Porto Alegre,

Publicada em 03 de Novembro de 2025 às 19:26

Xangri-Lá se consolida como destino de novos moradores

Eloisa Macarini Dall Igna é dentista e se mudou de Porto Alegre para Rainha do Mar após ficar 40 dias sem água nas enchentes

Eloisa Macarini Dall Igna é dentista e se mudou de Porto Alegre para Rainha do Mar após ficar 40 dias sem água nas enchentes

/Natália Prudêncio/Especial/Cidades
Compartilhe:
Natália Prudêncio
Natália Prudêncio Repórter
Tradicionalmente vista como cidade de veraneio, Xangri-Lá, no litoral Norte do RS, vem se consolidando como endereço permanente para gaúchos de diferentes regiões. O movimento, que se intensificou nos últimos anos, está ligado à busca por qualidade de vida, à possibilidade de trabalho remoto e aos impactos de acontecimentos recentes, como a pandemia e as enchentes de 2024, que aceleraram o processo de migração para fora das grandes cidades.
Tradicionalmente vista como cidade de veraneio, Xangri-Lá, no litoral Norte do RS, vem se consolidando como endereço permanente para gaúchos de diferentes regiões. O movimento, que se intensificou nos últimos anos, está ligado à busca por qualidade de vida, à possibilidade de trabalho remoto e aos impactos de acontecimentos recentes, como a pandemia e as enchentes de 2024, que aceleraram o processo de migração para fora das grandes cidades.
De acordo com o Censo de 2022, Xangri-Lá tem pouco mais de 16 mil habitantes. Mas o número de moradores em definitivo vem crescendo de forma contínua, refletindo diretamente na economia. A arrecadação municipal saltou 72% entre 2020 e 2024, passando de R$ 89 milhões para R$ 153,5 milhões, segundo dados da prefeitura do município. O movimento se traduz em novos empreendimentos, fortalecimento do comércio local e aumento da procura por serviços.
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
Entre os rostos que ajudaram a transformar o perfil do município está o da dentista Eloísa Maccarini Dall’Igna. No caso dela, o catalisador da mudança de cidade foi a enchente que atingiu Porto Alegre em 2024. A experiência de passar mais de 40 dias sem água potável em sua casa, no bairro Moinhos de Vento, foi decisiva para repensar o futuro. Natural de Casca e radicada há décadas na capital, ela escolheu transformar Xangri-Lá, no litoral Norte do RS, em seu novo lar.
“No ano passado, depois de ter vivido a enchente em Porto Alegre, fiquei mais de quarenta dias sem poder ter água. Isso somado ao meu trabalho, na área de gerontologia, me levou a iniciar atendimentos aqui, já que muitos pacientes vieram para suas casas de veraneio”, explica.
A mudança começou em maio de 2024, quando Eloísa passou a dividir a rotina entre a Capital e o bairro Rainha do Mar, em Xangri-Lá, local que frequenta desde a infância. Poucos meses depois, em julho, estruturou um consultório odontológico adaptado para atender a comunidade local. “Eu já era veranista aqui, mas decidi ficar. Encontrei receptividade, apoio e estrutura. A cidade hoje oferece comércio, saúde e qualidade de vida comparáveis a Porto Alegre”, afirma.
A profissional segue conciliando parte da agenda na Capital, principalmente para acompanhar o filho, mas já está consolidando a vida no litoral. “Foram ajustes necessários, mas a escolha foi definitiva. Aqui posso trabalhar, estar próxima da natureza e participar de uma comunidade acolhedora. Vejo que Xangri-Lá é um município em expansão, com muito a oferecer a quem decide morar de forma permanente”, diz.
A história de Eloísa ilustra um movimento crescente: cada vez mais gaúchos deixam grandes centros em busca de um cotidiano mais leve à beira-mar. Para ela, o futuro está claro: “Quero viver aqui em definitivo e contribuir para o crescimento de Xangri-Lá”. 
O exemplo da dentista reflete uma mudança mais ampla. O município, antes associado quase exclusivamente ao turismo de temporada, se tornou opção de residência para famílias que buscam tranquilidade sem abrir mão de serviços, comércio e conectividade com a Região Metropolitana.
Histórias como a dela se multiplicam e ajudam a explicar por que o litoral norte gaúcho vive um novo momento. De destino de férias a moradia permanente, Xangri-Lá projeta-se como polo de crescimento, onde qualidade de vida, oportunidades de negócios e comunidade receptiva atraem cada vez mais moradores.

Mudança para o litoral gaúcho é permeada por histórias pessoais

Rose Padilha Carvalho é natural de Uruguaiana e se mudou para a cidade em 2022

Rose Padilha Carvalho é natural de Uruguaiana e se mudou para a cidade em 2022

/Natália Prudêncio/Especial/Cidades
Após enfrentar perdas pessoais e mudanças marcantes, a empresária Rose Padilha Carvalho, natural de Uruguaiana, decidiu recomeçar a vida no litoral. "Em 2020 perdi meu pai, em 2021 perdi minha mãe e também me divorciei. Eu precisava recomeçar, e já conhecia Xangri-Lá e redondezas. Quando vim para cá, foi paixão à primeira vista, como moradora e não mais como veranista", conta.
Rose já está há três anos no município e não pensa em voltar. Para ela, o mar, a tranquilidade e o acolhimento foram determinantes. "A praia me encanta pela paz, pela tranquilidade que aqui ela oferece. O desafio foi começar do zero: amizades, rotina, morar aqui no inverno. Mas a recepção foi muito boa, reencontrei pessoas queridas e fiz novas amizades", afirma.
Hoje, Rose trabalha junto à filha, que possui uma marca de biquínis com atuação nacional. Ela cuida do e-commerce e do suporte do negócio, o que reforça a tendência de integração entre turismo, comércio eletrônico e novos empreendimentos locais.
Além da rotina de trabalho, Rose percebe as transformações pelas quais a cidade vem passando. "Xangri-Lá já está adquirindo vida própria. Ainda há bastante a ser feito, mas a estrutura já mostra amplitude, não só no verão, mas o ano todo. A cidade está se desenvolvendo e precisa olhar cada vez mais para os moradores fixos", avalia.

Notícias relacionadas