Em Moscou, Assad agradece a Putin por bombardeios

Conforme o presidente sírio, ações evitaram propagação do terrorismo

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Líderes se reuniram na terça-feira para discutir medidas conjuntas
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, fez uma visita surpresa na noite de terça-feira a Moscou, onde se reuniu com o presidente Vladimir Putin e agradeceu pela campanha de ataques aéreos da Rússia em território sírio, iniciada há algumas semanas. Esta foi a primeira viagem de Assad ao exterior desde o início da guerra civil em seu país, em março de 2011. Segundo o regime sírio, o presidente já retornou para Damasco.
"Se não fosse pelas ações da Rússia, o terrorismo teria se propagado pela região, teria assumido o controle de um território ainda maior", disse Assad, segundo a imprensa russa. "Gostaria de agradecer mais uma vez ao povo russo por seu apoio ao nosso país e expressar a esperança de que venceremos o terrorismo."
No encontro, os dois líderes concordaram que a intervenção militar russa deve encaminhar um processo político no país. O líder russo disse que uma solução política do conflito é possível "com a participação de todas as forças políticas, étnicas e religiosas" da Síria. "Estamos dispostos a fazer o que for possível não apenas na luta contra o terrorismo, mas também no processo político."
Além disso, Putin insistiu na importância que a intervenção na Síria tem para a segurança da Rússia. "Não podemos permitir que pessoas da ex-União Soviética, com experiência militar e treinadas pelos terroristas na Síria, apareçam no território da Federação da Rússia", disse Putin. Segundo ele, ao menos 4 mil pessoas da região foram à Síria para lutar ao lado de grupos radicais.
Ao iniciar, no fim de setembro, os bombardeios na Síria em favor de Assad, a Rússia mudou o panorama da guerra civil no país. Embora tenha reafirmado que seus alvos são somente posições de organizações radicais como o Estado Islâmico (EI), o Kremlin é acusado pelo Ocidente de atacar áreas dominadas pela oposição.
Uma semana após o começo da campanha russa, o Exército sírio anunciou uma "grande ofensiva" por terra para retomar territórios sob controle dos rebeldes no centro e na porção ocidental do país. A participação da Rússia na guerra síria aprofundou a crise entre Moscou e o Ocidente, que já vinha se agravando com o apoio do Kremlin a separatistas no Leste da Ucrânia e com a anexação da península da Crimeia, em março de 2014.
Desde o início do conflito sírio, o Ocidente vinha apostando em uma solução que passasse pela deposição de Assad. A Rússia, aliada de longa data do regime sírio, reiterou diversas vezes sua defesa de que Assad permaneça no poder e vetou em instâncias internacionais resoluções sobre a crise.

Chanceler russo e John Kerry se encontrarão com turcos e sauditas

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, irão fazer na sexta-feira uma reunião em Viena para discutir sobre a guerra civil na Síria. Com participação da Turquia e da Arábia Saudita, o encontro acontece semanas após Moscou começar a atacar o país árabe em apoio ao regime de Bashar al-Assad. A operação é criticada por norte-americanos, sauditas e turcos.
Além deles, irão ao encontro na capital austríaca os chanceleres turco, Feridun Sinirlioglu; saudita, Adel al-Jubeir; e jordaniano, Nasser Judeh. Tanto sauditas quanto turcos apoiam os rebeldes que tentam derrubar Assad há quatro anos. Enquanto a monarquia do Golfo Pérsico fornece ajuda financeira aos insurgentes, a Turquia permite a passagem do armamento para o conflito.
Os dois também fazem parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra a milícia radical Estado Islâmico. A ação militar na Síria foi prejudicada com a chegada da Rússia, levando às críticas destes países contra Moscou.