Cavernas e grutas são atração em Santa Catarina

Três regiões estão preparadas para receber visitantes com perfis que vão desde aventureiros a estudantes

Por Adriana Lampert

Botuverá, reconhecida como uma das mais ornamentadas do Sul do País, possui 1,2 mil metros de extensão
A exuberância da natureza que atrai turistas para Santa Catarina durante todo o ano, vai além dos cânions da serra e das praias do litoral. Grutas e cavernas são o principal atrativo de algumas cidades do interior daquele estado. Além de turistas de todo o País e do Mercosul, principalmente, também famílias e estudantes de escolas das regiões do entorno se encantam com as histórias e com o universo enigmático destes locais. Assim como no Paraná e em São Paulo, onde o nicho tem força, a exploração de cavernas e grutas representa um papel significativo no turismo de aventura e responde por uma parte importante da economia destas regiões.
A mais famosa é a Caverna de Botuverá, localizada no Parque Municipal das Grutas de Botuverá, na Estrada Geral de Ourinhos, a 15 quilômetros de Botuverá - cidade próxima a Brusque, Balneário Camboriú e Blumenau. Para se ter uma ideia, o município tem 5 mil habitantes, e recebe de 15 mil a 20 mil visitantes por ano, que chegam à cidade só para visitar as grutas do parque. "Nosso principal atrativo turístico são as cavernas, que estão na lista das mais bem ornamentadas do Sul do País", confirma o secretário de Esporte, Cultura, Turismo e Juventude de Botuverá, Jeferson André Mariani.
As Grutas de Botuverá possuem, aproximadamente, 1,2 mil metros de extensão e são compostas por várias esculturas feitas pela água, como couves-flor, chão de estrelas, fendas, vielas, estalactites (formações que crescem de cima para baixo), estalagmites (formações que crescem de baixo para cima). "Constituem em um conjunto inigualável e eternizado por pingos de água que gotejam continuamente do teto a centenas e milhares de anos", comenta o guia turístico Josimar Leoni, um dos quatro profissionais que recebem e orientam grupos de visitantes no parque. O passeio dura 45 minutos e custa R$ 14,00 por pessoa, sendo que crianças (a partir de quatro anos), estudantes e pessoas maiores de 60 anos pagam meia-entrada.
O trajeto de 220 metros é cheio de labirintos, por isso é preciso a ajuda de guias para explorá-los, destaca o secretário de Turismo. O local tem iluminação artificial e há rígidos padrões de segurança para quem visitá-lo. No caminho, composto por 800 degraus (ida e volta), ainda se encontram nove salões - o maior deles com 20 metros de altura, utilizado pausas onde os visitantes escutam a história do local, que foi descoberto por caçadores em 1940. A exploração das cavernas para turismo só começou no final dos anos 1980, mas a estrutura para visitação foi criada a partir de 2000, conta Mariani. De acordo com o administrador do Parque Municipal das Grutas de Botuverá, Evandro Barni, o espaço ainda possui trilhas, cachoeiras e infraestrutura para o lazer, como praça de alimentação, quiosques e churrasqueiras. "É uma alternativa para quem quer passar o dia", comenta, explicando que o acesso às cavernas é limitado a 12 grupos de 15 pessoas por dia. "Em um domingo de sol, é preciso chegar cedo para conseguir ingressos, pois, em geral, se esgotam no máximo até às 14h." Botuverá não tem hotéis. "Mas é possível se hospedar em Brusque", comenta o secretário de Turismo.

Beleza natural ainda restrita ao público

De acordo com o Cadastro Nacional da Sociedade Brasileira de Espeleologia, Santa Catarina possui 74 cavernas. Muitas têm fácil acesso, mas a maioria não está aberta à visitação, e algumas ficam em propriedades particulares Dois exemplos são a Caverna Rio dos Bugres, no município de Urubici, na serra. Segundo a proprietária das terras, Joice Aparecida da Cruz, a origem desta formação rochosa é incerta.
"Existem duas histórias: a oficial conta que os índios da tribo Bugres construíram cavernas para morar e se defender de animais selvagens. Mas um grupo de geólogos que realizou estudo afirma que a formação é originada de um vulcão que entrou em erupção há mais de 10 mil anos, e que os índios só aprimoraram as aberturas." Joice afirma que para visitar a caverna - que tem 200 metros e cinco saídas - não é preciso guias. "Tem placas indicando o caminho, mas tem que levar lanterna, porque lá é escuro", descreve a proprietária das terras, que explora esta atração, cobrando R$ 4,00 por pessoa. De maio a julho, cerca de 1.000 visitantes por dia chegam ao local, que possui espaço reservado para estacionamento de carros. "Qualquer pessoa pode fazer o passeio, de crianças a idosos."
Em fevereiro, Joice inaugurou uma pousada, com quatro chalés (cujas diárias para casal variam de R$ 150,00 a R$ 200,00), para os visitantes que decidirem aproveitar um pouco mais do local, cercado de Mata Atlântica. "Dá para passear a cavalo, percorrer trilhas, tomar banho na Cachoeira do Rio dos Bugres", enumera Joice. Na cidade de Urubici, há também algumas pousadas, hotéis e albergues. Para ir do Centro do município até o sítio de Joice, é preciso percorrer cerca de 11 km de estrada estreita de terra batida. "Mas vale a pena", afirma a empresária. No caminho, é possível ver constantemente o Rio dos Bugres no cenário.