2012 após um processo de impeachment relâmpago. É um golpe parlamentar em preparação. Já houve um golpe no Congresso do Paraguai, e agora está acontecendo (o mesmo) no Brasil (...) são os grupos oligárquicos os que detêm poder político", afirmou. O boliviano disse ainda que lhe "dói" o atual estágio do Mercosul, referindo-se à vitória do centro-direitista Mauricio Macri na Argentina. "Nos sentimos sós com Maduro. Me dói muito ver este panorama político regional", lamenta.