Capacidade instalada fabril fica em 77,7%

Em outubro, setor continuou com processo de demissão de trabalhadores com a nona queda consecutiva mensal

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Nos primeiros 10 meses de 2015, faturamento real caiu 7,8% em relação ao ano passado
O nível de capacidade instalada na indústria brasileira ficou praticamente estável de setembro (77,6%) para outubro (77,7%), de acordo com os indicadores industriais divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A série apresentada pela instituição é dessazonalizada.
A marca de 77,7% havia sido vista em setembro, mas agora passou por revisão e é o menor patamar para a série histórica, que começou em janeiro de 2003. Em outubro de 2014, a utilização da capacidade instalada estava em 81%. O faturamento da indústria teve queda real de 4% em outubro na comparação com setembro e recuou 15,3% em relação a outubro de 2014. No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, o faturamento real da indústria caiu 7,8% ante o mesmo período do ano passado.
Com a retração na atividade e a ociosidade ainda elevada, as indústrias brasileiras mantiveram o processo de demissão em outubro, segundo indicadores da CNI. Conforme a pesquisa, o emprego recuou pelo nono mês consecutivo, ao cair 0,9% em outubro ante setembro, na série dessazonalizada. Na comparação com outubro de 2014, a queda foi de 7,7%. Já no acumulado do ano, o recuo do emprego foi de 5,6% ante os 10 primeiros meses do ano passado.
A diminuição do mercado de trabalho atingiu a massa salarial e o rendimento dos trabalhadores. Segundo a pesquisa, a massa salarial real teve redução de 1,0% em outubro ante setembro, na série dessazonalizada, e caiu 9,0% ante outubro de 2014.
No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, a massa salarial real teve queda de 5,7% ante o mesmo período de 2014. Já o rendimento médio real subiu 0,1% em outubro ante setembro e teve redução de 1,3% em outubro ante o mesmo mês de 2014. No acumulado do ano, o rendimento médio real apresenta estabilidade.

Resultado da indústria de material de construção deve recuar 1,5%, prevê Abramat

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, avalia que o resultado do PIB do Brasil no terceiro trimestre de 2015, de queda de 1,7% em relação ao segundo trimestre deste ano, e de recuo de 4,5% ante o mesmo período de 2014, confirma a leitura de que 2015 foi um ano muito negativo como um todo e que o faturamento real da indústria de materiais de construção deve fechar o exercício com queda de 11,5%.
"A indústria de materiais de construção está inserida na indústria de transformação, que deve ter, neste ano, uma queda muito superior à do PIB", disse Cover.
"A indústria de material de construção neste ano deve registrar queda de 11,5% no faturamento real, resultado de uma queda de 14% na atividade na construção civil e de 8% no faturamento real do varejo", estimou.
Segundo o executivo, a retração no faturamento do varejo ocorre em função da alta no desemprego, da queda no rendimento das famílias e da dificuldade de obtenção de crédito. "Isso afeta muito as famílias. As pessoas ainda empregadas têm medo de serem demitidas, e acabam postergando as reformas nas moradias."
Cover ressalta que, no ambiente da construção civil, o fenômeno é parecido, destacando que o mercado de infraestrutura foi bastante afetado pela conjuntura da Operação Lava Jato. "As grandes empreiteiras pararam de operar com obras novas", disse. "Também há a falta de confiança dos empresários na economia para investir em novos empreendimentos."
O executivo afirmou que é necessária uma mudança no discurso do governo, de modo a criar uma agenda positiva que permita a retomada do crescimento. "Temos que terminar o ajuste fiscal e, com isso, o governo precisa de uma proposta de crescimento. Só se fala em ajuste e aumento de imposto, e essa é uma agenda negativa. Ajudaria a criar um ambiente de negócios positivo se começarmos a ter um projeto de crescimento para meados de 2016 e 2017."
Para o ano que vem, o presidente da Abramat afirma que a expectativa é de que seja um ano "menos ruim" do que 2015.
"Devemos ter uma inflação menor, ajudada pela retração econômica", disse Cover, destacando que esse fator, em combinação com os acordos salariais e com o reajuste no salário-mínimo, deve gerar uma percepção de que a renda real parou de cair. "Assim, as famílias podem começar a pensar que o pior já passou."
Em relação às construtoras, o executivo também afirma que alguns fatores podem pesar favoravelmente ao longo de 2016, com os leilões de logística podendo reaquecer o mercado de obras de grande porte. "O Minha Casa Minha Vida nas faixas 1, 2 e 3, já com o dinheiro do fundo de garantia, pode ter um desempenho melhor que em 2015." Cover destaca que o dólar pode gerar um efeito positivo para o setor, acelerando o processo de substituição de importações.