Com entrega no Brasil inteiro para mais de 1.300 assinantes, o Clube do Zero aposta no público com alguma restrição alimentar para a compra de suas caixas cheias de surpresas

Alimentação sob medida na porta de casa


Com entrega no Brasil inteiro para mais de 1.300 assinantes, o Clube do Zero aposta no público com alguma restrição alimentar para a compra de suas caixas cheias de surpresas

Se há algum tempo era difícil encontrar produtos orgânicos e livres de glúten, lactose e origem animal no mercado convencional, hoje há empresas especializadas em entregá-los à domicílio. Porto Alegre está mobilizada neste tipo de serviço, que beneficia a saúde dos consumidores e preza a sustentabilidade.
Se há algum tempo era difícil encontrar produtos orgânicos e livres de glúten, lactose e origem animal no mercado convencional, hoje há empresas especializadas em entregá-los à domicílio. Porto Alegre está mobilizada neste tipo de serviço, que beneficia a saúde dos consumidores e preza a sustentabilidade.
Com entrega no Brasil inteiro para mais de 1.300 assinantes, o Clube do Zero aposta no público com alguma restrição alimentar para a compra de suas caixas cheias de surpresas. Na capital gaúcha, são montadas as embalagens com itens zero glúten, zero lactose e zero açúcar, que vão para todos os estados do País.
Há dois tipos de pacotes para a escolha do assinante: o Tradicional, que custa R$ 59,90, tendo entre oito e 12 produtos, e o Premium, de R$ 89,90, levando entre 13 e 18. Em ambos, o cliente recebe todo mês um mix de artigos aleatórios e inéditos.
Vão desde lanches prontos até ingredientes para o preparo de alguma refeição, como massa de Petit Gateau ou espaguete, por exemplo. A marca trabalha com a ideia de ser "um presente para a dieta".
Os produtos são envolvidos em papel de seda, uma carta personalizada, uma revista com informações úteis e uma etiqueta com composição nutricional, tudo para fazer com que o destinatário se sinta especial.
A empresa tem dois anos e, atualmente, está sob o comando dos sócios Maicon Pelizzaro, 28 anos, Daniel Walfrid, 31, e Adriana Laste, 47. "Há pessoas que não têm restrição, mas querem se alimentar melhor", diz Walfrid, sobre o perfil dos consumidores.
As indústrias que fornecem os produtos para o negócio são avaliadas por uma nutricionista - garantindo, assim, a segurança e confiabilidade dos intolerantes. "A empresa parceira chega realmente no público que ela quer atingir. Mais de 80% das indústrias retornam", conta Pelizzaro.
O Clube do Zero fatura cerca de R$ 70 mil por mês. Para dar conta das entregas, um mutirão de seis pessoas se reúne no escritório durante 10 dias, no bairro Passo d'Areia, para a montagem e logística. "Trabalhamos o encantamento no ponto de contato do assinante", expõe Pelizzaro, em relação ao resultado final, que é enviado pelo correio.

A feira dentro da cesta

A rotina de Bruna Zaparoli, Renata Cascais e Bárbara Behs começa cedo em pleno sábado. Às 6h da manhã, elas já estão na Feira Ecológica do bairro Bom Fim com uma lista de compras em punho para negociar direto com os produtores. São cerca de 100 itens, entre frutas, legumes, temperos e especialidades. Por que tanto? Bruna, Renata e Bárbara são sócias da Cesta Feira, serviço de entrega de cestas oriundas diretamente de feiras orgânicas da Capital.
Além dos sábados, elas batem ponto às quartas-feiras na feira do bairro Menino Deus. As entregas, na casa do cliente, são feitas nestes dois dias. Por semana, cerca de 60 cestas são montadas. Elas podem ser pedidas em duas opções de planos mensais ou solicitadas até um dia antes, com preço previamente fixado. É possível, ainda, escolher os produtos ou deixar a rigor das sócias.
O custo varia de R$ 45,00 a R$ 65,00, conforme o pedido. Os planos mensais saem por R$ 170,00, com suco e cinco tipos de legumes e verduras, e R$ 245,00 para a mesma composição incrementada com pão e ovos. "Tem gente que pede toda semana itens específicos. E há muitos clientes que não escolhem nada", conta Bruna. "Em alguns casos, com o convívio, a gente já vai entendendo o gosto do cliente, sabendo o que a família precisa", acrescenta. Em datas comemorativas, elas também propõem cestas-presente especiais.
As cestas usadas pela Cesta Feira são retornáveis. O cliente paga R$ 15,00 apenas uma vez. Na hora da entrega, troca-se a cheia pela vazia.
No bolso do consumidor, com a margem de lucro do negócio, o orgânico acaba saindo com preço equivalente ao hortifruti convencional do supermercado. "A gente tem dois tipos de clientes. Aquele que já consome orgânicos e não tem tempo de ir na feira, e a pessoa que ainda não consome e quer começar, tendo o incentivo de receber isso em casa", ilustra.
A Cesta Feira recebe, no máximo, 10% de desconto do produtor.
Um dos maiores parceiros é a Cooperativa de Produtos Orgânicos Pão da Terra, de Eldorado do Sul, que tem certificação da Rede Ecovida de conformidade orgânica.
"Desde que a Cesta Feira surgiu, nós temos uma relação muito próxima com eles, uma relação de amizade mesmo. Já fomos para lá, aprendemos a colher, aprendemos sobre a importância do alimento orgânico e do desenvolvimento econômico movido pelas feirinhas", salienta Bruna.
A inspiração para criar a empresa veio de exemplos do exterior. Bárbara viajou para o interior da França, onde visitou comunidades de agricultura familiar e pôde aprender sobre a organização das mesmas. Bruna trabalhou em uma fazenda orgânica nos Estados Unidos.
"Lá, os produtores tinham como prática entregar na comunidade o que havia de bonito nas propriedades deles", conta Bruna, que é formada em Geografia e agora, por causa do projeto, faz mestrado em Desenvolvimento Rural.

Veganismo na garrafa

Depois de perceber que não se encaixaria no modelo de funcionária de indústria, a técnica em Química e estudante de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Cíntia Selbach, 26 anos, decidiu lançar a El Gato. A marca, de Porto Alegre, trabalha com produtos veganos, como bebidas que substituem o leite, iogurte, cremes e achocolatados.
"Não queria simplesmente me formar engenheira, ir para indústria e trabalhar com objetivos que não eram meus. Com a minha empresa, posso contribuir para um mundo um pouco melhor, o que na indústria é complicado", diz Cíntia. A El Gato, formada há pouco mais de um mês, recebe pedidos através de site (www.elgatopoa.com), pelo Facebook e pelo WhatsApp.
Cíntia comenta que muito se fala que "veganismo é coisa de elite", e a intenção dela é justamente quebrar esse paradigma. "Queremos que as pessoas possam ser veganas sem achar que precisam ser ricas", avisa. Por isso, no cardápio há mais de um tipo da bebida, por exemplo.
A opção a base de amêndoas pode chegar a R$ 18,00 por litro. Há, contudo, a de soja, que custa R$ 8,00 o litro, e uma a base de arroz e aveia, entre R$ 4,00 e R$ 6,00. Quem devolve a garrafa de vidro para reaproveitamento ainda ganha R$ 2,00 de desconto.
Cíntia concilia a empreitada com o estágio, na Petrobras, e as aulas na faculdade. Para isso, recebe a ajuda da mãe, que cuida com carinho das embalagens, da irmã, na parte de imagem, e do namorado, na produção. Nas feiras que participa, a média de vendas é de 100 garrafas.
Fora isso, chegam cerca de 10 encomendas semanais. "A ideia é fazer em casa, dominar o processo de produção, testar os produtos, validar a hipótese de que há mercado e conhecê-lo para, então, partir para o aumento da produção."
No futuro, Cíntia pretende ter uma fábrica para produzir em maior escala e distribuir para supermercados e lojas. Assim, deixará os produtos mais acessíveis para o consumidor.
O investimento inicial do negócio girou em torno de R$ 1 mil para aquisição de garrafas e panelas e de R$ 500,00 para os grãos. "Nossos leites vegetais são para pessoas que optam por não consumir derivados de animais, assim como pessoas com restrições alimentares ou que buscam uma alimentação mais saudável", resume.
 

No coffee break

O Clube do Zero está investindo em participação em eventos corporativos com suas caixinhas. Em um recente, da ADVB, o coffee break foi substituído por uma embalagem com quatro produtos saudáveis e uma bebida. #boaideia