Durante a sétima edição da Gramado Summit, personalidades das redes sociais compartilharam os desafios de transformar a presença digital em negócio

Das redes sociais para os negócios: influenciadores apostam no empreendedorismo


Durante a sétima edição da Gramado Summit, personalidades das redes sociais compartilharam os desafios de transformar a presença digital em negócio

O que por um tempo pode ter sido visto como um hobby ou até algo supérfluo, hoje é quase sinônimo de empreendedorismo. Acumulando seguidores nas redes sociais, influenciadores têm, cada vez mais, vivido o processo de transformar um CPF em CNPJ. O movimento até pode parecer simples, já que não é raro encontrar uma personalidade pública que fez da sua visibilidade uma carreira de sucesso, mas a verdade é que o processo pode ser muito mais complexo do que parece. Trabalhando com internet desde 2010, Mariana Saad é um exemplo de quem viveu esse movimento. 
O que por um tempo pode ter sido visto como um hobby ou até algo supérfluo, hoje é quase sinônimo de empreendedorismo. Acumulando seguidores nas redes sociais, influenciadores têm, cada vez mais, vivido o processo de transformar um CPF em CNPJ. O movimento até pode parecer simples, já que não é raro encontrar uma personalidade pública que fez da sua visibilidade uma carreira de sucesso, mas a verdade é que o processo pode ser muito mais complexo do que parece. Trabalhando com internet desde 2010, Mariana Saad é um exemplo de quem viveu esse movimento. 
Uma das primeiras influencers de maquiagem no Brasil, Mari ganhou espaço na internet quando começou a gravar vídeos sobre cosméticos no YouTube, além de escrever um blog. Apesar de saber que gostava do que fazia, Mari não sentia que aquilo era, de fato, uma profissão. "Queria que isso fosse minha carreira, mas pensava 'vou estudar o quê?'. Não sabia o que seria desse mercado, era um lugar de insegurança, nem existia a palavra blogueira ainda", admite a influencer.
Mesmo que já trabalhasse com maquiagem desde adolescente, o medo fez com que Mari, natural do interior de São Paulo, fosse para a capital cursar medicina. Mas seguia firme na sua paixão e aproveitou o movimento da cidade grande para entregar cartões de visita no metrô no caminho para a faculdade. "Não sabia como me definir. Blogueira? Empresária não era porque não tinha empresa, empreendedora também não, então eu não sabia como me definir", comenta.
O número de seguidores em suas redes, principalmente no YouTube, foi crescendo cada vez mais até que a influencer finalmente decidiu que estava pronta para viver disso. "Acredito que todos nós temos um feeling, meu conselho é dar poder para isso, dar vazão para essa voz interna. Trabalhar com a internet é sentir desconforto o tempo todo, insegurança, e isso faz você repensar, ir além", considera. 
Desde 2017, além de influencer, Mari também passou a se definir como empreendedora. Há sete anos, lançou uma linha de produtos para maquiagem em conjunto com a fabricante de cosméticos Océane, parceria que rompeu para lançar, ainda em 2024, sua marca própria
Para Mari, existe uma linha muito tênue entre o lado pessoal e o profissional. "Precisa ter inteligência e cautela para continuar imprimindo a sua vontade, sua verdade, mas ter sensibilidade para entender o que o público gostaria", pontua, ressaltando seu maior desejo enquanto empreendedora e influencer: "a marca precisa falar antes de mim. É para isso que eu trabalho, para existir menos Mari e mais da minha marca."
 
 

'É tudo sobre pessoas', afirma Natalia Beauty

No comando de 14 empresas, a influencer e empreendedora Natalia Beauty foi um dos nomes que marcou presença no primeiro dia de Gramado Summit. Enquanto incentivava o público a se libertar das amarras sociais, Natalia tirou o terno que estava vestindo e ficou de pijama no palco do evento. "Qual é o terno que ainda te deixa igual a todo mundo?", questionou à audiência. 
"Nós vamos vestindo camadas de padrões da sociedade e acabamos virando a manada, perdendo a autenticidade. Muitos falam, mas poucos fazem, porque exige coragem em mostrar vulnerabilidade, e é isso que fazes tu te destacar. O perfeito atrai, mas só o imperfeito conecta", afirma a empreendedora. 
Há seis anos, Natalia conta que tinha dívidas de mais de R$ 100 mil, estava desempregada, recém-divorciada e com uma filha pequena para cuidar. Em busca de um sustento, começou a trabalhar como recepcionista em uma clínica de estética. Quando a profissional de sobrancelhas que trabalhava no espaço se demitiu, ela viu uma oportunidade de crescer. "Não imaginava o império que viria depois disso", admite.
Em 2017, depois de muito estudo e noites em claro, Natalia já contava com um bom portfólio de clientes e cobrava R$ 800,00 por sobrancelha. A partir daí, dedicou-se cada vez mais ao estudo, mas, principalmente, às pessoas. "Estudei muito mesmo sobre gestão, cultura, comportamento humano. Fiquei obcecada em aprender sobre pessoas, porque, no fim do dia, é tudo sobre pessoas", reflete.
Na opinião de Natalia, estamos vivendo a era do movimento de marca, onde, mais do que nunca, a conexão é o objeto mais importante entre marca e cliente. "Desde o começo, desde quando estava no fundo do poço, já sabia que o movimento de marca era o caminho certo, que precisava pensar fora da caixa, porque história vende, narrativa vende. Você precisa saber qual a sua intenção quando se relaciona com alguém, porque confusão não gera conversão, precisamos ser diretos, intencionais", destaca.
Para a empreendedora, já não basta mais ter um serviço ou produto bom o suficiente para vender, o que importa é ter uma comunidade em que as pessoas queiram fazer parte, construir algo maior e que gere uma legião de apaixonados pela marca. "Ter um bom trabalho, uma boa técnica, não é mérito, é obrigação. As pessoas querem fazer parte de algo maior, algo que elas gostem de viver, que queiram representar", reforça.
Natalia encerrou a palestra com uma dica: incluir os colaboradores no que for possível.
"Quando produzo conteúdo com os meus colaboradores, eles engajam oito vezes mais que com influencers. O público se conecta emocionalmente, é real, tem muito mais peso", defende.
 

Faça da sua vulnerabilidade um diferencial de negócio

Influencer de maquiagem desde 2014, Mari Maria também foi precursora no YouTube brasileiro. Apaixonada por maquiagem desde criança, Mari conta que foi nas redes sociais que encontrou uma janela para dividir a sua paixão com o mundo.
A youtuber viveu muitos anos com vergonha das suas sardas no rosto, e utilizava a maquiagem como um meio de camuflagem. Ela conta que foi somente quando percebeu que a sua vulnerabilidade era justamente o seu maior diferencial, que foi capaz de verdadeiramente se conectar com o seu público, o que abriu uma nova gama de oportunidades em sua vida.
"A minha pergunta para você, empreendedor, é: você já fez algo maior que a sua vergonha? A sua vulnerabilidade é o seu maior diferencial, é como você vai se conectar com as pessoas no seu entorno. O seu negócio também precisa do seu diferencial", ressalta a influenciadora e, hoje, empresária na Mari Maria Makeup, sua marca própria de maquiagem.
O principal conselho que a influencer compartilhou com o público durante a Gramado Summit foi: não faça marketing, faça sentido. "Não se coloque em uma caixinha. Você tem o seu diferencial, tem algo que é só seu. Não deixe te colocarem numa caixinha quadrada para você conseguir ter um negócio de sucesso", reforça Mari.