Pessoas e empresas que buscam soluções para os afazeres domésticos na Capital

As soluções de empreendedores para facilitar a vida em casa


Pessoas e empresas que buscam soluções para os afazeres domésticos na Capital

Com a vida corrida e a ressignificação de alguns hábitos do dia a dia, certas funções vão perdendo seu espaço dentro da rotina doméstica. Há quem tenha achado, nestas mudanças, uma oportunidade para oferecer serviços para facilitar a administração do lar, do guarda-roupa, do prédio.
Com a vida corrida e a ressignificação de alguns hábitos do dia a dia, certas funções vão perdendo seu espaço dentro da rotina doméstica. Há quem tenha achado, nestas mudanças, uma oportunidade para oferecer serviços para facilitar a administração do lar, do guarda-roupa, do prédio.
Ana Maria Vasconcelos, 52 anos, é psicóloga com mais de duas décadas de experiência. Há cinco, ela idealizou a Contatto, empresa de recrutamento e seleção de empregadas domésticas, babás e cuidadores, que toca completamente sozinha.
O trabalho que realiza, no entanto, vai muito além disso. "Quando as pessoas me ligam e dizem que conhecem a minha 'agência', isso me incomoda. Porque meu trabalho não é esse. Eu não sou uma agência de empregos, sou uma intermediadora de encontros entre pessoas que estão precisando uma da outra", explica Ana Maria. Isso se deve ao fato de que a psicóloga opta por conhecer bem o cliente, suas preferências e necessidades para ir atrás de um profissional. Ao encontrar o possível candidato ou candidata, é hora de, então, também conhecê-lo e, de igual forma, desvendar as suas necessidades e particularidades.
A avaliação é mútua, e a aproximação é essencial. "Eu não estou de um lado nem de outro. Estou exatamente no meio", ilustra Ana, que tem casos de profissionais empregadas na mesma família desde que abriu a empresa. Para que este encontro aconteça e dê certo, ela precisou desenvolver um método próprio de trabalho.
Após conversar com o contratante e saber tudo o que ele gosta para administrar as questões domiciliares, Ana parte para a segunda etapa do processo, que consiste em entregar panfletos em paradas de ônibus da cidade, apresentando o trabalho que desenvolve e divulgando disponibilidade de vagas.
"Depois das panfletagens, eu chego em casa, sento e aguardo meu telefone tocar. Sempre toca", assegura.
Uma vez que Ana recebe a "missão" de encontrar o profissional, não descansa. O serviço da Contatto se ajusta totalmente à necessidade do cliente: as reuniões e encontros presenciais podem acontecer a qualquer horário.
O prazo para preencher a vaga é de uma semana. Na seleção, além das conversas, também são aplicados testes de avaliação psicológica. Conforme o contrato, ela pode levar até três profissionais para entrevista com o cliente. O serviço tem 60 dias de garantia. Se não der certo, ela refaz o procedimento sem custos.
"Eu não consigo trabalhar sem conhecer, sem estar olho no olho", expõe. Porque, aliás, é assim que vai acontecer o trabalho efetivo entre as pessoas, dentro de casa.

Tecnologia em casa

Porto Alegre está se destacando no desenvolvimento de soluções para casas. O SocialCondo, com unidade no bairro Floresta, oferece, desde 2013, a opção de agendar o salão de festas, espaço gourmet ou outros espaços do condomínio diretamente do celular, tablet ou computador. Marcos Eich, 26 anos, diz que a ideia é levar o benefício da tecnologia para o lugar onde as pessoas moram. "Usamos o Waze ou o Uber para chegar em casa. Mas, quando a gente chega em casa perde os benefícios da tecnologia", comenta. Os planos para condomínios custam entre R$ 49,00 e R$ 490,00, dependendo do número de casas ou apartamentos. Ele e os outros dois sócios são ex-funcionários da SAP, onde trabalharam por três anos.  

Quem adora passar roupa?

Fabíola Braga Torres, 38, e Alex Cardoso, 42, abriram, no mês passado, as portas da Maria Passadeira, em Porto Alegre. O que ela faz? Passa as suas roupas. E o que mais? Apenas isso (!). O que, para muitos, é uma grande coisa.
Funciona assim: o cliente leva as roupas até a loja, no bairro Tristeza, na Zona Sul, ou solicita o serviço de busca à domicílio.
O volume é calculado de acordo com caixas de dois tamanhos. A grande custa R$ 49,90, a pequena, R$ 39,90. Com estes valores, pode-se colocar nas embalagens o que couber.
"A pessoa tem a liberdade para isso", diz Fabíola. Em uma caixa grande, cabe o equivalente a 15 roupas tamanho adulto, 40 peças de bebê ou cerca de 28 infantis. Há valores por peça de roupa também. Uma camisa social custa R$ 6,50. Uma camiseta, R$ 4,50.
"As lavanderias não querem fazer só o serviço de passar. Isso atrapalha a operação delas. Se você levar uma blusa ou calça sujas para fazer todo o serviço ou levar a mesma peça limpa só para passar, a diferença de preço costuma ser de R$ 1,00", analisa Cardoso. A justificativa para isso, aponta, é a de que a roupa está muito mais amassada e difícil de passar do que se fizesse todo o ciclo de lavagem.
Fabíola teve o insight para a Maria Passadeira quando percebeu que precisava contratar uma diarista, além do dia da faxina, só para passar as roupas. Ela se deu conta, na época, do quanto foi difícil achar quem fizesse isso.
Com a empresa aberta, a recepção está sendo positiva. "Muita gente veio até nós para colocar em dia o seu volume de roupas acumuladas", conta Fabíola. Um cliente, em três levas, tinha mais de 70 camisas. Outra, de uma vez só, 35 lençóis. "Este cliente das camisas não tinha tempo para passar e acabava comprando uma nova quando acumulava demais", expõe Cardoso.
O casal levou mais de um ano entre amadurecer a ideia e estruturar a empresa. "Neste tempo, usamos diversas vezes os serviços de lavanderias, nossos concorrentes diretos, para ver os pontos fortes e fracos", conta Cardoso. Fizeram tudo como manda o figurino: desde a elaboração do plano de negócios, reserva financeira, conhecer o mercado, e até a mudança para uma residência que pudesse servir também para loja.
Para o futuro, a ideia é que a Maria Passadeira vire uma franquia nacional. No site www.mariapassadeira.com.br estão os bairros atendidos.

Organizando o condomínio

Quem mora em condomínio de grande porte sabe a complexidade que é ficar sabendo de informações simples, como quando haverá falta de água ou o andamento de alguma arrumação, sem ficar refém do famoso mural de avisos. Ou mesmo lidar com a cacofonia na comunicação que pode permear todos estes processos. E reservar salão de festas, então? Da experiência de quem viveu estes entraves na prática, nasceu a Capese, uma ferramenta on-line para gestão de condomínios.
"Víamos dificuldade em lidar com as rotinas do nosso próprio condomínio", diz Caroline Militz, uma das fundadoras da Zas Up, agência responsável pelo projeto. Criada em 2012 por Caroline, 28 anos, Jonatas Fazenda, 27, e Felipe Santos, 25, a ideia entrou para fase de testes em 2014 e, em 2015, para comercialização. Hoje, são 7.000 unidades condominiais atendidas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina - a menor tem 38 unidades residenciais e a maior, 1.020. Ou seja, considerando que em cada apartamento moram, em média, três pessoas, é gente para caramba. "A Capese também resolve os possíveis problemas de relacionamento, tão recorrentes entre vizinhos. Justamente porque a informação chega de forma mais direta e ágil a todos, não há espaço para discussões", afirma Felipe.
A plataforma pode ser usada por todos os condôminos ou só para gerenciamento do síndico.
Das funcionalidades, a Capese oferece um calendário para agendamento e consulta de datas disponíveis de salões de festa, comunicação direta com a portaria - seja para entregas de encomendas ou informações sobre visitantes -, cadastro de pets com foto (para eventuais perdas ou problemas), controle de veículos e vagas. Funciona como um canal oficial de comunicação com os condôminos para avisos de toda sorte.
Como o foco é facilitar as rotinas organizacionais de conjuntos habitacionais populosos, praticidade é a palavra. "A ideia é, também, que o mural de avisos vá até o morador, levando em conta a economia de tempo que isso gera", ressalta Caroline.
A solução, por estar na nuvem, opera tanto no desktop quanto no mobile, em todos os tipos de sistemas operacionais. E avisos urgentes podem ser disparados pelo síndico direto por e-mail ou no celular de cada morador. O pagamento pelo serviço é mensal e custa R$ 1,90 por apartamento.
Em breve, deve ser lançado na ferramenta um canal de "classificados" só para vendas e trocas entre moradores.