Confiança da indústria gaúcha permanece negativa, avalia Fiergs

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Após atingir em outubro o menor valor da série, iniciada em 2005, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-RS) aumentou 0,7 ponto e alcançou 35,9 em novembro. No entanto, por estar muito abaixo da linha dos 50 pontos, continua refletindo de forma disseminada nas empresas a falta de otimismo. "Os resultados do penúltimo mês de 2015 sinalizam que a atividade industrial teve mais um período difícil.
Os industriais ainda projetam um início de 2016 nada animador", avalia o presidente da Fiergs, Heitor Müller, destacando que permanecem interferindo na retomada do crescimento a alta dos juros, os custos de produção, a inflação e o desemprego, assim como a queda de demanda e investimentos. "Tudo isso, somado a um ambiente político conturbado, mantém baixa a confiança dos empresários do setor. Não há qualquer perspectiva de melhora no curto prazo", afirmou.
Para os industriais gaúchos, as condições atuais da economia brasileira estão degradadas. Mesmo com o indicador passando de 16,8 pontos, em outubro, para 19,9 em novembro, segue com recordes negativos nos dois meses. Em relação às empresas, o cenário também é pouco animador. A situação delas (33,8) está muito distante da desejada linha dos 50 pontos, apesar da elevação de 2,8 pontos no período. Nessa base de comparação, o índice de expectativas recuou de 39,8 pontos para 39,2. Portanto, o prognóstico do setor permanece negativo para os próximos seis meses. Em novembro, as perspectivas dos empresários pioraram, principalmente, para as próprias empresas: 44,8 pontos, o menor valor para a série.

Alta da taxa de importação do aço reduzirá competitividade

Se o governo federal confirmar o aumento da alíquota sobre o aço importado, medida que vem sendo estudada pela equipe econômica, a indústria brasileira que consome esse item terá sua competitividade prejudicada, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, após a divulgação de dados do setor em outubro.
"Já estamos em uma situação de crise monumental, teremos nossa competitividade ainda mais afetada (se houver o aumento da alíquota)", disse. Ele lamentou também que o governo esteja consultando apenas as fabricantes de aço do Brasil sobre o possível aumento. "O governo deveria chamar toda a cadeia, além daqueles que fabricam o aço", acrescentou o executivo, que se reuniu ontem com outras 11 entidades de empresas brasileiras que consomem aço para discutir a medida do governo. As entidades criticam a alteração, porque teriam de pagar mais caro para importar o aço.
Pastoriza argumentou que a indústria que consome o insumo tem maior relevância para a economia brasileira do que os fabricantes de aço e, portanto, deveria ser levada em consideração. "O setor de aço no Brasil é composto por 11 oligopólios, que faturam R$ 30 bilhões por ano e somam 120 mil empregos diretos. As 12 entidades aqui reunidas faturam R$ 700 bilhões e empregam 4 milhões de pessoas diretamente", comparou.
O presidente da Abimaq disse ainda que o aço importado representa "apenas" 10% do consumo do item no Brasil e, por isso, as fabricantes brasileiras não deveriam fazer este "escândalo". "As fabricantes de aço estão passando por dificuldade, porque nós, que consumimos o aço, estamos quebrando, sem mercado. Então, essa medida é um tiro no pé do setor", afirmou.
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que o aumento da alíquota é importante, porque o País está sendo "invadido" por aço importado. "O mercado interno despencou e existe um volume de importação muito elevado. Nosso mercado já é muito fraco, porque os consumidores estão passando por dificuldades e ainda vêm sendo bombardeados por importações."
A indústria de máquinas e equipamentos nacional faturou R$ 6,78 bilhões em outubro deste ano, queda de 1,7% ante setembro, e recuo de 23,6% na comparação com outubro do ano passado, mostram os dados da Abimaq. Com os resultados, o faturamento acumulado em 2015 até outubro é de R$ 73,799 bilhões, montante 9,1% menor do que o de igual período do ano passado.