Site identifica permissionários e taxistas

Cansado de ouvir histórias sobre ser proprietário de uma frota de táxis em Porto Alegre, o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, anunciou nesta quinta-feira o lançamento de um novo canal que permitirá saber quem são os permissionários e os taxistas da cidade. No site da EPTC (www.eptc.com.br), agora há um banner permanente de "Consulta ao condutor de táxi". Lá, basta digitar o prefixo do veículo e será aberta uma página com o nome e a foto do permissionário e de todos os motoristas daquele automóvel. É possível fazer uma denúncia ou um elogio ao profissional, preenchendo um breve cadastro.

Segundo o prefeito José Fortunati, o novo sistema proporciona transparência absoluta. "O canal terminará com a lenda de ainda haver algumas pessoas com diversos táxis na cidade. O site mostrará claramente todas essas informações. Cada condutor recebe o chamado 'carteirão' fixado no próprio táxi, e os passageiros, ao ingressarem no veículo, poderão verificar no site se o motorista realmente possui licença ou se está cometendo pirataria", enfatiza.

Conforme um permissionário ou condutor receber muitas críticas, a EPTC verificará quais são as reclamações e vai colocá-lo em um curso de reciclagem. Se os problemas persistirem, o funcionário será impedido de continuar a dirigir os táxis da Capital. "Estamos gradativamente trabalhando com os taxistas para aperfeiçoar o serviço prestado na cidade. A própria implantação do GPS em todos os veículos foi um avanço nisso, pois agora o município tem controle de onde cada táxi está. Nesta sexta-feira, assinaremos o convênio para acoplarmos o botão de pânico, a ser acionado pelos motoristas em momentos de perigo, alertando imediatamente a Brigada Militar", cita o prefeito.

De acordo com Cappellari, se o passageiro perceber, através da foto, que o taxista daquele veículo não consta no canal de comunicação, ele poderá fazer uma reclamação à EPTC. A denúncia será encaminhada diretamente para o gerente de fiscalização do transporte, e este, posteriormente, responderá ao cidadão.

No futuro, o site será transformado em um aplicativo, mas, para já ser posto em funcionamento, foi lançado como um canal. "Queremos criar um instrumento maior de avaliação do serviço. No sistema do site, isso pode ser mal utilizado, diferentemente do aplicativo, onde acompanhamos se o cidadão está mesmo usando o serviço de táxi. Enquanto desenvolvemos essa modalidade, o site já está disponível", afirma o diretor.

Adão Ferreira de Campos, diretor administrativo do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), considera a criação do canal uma ótima ideia. "Isso mostrará para a população que temos condições de retirar de circulação aqueles taxistas que vêm cometendo infrações no nosso sistema. Com a colaboração da sociedade, esperamos, também, elogios, pois temos excelentes profissionais prestando um bom trabalho na Capital", observa.

O prefeito José Fortunati não considera que casos como o ocorrido no mês passado, quando um grupo de taxistas agrediu um motorista do Uber, possam ser evitados pela prefeitura com o canal. "Agressão depende das pessoas. Há pessoas de bem, que estão transitando e, repentinamente, devido a um conflito no trânsito, acabam se envolvendo e até matando outras. A natureza humana é muito mais complexa do que um simples canal", pondera. Com o site, entretanto, a identificação e o afastamento dos infratores serão facilitados.

O Uber, aplicativo de transporte privado, é considerado clandestino pela prefeitura. "Enquanto não houver regulamentação, o serviço do Uber será clandestino na Capital e, por isso, continuamos apreendendo os veículos. Temos, porém, um grupo de trabalho, integrado pela Procuradoria-Geral do Município, pela EPTC, pela Secretaria Municipal de Gestão e pelo meu gabinete, discutindo se é possível ou não regulamentarmos esse serviço", aponta o prefeito.

Um convênio entre a EPTC e o governo do Estado permite, desde setembro, o acesso do órgão municipal a um sistema utilizado pela Polícia Civil, onde constam as informações sobre todos os inquéritos policiais do Rio Grande do Sul. "Até então, tínhamos uma grande dificuldade, pois só tínhamos acesso às informações oficiais do Judiciário. A partir desse acesso, temos uma avaliação mais rigorosa, pois o nosso setor avalia as ocorrências policiais em andamento e os inquéritos encaminhados ao Judiciário e impede pessoas suspeitas de crimes mais graves de conduzir táxis, até a investigação ser concluída", explica Cappellari.

A medida garantirá a ficha limpa dos prestadores do serviço de táxi em Porto Alegre. A avaliação está sendo feita conforme o profissional solicita a renovação anual de seu carteirão. "Temos 10,4 mil taxistas, não podemos fazer esse trabalho todo de uma só vez. Entretanto, até setembro de 2016, todos os prontuários serão realizados e todos os que sobrarem serão realmente ficha limpa", assegura o diretor-presidente da EPTC.