Empresa ganhou público com bilhetes aéreos em 12 vezes sem juros no carnê

Vai Voando decola o turismo para classes D e E


Empresa ganhou público com bilhetes aéreos em 12 vezes sem juros no carnê

Realizar parcerias com quem quer empreender nas comunidades. Essa foi a forma que a Vai Voando encontrou para emplacar o seu negócio - a venda de passagens aéreas pré-pagas para o público de baixa renda.
Realizar parcerias com quem quer empreender nas comunidades. Essa foi a forma que a Vai Voando encontrou para emplacar o seu negócio - a venda de passagens aéreas pré-pagas para o público de baixa renda.
Fundada em 2010, a empresa destoa das demais agências do setor. Os bilhetes podem ser parcelados em até 12 vezes, vencendo mês a mês até faltar uma semana para o embarque. Além disso, os preços são isentos de juros e o cliente não passa por avaliação de crédito. Resultado: a Vai Voando possui mais de 200 pontos de venda ativos, soma 260 mil clientes embarcados e projeta fechar as contas de 2015 com um faturamento de R$ 44 milhões.
Tudo começou com o paulistano Thomas Rabe, hoje com 51 anos. Ele era dono de uma agência de viagens "tradicional" e estava acostumado a atender clientes ricos em viagens ao exterior. O problema começou quando esse público passou a comprar passagens pela internet diretamente das companhias, o que fez sua receita cair.
Paralelamente, a caixa-postal de Rabe lotava com pedidos de orçamentos de garçons, porteiros e motoristas. Percebendo que era hora de se reinventar, Rabe buscou investidores para dar o start no novo empreendimento. O aporte principal veio da Gapnet - que no mês passado anunciou a fusão com a Flytour, criando o segundo maior grupo de turismo no Brasil, atrás apenas da CVC.
Parte dos consumidores da Vai Voando pertence às classes D e E, segundo Luiz Andreaza, gerente de marketing e comercial da empresa. O foco é montar lojas simples nas periferias dos grandes centros, de modo que estejam próximas aos clientes. "Nada daquela agência sofisticada, imponente e com foto de Paris. O cliente da periferia jamais pensa em entrar naquilo", afirma. 
Cerca de 60% das operações da empresa estão concentradas no eixo Rio-São Paulo. Por mês, são vendidos de 10 mil a 12 mil bilhetes - a grande maioria para o Nordeste. Por enquanto, o Rio Grande do Sul conta com apenas um parceiro. As conversas para estabelecer de vez as operações no Estado - a começar pelo bairro Restinga, em Porto Alegre - devem acontecer também em 2016 graças à integração com comunidades e entidades como a Cufa (Central Única das Favelas), que dirige o programa "Favela Vai Voando".
LEIA TAMBÉM

>> A favela quer empreender

Um estudo do Instituto Data Favela, divulgado em novembro passado, revelou que 42% dos mais de 12 milhões de moradores das periferias do País pretendem iniciar o próprio negócio. O número é bem superior aos 26% dos demais brasileiros que querem empreender. #desejo