As abelhas nativas desempenham papel fundamental na manutenção da biodiversidade, sobretudo por meio da polinização, serviço ecossistêmico indispensável para a regeneração dos ecossistemas, a produção de alimentos e o equilíbrio ambiental. No Rio Grande do Sul, mais de 20 espécies já foram registradas, algumas delas fortemente associadas à flora nativa e às práticas culturais de povos originários que historicamente manejam esses insetos.
Diante desse cenário e atendendo a uma demanda apresentada por escolas, foi desenvolvido o projeto "Polinize: conservando as abelhas nativas do Sul", liderado pelo Laboratório de Educação Ambiental – PPG Ecologia da URI Erechim, em parceria com a 15ª Coordenadoria Regional de Educação e o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade. A iniciativa contou com o apoio financeiro do Fundo Social da Sicredi UniEstados e com a contribuição da Oficina do Mel, da Escola Básica da URI e de familiares especialistas no tema.
O projeto integrou as ações da etapa que ocorreram após o Fórum de Meio Ambiente da Juventude do Alto Uruguai Gaúcho, que teve como tema “Construindo comunidades resilientes ao clima por meio de soluções baseadas na natureza”. As atividades iniciaram com o estudo das abelhas nativas do Sul, abordando sua biologia, comportamento, importância ecológica e ameaças, além do mapeamento da flora presente nos espaços escolares, ampliando a compreensão sobre os serviços ecossistêmicos urbanos e a relação entre vegetação nativa, polinizadores e planejamento sustentável.
Na sequência, os estudantes construíram iscas para a captura ética de enxames, utilizando materiais simples e seguindo orientações técnicas, as quais foram instaladas nas escolas e nos diversos espaços da URI. Paralelamente, acadêmicos da universidade projetaram e construíram caixas para receber as colônias, utilizando madeira de reflorestamento. O trabalho envolveu análise técnica dos modelos, definição de medidas, sistemas de ventilação, encaixes e detalhes internos. As caixas foram pintadas com cores atrativas às abelhas e decoradas com grafismos inspirados nas culturas indígenas Guarani e Kaingang, reforçando o caráter simbólico e educativo do projeto.
Com a captura dos enxames, iniciou-se a transposição das colônias para as caixas de madeira, realizada de forma cuidadosa e segura, assegurando a integridade das abelhas e sua adaptação aos novos ninhos. As caixas estão sendo instaladas em espaços escolares, constituindo meliponários educativos que passam a integrar as atividades pedagógicas das instituições.