Meta é viabilizar o pré-sal com petróleo a US$ 30

Queda dos preços no mercado internacional obriga a estatal brasileira a trabalhar com custos menores para ter lucro

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Localização do poço de extensão 3-BRSA-1267-RJS 3-BRSA-1267A-RJS (3-RJS-735 735A), no bloco de Libra, na Bacia de Santos
A Petrobras persegue uma redução de custos no investimento e na operação do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, a ponto de o projeto ser rentável mesmo com o barril do petróleo sendo negociado a US$ 30. O plano de negócios atual da Petrobras indica que o pré-sal é viável com o barril do petróleo cotado a, no mínimo, US$ 45. Atualmente, o barril do tipo Brent, negociado na bolsa de Londres, é comercializado a US$ 50, metade do que valia há um ano.
Com a retração do preço da commodity, projetos no mundo todo passaram a ser revistos, inclusive o pré-sal no Brasil, a grande aposta da Petrobras para sair da crise financeira. Para que a área de Libra alcance o nível de rentabilidade perseguido pela Petrobras, a equipe técnica tem como meta a redução dos valores de contratos firmados com fornecedores e o uso de tecnologia para baratear o projeto.
A petroleira brasileira já conseguiu rever os gastos na compra de equipamentos e serviços em 13% em toda a área de exploração e produção, não só no pré-sal.Em alguns casos, foi possível chegar a uma economia de 20%, segundo a diretora de Exploração e Produção (E&P), Solange Guedes.Como contrapartida, a Petrobras tem oferecido estender os prazo de contratação e pagamento e ser menos exigente com o produto final, aceitando mudanças de especificações.
Algumas negociações são mais complicadas, disse Solange, porque "os fornecedores se preparam para a estrutura de custo" firmada inicialmente, mas que já não são condizentes com a crise da indústria petroleira. O problema é que as empresas costumam usar os contratos fechados com a Petrobras como garantia de financiamento. Ao mudarem os valores, as empresas são obrigadas a dar explicações aos seus financiadores, o que nem sempre é fácil, disse Segen Stefen, do conselho de administração da petroleira.
"Toda negociação precisa ser um processo de ganha-ganha", afirmou Solange, preocupada em passar a mensagem de que a reestruturação de preços é uma preocupação para todo o setor, inclusive o de fornecedores. Enquanto os preços do petróleo se mantiverem baixos, a Petrobras continuará perseguindo a revisão dos contratos. "Esse é um processo contínuo" dentro da empresa, sem prazo para terminar, disse a diretora.
A indústria nacional está sendo receptiva ao apelo da Petrobras para a redução de custos, afirma a diretora de Exploração e Produção. Solange destacou, também, que a empresa, no primeiro semestre, conseguiu reduzir os custos no investimento no E&P em US$ 560 milhões. De 2013 até o primeiro semestre deste ano, os custos da petroleira foram reduzidos em US$ 1,77 bilhão. Já o tempo de construção de poços caíram 57% de 2010 até setembro deste ano.

Produção é de 1 milhão de barris por dia

A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, disse que o tempo de construção dos poços do pré-sal teve uma redução significativa desde 2010 e destacou a produtividade dos poços do pré-sal. A produção triplicou nos últimos 30 meses, com a eficiência operacional da companhia tendo atingido 92,4%, na média dos últimos três anos.
Solange disse que a experiência adquirida ao longo da exploração e do desenvolvimento offshore foi determinante para a empresa atingir a marca de 1 milhão de barris de óleo equivalente por dia no pré-sal, em setembro. "A Petrobras atingiu uma combinação única de custos, produtividade e eficiência. Como consequência, um portfólio muito competitivo", acrescentou.
O campo de Libra, na região do pré-sal na Bacia de Santos, teve quatro poços perfurados. "A primeira fase do desenvolvimento da produção se concentrará na área Nordeste de Libra. O primeiro teste de longa duração está previsto para o primeiro trimestre de 2017; e o projeto-piloto, para 2020", disse a gerente executiva da Petrobras para a área de Libra, Anelise Lara. Ela elogiou a atuação integrada da equipe multidisciplinar de Libra, que inclui colaboradores das cinco empresas do consórcio que atua na área, formado pela Shell, Total, CNPC, CNOOC e Petrobras.